E lá vamos nós para o 4º dia de festival. É uma loucura, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e você precisa de tempo para comer, dormir, escrever. Assim, você começa a se obrigar a fazer escolhas de Sofia: “vou ao debate X ou vou ver o filme convidado Y?”; “Fico no tapete vermelho catando celebridade ou entro na sala para garantir um bom lugar?”. Apesar disso, Gramado está sensacional: o clima é interessante, muitas pessoas que respiram cinema e, claro, assistir aos filmes com parte da produção apresentando as suas realizações, não tem preço.
Bem, chega de enrolação e vamos às minhas impressões.
O cronograma previa um longo dia, teríamos dois longas convidados e dois em competição e mais dois curtas, a começar pelo belíssimo documentário Epidemia de Cores. A fita traz uma série de entrevistas com moradores, frequentadores e trabalhadores do Hospital Psiquiátrico São Pedro. E é de uma sensibilidade enorme, tanto pela forma como apresenta as pessoas envolvidas, como inicia os trabalhos de uma discussão sobre a luta anti-manicomial.
Logo após essa deslumbrante sessão, seriamos agraciados com o longa “Mammal” que chega em Gramado por meio de uma parceira com o Sundance Channel. Além disso, nada mais nada menos do que Rachel Griffiths (de Six Feet Under, Brothers and Sisters) veio para cidade somente para apresentar seu novo trabalho e para debatê-lo com o público logo após a sessão. Mas, vamos voltar a “Mammal” e a porrada que ele dá no espectador. Não é uma história fácil. Mesmo que seja sobre um tema recorrente: superar escolhas e decisões do passado, a diretor Rebecca Daly eleva a discussão para um outro nível, uma vez que ela não tenta eufemizar os acontecimentos. Rachel Griffiths dá um show de atuação. É uma pena que a película provavelmente, não chegue aos cinemas aqui no brasil, indo direto para o home video.
Logo após a exibição, conforme programado, a atriz de Six Feet Under conversou com o público durante trinta minutos, falando sobre projetos anteriores, sobre o que estava achando da sua primeira vinda ao Brasil e, evidentemente, sobre o incrível “Mammal”.
Finalizado o debate, já era hora de iniciar a exibição dos filmes das mostras competitivas, teríamos dois curtas brasileiros e dois longas estrangeiros. Entretanto, devido a um problema técnico, a sessão de “Las toninas van al este” não iria ocorrer. Portanto, a noite iniciou com o impactante, mas previsível curta “Ingrid”, seguido pela sensível animação “Ex-Mágico”.
Passados os curtas, era hora do longa da competição estrangeira, Espejuelos Escuros longa dirigido por Jessica Rodríguez a quarta diretora mulher em Cuba. O enredo remete ao famoso livro As Mil e Uma Noites com uma atualização ao cenário Cubano. O filme acerta no tom, mas se perde na falta de conexão entre as histórias que são contadas.
E por fim, ante ao problema técnico que impediu a exibição do outro longa da competição, a produção do festival decidiu reprisar o excelente “Mammal”.
Assim, termina mais um interessante dia do festival. Continue ligado no nosso site para saber sobre os próximos dias.
Foto de capa: Cleiton Thiele/Pressphoto