Conquistar, Amar e Viver Intensamente (Plaire, Aimer et Courir Vite, 2018); Direção: Christophe Honoré; Roteiro: Christophe Honoré; Elenco: Vincent Lacoste, Pierre Deladonchamps, Denis Podalydès; Duração: 132 minutos; Gênero: Drama; Produção: Philippe Martin, Olivier Père, David Thion, Emmanuel Tenenbaum; País: França; Distribuição: Imovision; Estreia no Brasil: 20 de Dezembro de 2018;
Christophe Honoré é um dos diretores que se aventurou ao cinema de gênero, desde os anos 2000. Mais precisamente, ao melodrama, gênero cinematográfico imortalizado e popularizado pelo cineasta alemão Douglas Sirk. Em “Conquistar, Amar e Viver Intensamente“, o cineasta francês reverencia o melodrama, ao mesmo tempo que acrescenta alma genuína do seu próprio cinema, gerando uma obra pessoal sobre afeto e doçura em tempos de indiferença e frieza. Quase uma resposta política, pessoal do diretor.
O longa se passa nos anos 90, em pleno surto da AIDS. Jacques (Pierre Deladonchamps) é um escritor quarentão portador da doença e ciente do iminente destino, tentando viver intensamente sua vida até isso. Em dado momento, ele conhece um jovem estudante (Vincent Lacoste) numa sessão de cinema, iniciando assim um romance. Algo a princípio passageiro, porém, começa a ganhar nuances de amor, vezes platônico, vezes passional, uma relação pouco usual. Diante disso, ambos precisam lidar com as próprias limitações, sobretudo com as transformações que a vida impõe, principalmente o medo que cada um tem, seja da morte ou simplesmente do pertencimento.
A forma como Honoré conduz o enredo é tremendamente natural. Ele torna tudo crível, de uma química bastante encantadora. Não há nenhum espanto pela condição de Jacques, nem pelo fato dos seus personagens terem inúmeras relações ao longo do filme. Não há moralismo. De fato, o título do filme é bastante pertinente: Os personagens querem conquistar não meramente pessoas, querem conquistas momentos de felicidade, plenitude. Querem amar e serem amados. E, acima de tudo, viver intensamente. Tudo isso parece ser simples, porém a modernidade torna tudo tão complicado, justamente algo que o diretor condena.
A química entre Deladonchamps e Lacoste é absurda, de encher a tela. Um grande caso de sintonia de atores na tela, captado por um diretor que consegue extrair ao máximo disso. Grande direção de atores. Honoré consegue agregar ao máximo o melodrama, aproveitando ao máximo do gênero, não soando exagerado, como por exemplo um diretor como o espanhol Almodóvar (“Julieta“) soaria. É extremamente sóbrio e crível. Principalmente, é bastante humano.
Diante do medo, das incertezas, da tristeza e da doença, a resposta do diretor é só uma: amor. Nada mais basta.