O Primeiro Homem (First Man, 2018); Direção: Damien Chazelle; Roteiro: Josh Singer; Elenco: Ryan Gosling, Claire Foy, Jason Clarke, Kyle Chandler, Patrick Fugit, Corey Stoll, Olivia Hamilton, Shea Whigham; Duração: 141 minutos (2h21min); Gênero: Drama; Produção: Wyck Godfrey, Marty Bowen, Isaac Klausner, Damien Chazelle; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 18 de Outubro de 2018;
Confira a crítica em vídeo de uma de nossas colaboradoras Tatiana Trindade e assine o canal no Youtube!
Há dois anos atrás Damien Chazelle se tornava o mais jovem diretor a vencer a respectiva categoria no Oscar, com “La La Land – Cantando Estações”. Não surpreende, portanto, que seu projeto seguinte fosse de uma ambição que contemplasse o feito conquistado tão precocemente em sua carreira. Nada mais propício, então, que trazer às telas a trajetória do projeto que culminou na primeira viagem do homem à Lua. Um feito ambicioso para um cineasta igualmente ambicioso, e que requer deste último o seu melhor em aspectos técnicos, um desafio dos mais complexos para a carreira de qualquer um.
Chazelle se dispõe a encarar o desafio e parece se inspirar nos mais diversos nomes, mas empresta muito do que Christopher Nolan realizou em seus dois últimos filmes, “Interestelar” e “Dunkirk”, assim como busca referências lá atrás, mais especificamente em 1983, com “Os Eleitos: Onde o Futuro Começa” (“The Right Sutff”), que fala do projeto da NASA que precedeu os eventos que acompanhamos no filme de Chazelle. É bastante recomendável assistir a este filme antes de “O Primeiro Homem”, pois é uma maneira ainda melhor de compreender o pioneirismo e o heroísmo dessas figuras que colocaram suas vidas em risco em prol de descobertas e avanços tecnológicos que foram pontos de virada na história da humanidade.
E o foco é justamente o elemento humano da equação, porque, por mais que Chazelle vá exercer seu talento nas conquistas técnicas que “O Primeiro Homem” alcança, é o olhar que lança sobre a vivência pessoal de Neil Armstrong, aqui interpretado por Ryan Gosling, que tenta se diferenciar. Tanto que há algo que permeia todo o filme e dá o tom da carga dramática, que só se torna mais pesado conforme o desenvolvimento do mesmo. Mas há aí também algo que deixa um tanto desejar e que, possivelmente, é o que faz o resultado ser menos do que deseja.
Por mais que Claire Foy (“The Crown”) esteja bem no filme, interpretando a esposa de Armstrong, falta à sua personagem mais força durante o filme para que se faça o contraponto desejado. Até porque o roteiro de Josh Singer (“Spotlight – Segredos Revelados”) tem a intenção de fazer esse elemento emocional ser o mais catártico em todo o filme, no entanto essas relações pessoais são tão superficiais que acabam por não terem a funcionalidade que deviam, o que só fica mais evidente quando Damien Chazelle deposita aqui uma confiança quase cega, e acaba por ser traído por este excesso.
Ainda assim o emocional funciona, de uma maneira na trama que permeia quase todo o filme, em outra pelo feito que o protagonista realiza. Essa obsessão é algo que Damien Chazelle compreende muito bem, então de certa maneira o que vemos em tela é basicamente uma extensão do quanto esse cineasta se cobra. A consequência é notável, tendo destaque especialmente a colaboração com Linus Sandgren como Diretor de Fotografia -que venceu o Oscar por esta categoria pelo filme anterior de Chazelle. Cada etapa do projeto é filmado em um formato diferente, e a dupla tira total proveito do que essa opção oferece.
Mas é na sequência final, nos últimos 10 ou 15 minutos de “O Primeiro Homem” que vemos em ação o cineasta que fez história 2 anos atrás. É aqui o ápice de tudo que uma carreira construiu, e que justifica todo seu alarde. É de tirar o fôlego ao apresentar um ato que culmina não só no grande salto dado pela humanidade, mas no cinema em sua mais pura essência. O que Chazelle realiza com esta viagem é algo inspirador, que transcende a tela e incendeia ao espectador. Nos faz lembrar do porque o homem se arriscou tanto por essa busca, que o fez não temer desbravar o desconhecido. É o uso da ferramenta cinema como uma forma, também, de nos lembrar que nos tempos sombrios que pairam sobre o mundo não podemos deixar de lutar pelo conhecimento, por mais difícil que seja a aceitação de nosso progresso.
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