Começa nesta quarta-feira (06), o 7º Olhar de Cinema, Festival Internacional de Curitiba.
Durante nove dias, a programação, que combina cinema contemporâneo com filmes clássicos e retrospectivas, e coloca lado a lado cineastas estreantes e veteranos, apresentará 156 filmes de 46 países.
Além trazer à cidade vários convidados para discutir e vivenciar o cinema.
Confira abaixo algumas recomendações para serem vistas durante os dias de festival na capital paranaense:
- Djon Africa (2018)
Co-produção entre Brasil, Portugal e Cabo Verde.
Miguel Moreira, também conhecido como Djon África, descobre que a genética pode ser cruel quando sua fisionomia – bem como alguns de seus fortes traços de personalidade – o denunciam imediatamente como o filho de seu pai; Alguém que ele nunca conheceu.
Esta descoberta intrigante leva-o a tentar descobrir quem é este homem.
Tudo o que ele sabe sobre ele é o que sua avó, com quem ele sempre viveu, lhe contou.
Foi exibido em diversos festivais internacionais, dentre eles o de Rotterdam e abre aqui o 7º Olhar de Cinema.
- A Noite dos Mortos Vivos (1968)
No ano que o clássico de terror de George Romero completa 50 anos, o Olhar de Cinema exibe duas sessões especiais do filme.
Para aumentar a imersão, as exibições serão noturnas.
A estória foca na luta pela sobrevivência de Ben e Barbara quando os mortos levantam de seus túmulos para se alimentarem dos vivos.
Eles encontram refúgio em uma fazenda, mas terão de fugir antes que os zumbis os alcancem.
- Fabiana (2018)
O documentário acompanha a última viagem de Fabiana, mulher trans e motorista de caminhão, às vésperas de se aposentar.
A complexidade da personagem é potencializada por uma aposta no encontro filmado, fruto da persistente e afetuosa proximidade estabelecida pela protagonista com a realizadora (e, consequentemente, a câmera).
Ainda que grande parte do filme transcorra na boleia de um caminhão, é forte o sentimento de liberdade que deriva das estórias ali narradas, e, principalmente, da potência da imagem de Fabiana, a recusar estereótipos e responder com inspiradora leveza aos desafios que a vida lhe reservou.
Grande aposta pra Mostra Competitiva.
- Um Abraço, na Sonoridade (2018)
Ao colocar em cotejo direto corpos e vozes de mulheres contemporâneas com o conteúdo de cartas enviadas nos anos 70 à revista feminista americana Ms, o filme permite que o presente e o passado estabeleçam uma riquíssima e complexa relação – por vezes reiterativa, em outras desconcertante, muitas vezes conflituosa.
Esse movimento cria uma reflexão sobre a história, mas também sobre o futuro do feminismo.
O slogan “o pessoal é político” ganha novo sentido, e um dispositivo que poderia parecer paralisante se revela constantemente renovado pelos corpos e paisagens ao seu redor.
Exibido originalmente no Festival de Berlim.
- O Túmulo dos Vagalumes (1988)
Os filmes do recém falecido mestre Isao Takahata (1935-2018) – em sua maioria realizados pelo Studio Ghibli, do qual foi co-fundador – narram gentis, tristes histórias sobre jovens aprendendendo como encarar as realidades do mundo.
Seu filme mais famoso é também o que possui traços mais realistas, “O Túmulo dos Vagalumes”, que conta a história de um casal de irmãos órfãos no Japão que são suporte um ao outro para sobreviver ao fim da Segunda Guerra Mundial.
- A Pirâmide Humana (1961)
Um dos homenageados da mostra retrospectiva, o cineasta Jean Rouch no seu filme cria um instigante experimento (com ares de psicodrama) de análise das relações inter-raciais em uma turma de estudantes brancos e negros, franceses e nativos da Lycée Français em Abidjan, capital da Costa do Marfim.
Rouch interpreta a si mesmo, assumindo-se enquanto operador distanciado que reflete sobre as vivências do grupo encenadas com real intensidade.
O racismo é tematizado sem rodeios, com a franca tenacidade juvenil a permear os diálogos em voz overrecheados de referências literárias.
O filme chega a ensaiar uma esperança de amizade genuína que se concretiza momentaneamente na experiência do cinema.
- A Casa Lobo (2018)
Esta animação assombrosa em stop-motion “A Casa Lobo” acompanha as façanhas da amável Maria (dublada por Amalia Kassai), uma jovem alemã que foge de sua colônia rural no Chile para uma casa onde lobos e patriarcas não possam encontrá-la.
Uma vez lá, ela encontra dois porcos assustados a quem batiza “Ana” e “Pedro”, e decide ensinar comportamentos civilizados.
Seus esforços para alterar hábitos naturais à sua própria semelhança levam a resultados perturbadoramente familiares.
Exibido primeiramente no Festival de Berlim, onde foi ganhou o prêmio Caligari.
- A Floricultura (2017)
Nos fundos de uma floricultura, três jovens cavam um túnel a fim de assaltar o cofre de um banco.
No entanto, um imprevisto logo os força a parar com o trabalho, deslocando o foco da narrativa para a relação entre esses homens ali confinados.
Ao invés do roubo em si, é a espera que se torna o cerne deste longa de estreia do belga Ruben Desiere.
Uma espera evidente na escassez dos objetos de cena, nos gestos mínimos dos personagens, e naquilo que permanece latente em seus silêncios e olhares
- Expo Lio ‘ 92 (2017)
Este “vídeo-guerrilha” criado pela artista multimídia espanhola Maria Cañas constrói uma colagem audiovisual tomando como mote o ambicioso pavilhão da Exposición Universal de Sevilha, realizada em 1992.
A metodologia anarquicamente antropofágica, aliada ao alto teor irônico, permite associar materiais radicalmente heterogêneos e anacrônicos com o intuito de analisar os produtos culturais da chamada “globalização”.
O resultado é um filme à margem das formas cinematográficas usuais, sempre no limiar da crítica e do fascínio em relação aos materiais que mobiliza.
- Os Encontros de Anna (1978)
A realizadora belga Chantal Akerman (1950-2015), uma das mais influentes do cinema moderno, mantém como constante em sua filmografia o desafio questionador de quem opera na vanguarda.
Em “Os Encontros de Anna”, ela faz convergir gestos e problemáticas fundamentais à toda sua proposta artística minimalista: o protagonismo feminino de traços autobiográficos, o formalismo inclinado a experimentações com corpos e espaços, os tropos de repetição, exílio e desenraizamento.
Testemunhamos Anna (Aurore Clément), uma cineasta viajando por cidades europeias, em breves encontros marcados por um profundo signo de estranhamento, e pela distância que separa a personagem de si mesma e do mundo que a rodeia.