Transformers: O Último Cavaleiro (Transformers: The Last Knight, 2017); Direção: Michael Bay; Roteiro: Art Marcum & Matt Holloway & Ken Nolan; Elenco: Mark Wahlberg, Anthony Hopkins, Josh Duhamel, Laura Haddock, Isabela Moner; Duração: 149 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Ficção Científica; Produção: Don Murphy, Tom DeSanto, Lorenzo di Bonaventura, Ian Bryce; Distribuição: Paramount Pictures; País de Origem: Estados Unidos; Estreia no Brasil: 20 de Julho de 2017
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Antes mesmo de Transformers: A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction), lançado três anos atrás, já se sinalizava que eram necessárias mudanças na maior franquia da Paramount Pictures. Me lembro, inclusive, de uma pesquisa popular feita pela empresa em redes sociais digitais, que questionava sobre o que se gostaria de ver na franquia. Sugestões, muitas delas, parecem ter sido acatadas neste quinto filme, que surgiu no horizonte como o ápice da mudança. Aos poucos, no entanto, tudo retorna ao lugar comum, desde a pré-produção, da divulgação até os primeiros minutos de Transformers: O Último Cavaleiro (Transformers: The Last Knight), que confirma a estagnação. Se havia receio em relação a alterações de bilheteria, gerando medo em modificar qualquer mínimo elemento, os resultados são pífios, vide a dificuldade que se encontrou em repetir o sucesso das produções anteriores. Se já não era do gosto da crítica, não é agora que será diferente. Porém, prestes a finalmente adentrar no processo final de mudanças, com uma possível saída definitiva de Michael Bay -o derivado do próximo ano tem outro diretor-, há de se assimilar o quanto a sensação de espetáculo que o diretor tenta imprimir sempre foi uma, sem exceções, estabelecida em cima de falsos preceitos.
Desde sempre se fala nessa escala épica dos filmes de Michael Bay. Dada as circunstâncias, especialmente em relação ao tamanho dos robôs, a sensação é de tentar deslumbrar a cada quadro. É incrível, portanto, que um vídeo lançado há três anos (assista aqui, sem legendas) se faça valer tanto sobre Transformers: O Último Cavaleiro. Na realidade, esta nova empreitada do diretor parece estar até mesmo ciente do vídeo citado. Pior: é neste quinto filme da franquia, com suas ambições megalomaníacas, que os vícios do diretor parecem surgir numa sincronia colaborativa e se fazendo ainda mais notáveis, embebido em orgulho próprio e, talvez, ingenuidade de alguém que não possuí a mínima noção do que está por fazer. Nunca na franquia pareceram soar tão vazias as batalhas, nunca a grandiosidade foi tão insustentável como é aqui. O cúmulo do desastre, se resistirmos, podemos encontrar na tentativa de uma metalinguagem vergonhosa, onde Michael Bay parece zombar de sua própria geração de espetáculo, onde o épico é apenas manipulativo, uma falsa sensação que é mais efêmera que o próprio momento. Chega a ser trágica a investida, que mira na descontração, mas só revela quanto, e como, o mesmo está perdido e cegado por suas convicções.
Se no visual são abundantes as diretrizes que permeiam a mente de Michael Bay, na história do filme se encontram refletidas narrativamente num patriotismo heroico e naquilo que constantemente movimenta os personagens. Chega a ser assustador a visão que se tem de uma garota de 14 anos de idade, numa roupagem de idealismo que se vê representada, também, na constante pressão que sofre a personagem de Laura Haddock (Guardiões da Galáxia Vol. 2). Não passa, obviamente, do estereótipo feminino que se encontra nos filmes do diretor, ainda que se queira fazer parecer diferente. O mesmo vale para o personagem de Mark Wahlberg (Horizonte Profundo: Desastre no Golfo). A união das duas figuras, postulantes como padrões de um ideal, atinge extremos que são de níveis constrangedores. É difícil imaginar que mesmo atores ou um diretor no set de filmagem consigam, respectivamente, proferir e aprovar coisas como as vistas aqui sem cair na risada; assistir sem o fazer é uma missão impossível. Michael Bay, porém, é a exceção, uma chacota de si mesmo em certo ponto, não devendo se atentar a isso. É tudo que se espera de uma produção rotulada por tal nome, mas em Transformers: O Último Cavaleiro se excede, talvez como oportunidade de se criar um canto do cisne, um capítulo final para uma franquia que abraça o desgaste com graciosidade.
Se em relação aos humanos falta o que os torna relacionáveis, quem dirá então dos robôs digitais que tomam conta da tela. Entre um ou outro efeito visual de qualidade indiscutível, àquilo ao que dão vida é puro ornamento, que se vê apelativo quando não encontra forças para usar na resolução da história. Numa narrativa que tenta transcender a história da humanidade, tentando gerar um escopo ainda mais épico, tudo que resta são momentos de pura pieguice, no qual a falta do mínimo desenvolvimento necessário, ou até mesmo de carisma, se fazem pesar. Os embates, que teimam em ser uma sucessão de confusas explosões, não empolgam, pois não trazem nada consigo, nada significam os atos de heroísmo, a não ser como uma propaganda, fajuta, de falsas virtudes, apresentadas com a tamanha ingenuidade de quem crê nas mesmas. Transformers: O Último Cavaleiro atesta o que sempre se soube sobre a franquia, sem exceções e deixando plenitude de certeza. Pior não são as incoerências que se fizeram tão pesadas ao longo dos anos, e sim os próprios filmes e a megalomania de Bay, que os estende a durações que extrapolam o bom senso. É quase como um teste: Transformers não se assiste, sobrevive.
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