Rampage: Destruição Total (Rampage, 2018); Direção: Brad Peyton; Roteiro: Ryan Engle e Carlton Cuse & Ryan J. Condal e Adam Sztykiel; Elenco: Dwayne Johnson, Naomie Harris, Malin Åkerman, Jeffrey Dean Morgan, Joe Manganiello, Jake Lacy, Marley Shelton; Duração: 107 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Ficção Científica; Produção: Brad Peyton, Beau Flynn, John Rickard, Hiram Garcia; País: Estados Unidos; Distribuição: Warner Bros. Pictures; Estreia no Brasil: 12 de Abril de 2018;
Me lembro bastante bem de Terremoto: A Falha de San Andreas (San Andreas), principalmente pelo fato de que, inusitadamente, o filme se tornou, tanto no mercado doméstico como internacional, a maior bilheteria da Warner entre seus lançamentos do ano de 2015.
Um feito conquistado sem sequer mesmo ter chegado ao meio bilhão mundiamente e deixando para trás, inclusive, o aclamado Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road), vencedor de 6 categorias no Oscar.
Porém, também me lembro do filme porque a parceria Brad Peyton e Dwayne Johnson foi uma das mais divertidas daquele ano, e quem sabe dos últimos, mesmo que não estando isenta de falhas.
A parceria -inciada em 2012 com Viagem 2: A Ilha Misteriosa (Journey 2: The Mysterious Island)- agora se vê repetida uma terceira vez e, muito consideravelmente, em sua melhor forma.
Não difere tanto nas suas características como o filme anterior dos dois, mas Rampage: Destruição Total (Rampage) parece ainda mais ciente de suas próprias limitações e, por isso mesmo, as domina com rara maestria.
Talvez seja por acidente, mas Brad Peyton faz um filme por vezes tão afetado que seu mergulho em estereótipos é um completo deleite, que age dentro de uma funcionalidade que tornam o que temos aqui numa experiência singular que certamente merece ser vista nos cinemas.
Se não ficar clara a proposta já em seu prólogo, onde há uma situação que, em certo momento, há de beirar o ridículo, então posteriormente, mas não tanto tempo depois, ficará ainda mais óbvio.
A princípio talvez seja ofuscado pelos vilões, do início ao fim caricatos, mas a maneira como destoam do restante só serve de outro indicativo para chegarmos até lá.
Mas é na expedição comandada pelo personagem de Joe Manganiello, desde sua introdução até o fim dessa sequência, que Rampage diz mesmo a que veio.
Não só pela questão das sequências de ação, mas em como estrutura toda sua construção, de personagens, a situações, aos acontecimentos.
E é aqui que parece haver uma confusão, mas dada a maneira como tudo se desenrola, só é possível acreditar que há uma noção plena do estereótipo ali explorado, praticamente, portanto, satirizado.
Há uma aura tão lúdica que permeia ao filme, entretanto, que acaba por fazer com que tudo ali se torne, por incrível que pareça, de uma credibilidade indubitável. Até as exposições de roteiro se tornam uma peça consciente.
O resultado é uma narrativa que culmina num sentido fluído, que nos permite embarcar num mergulho que compensa porque não pede que levemos algo ali a sério, ao menos as partes que importam.
Porque é incrível como Rampage consegue estabelecer uma estrutura emocional bastante simples e funcional. Uma pontualidade muito ligada ao nome de Carlton Cuse (Bates Motel) no roteiro, que comumente denota essas relações catárticas em suas narrativas.
São assim porque estão ali mesmo que em sutilezas. Podem parecer jogadas, mas dizem respeito a uma ordem de acontecimentos que se interconectam por todo o filme.
O ato de salvar uma vida se torna algo de grande magnitude por diversos momentos no filme, e há nisso uma troca que vai além e, por incrível que pareça, diz muito a respeito do personagem de Dwayne Johnson.
Contudo, nada que vá lhe render um Oscar, muito menos ao filme ou qualquer um em seu elenco. É um elemento que torna a obra em algo bastante relacionável.
Ainda assim, não podemos dizer que as atuações são de todo o ruim, porque fazem exatamente aquilo ao que filme se propõe. Os vilões de Jake Lacy e Malin Akerman inclusos.
Aliás, Malin Akerman é uma nota a parte no filme, que apresenta todo um ápice caricatural em sua interpretação, da cabeça aos pés, do início ao fim, com uma ajuda da narrativa para um desfecho moralista pra lá de hilário.
Hilárias assim como as analogias que cerceiam o personagem de Dwayne Johnson e as relações do mesmo com humanos e animais que, por vezes, podem ser facilmente confundidos.
É uma faceta bastante apelativa ao carisma do protagonista, que consegue demonstrar uma química com todos os demais nomes no elenco, principalmente Naomie Harris e Jeffrey Dean Morgan.
Todavia, é sua interação com o gorila albino George o grande trunfo do filme. Num timing cômico apuradíssimo e numa amizade encantadora e divertida entre homem e criatura digital.
Denotando assim, também, a qualidade dos efeitos visuais no filme. Algo muito bem-vindo e que propicia aquilo que se espera do filme.
Rampage: Destruição Total consegue se livrar de qualquer compromisso de seriedade, mostrando-se um blockbuster que entretém ao se fazer ciente de suas próprias caricaturas.
Por fim, acaba rendendo risadas prazerosas e ótimos embates entre os monstrengos gigantes e um diminuto Dwayne Johnson.
Quem sabe dá próxima vez o ator estará, literalmente, à altura deles, de qualquer maneira, aguardarei ansioso pela merecida sequência.
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