Desde o processo de pré-produção de A Torre Negra, já haviam os indícios que a adaptação não corria bem, sobretudo pela dificuldade do estúdio em contar a série de estórias de um universo tão vasto quanto o de Stephen King. Eu não sou muito conhecedor da literatura de King, contudo, a quantidade de problemas no estado de pré-produção deveria ter servido de alerta aos erros que a adaptação deveria tentar desviar. Entretanto, desde os minutos iniciais, é perceptível as escolhas cômodas escolhidas pelo roteiro, desperdiçando o real potencial de um material original bastante criativo e ousado – não é tão aclamado por acaso – para acabar rendendo um filme extremamente esquecível e batido, daquele tipo de blockbuster totalmente estéril de qualquer sentimento ou empatia.
Um universo que rendeu oito livros se transformou num protótipo de longa-metragem, com partes de todos os livros, porém sem direcionamento e nem desenvolvimento de nada. É um imbróglio de tanto potencial para gestar um plot similar a qualquer outro blockbuster genérico: Eis aqui, um menino (Tom Taylor), após perder o pai, começa a ter várias visões e sonhos estranhos com um outro mundo, sendo taxado de louco por seu padrasto e sua relutante mãe (Katheryn Winnick). Não demora muito para ser relevado a veracidade dos sonhos da criança, sendo este transportado para Mid-World, um mundo devastado por conflitos mágicos decorrente do anseio do feiticeiro Homem de Preto (Matthew McConaughey) em derrubar a tal torre negra do título, sendo impedido pelo último pistoleiro remanescente (Idris Elba). Contudo, a chegada de Tom na terra dá chance para o vilão usá-lo nesse anseio em destruir o edifício e conquistar por consequência todos os mundos.
Só a descrição do enredo já gera tamanha preguiça. Ao meu ver, o maior mérito, de longe, dessa adaptação é sua singela duração. Ainda assim, é uma tristeza ver atores tão esforçados como Idris Elba (Guerrilla) e Matthew McConaughey (Um Estado de Liberdade) terem que pronunciar falas tão pobres e de pouca inspiração, os dois inclusive se esforçam ao máximo para gerar o mínimo de empatia com o público, só que é tudo tão forçado que o único sentimento forte capaz do filme gerar é o de preguiça. Chega a ser gritante ainda a mediocridade do roteiro, sobretudo na relação entre o menino Tom e sua família – É sério que uma mãe é tão manipulada por um homem assim?!
A ação é batida, os efeitos mais do mesmo, o protagonista tem o carisma de uma porta… Enfim, são tantos equívocos que é bizarro pensar que se trata de uma adaptação de uma saga tão célebre do Stephen King, entretanto culpar o material original é completamente injusto, visto se tratar de uma série de livros que desenvolveu por anos aquele universo, reduzi-lo em um filme soou ofensivo. Se havia a ideia de uma franquia cinematográfica, ela deve cair por terra, decorrente do péssimo desempenho do longa, além da narrativa se encerrar de forma bastante redonda, não deixando muito pano para qualquer continuação –amém.
Com uma direção preguiçosa de Nicolaj Arcel, A Torre Negra é um conjunto de boas ideias, bons nomes e grande potencial que se resume a uma produção totalmente esquecível. Pode até servir de entretenimento, porém é mais barato e divertido se deparar com alguma das opções dadas pela Netflix ou até mesmo esperar os próximos episódios de Game of Thrones… Sem dúvidas é um melhor aproveitamento de tempo.
TRAILER LEGENDADO
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