Título Original: Guardians of the Galaxy
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn e Nicole Perlman
Elenco: Chris Pratt, Zoe Saldana, Bradley Cooper, Vin Diesel, Dave Bautista, Lee Pace, Glenn Close, John C. Reilly, Djimon Hounson, Benecio Del Toro, Karen Gillan
Produção: Kevin Feige
Estreia Mundial: 01 de Agosto de 2014
Estreia no Brasil: 31 de Julho de 2014
Gênero: Ação/Aventura/Ficção Científica
Duracão: 121 minutos
Classificação Indicativa: 12 Anos

Com Capitão América: Soldado Invernal, a Marvel alcançou um objetivo que permeava seus filmes desde as primeiras produções, uma adaptação de super-herói que mantivesse na medida a identidade lúdica do seu material de origem, mas que ao mesmo tempo pudesse ser levado a sério em termos cinematográficos. E não a toa que a segunda aventura do Capitão Steve Rogers no cinema resultou no seu trabalho mais atual e sombrio, um thriller de espionagem cheio de inimigos opacos e alegorias sobre o presente, em suas devidas proporções, tal qual como os aclamados Batmans do Nolan. E é curioso que a chegada do primeiro filme dos Guardiões da Galáxia, considerado um grupo de heróis de segundo escalão do estúdio, vá contra qualquer expectativa que tenha se criado desde que esse nicho de cinema se firmou na última década até atingir seu ápice com o último filme do Primeiro Vingador. Num trabalho que, acima de qualquer coisa, afirma sem vergonha alguma a máxima que está aqui, ao longo de pouco mais de duas horas, exclusiva e unicamente para a diversão.

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A trama do filme no geral é um pouco absurda e até meio confusa, e se eu fosse apontar um grande problema em Guardiões da Galáxia, seria sem dúvida o roteiro. O modo pouco eficiente e até um tanto expositivo como as coisas se desenrolam em algumas partes do filme, visto o variado numero de personagens e conflitos que aparecem e acontecem ao mesmo tempo, torna o resultado um pouco maçante, mas não lhe diminuem o charme. Começa no final dos anos 80 na Terra, quando o ainda criança Peter Quill perde a mãe, e ao fugir, acaba sendo abduzido por uma nave de piratas espaciais, que a princípio tinham uma missão ligada as origens do personagem, mas acabam criando o garoto. Passam-se 24 anos e Quill (interpretado com graça e ternura por Chris Pratt), agora conhecido (só por ele mesmo, numa das melhores piadas do filme) como Star Lord, um ladrão cafajeste e cheio de lábia que rouba um artefato conhecido como Orbe, que abriga uma das Joias do Universo, e abre uma temporada de caça ao rapaz.

Paralelo a isso, somos apresentados ao vilão Ronan (o ótimo Lee Pace, subaproveitado em quilos de maquiagem e um texto até meio infantil), uma espécie de líder fundamentalista e fascista da raça Kree, que descontente com os tratados de paz entre sua espécie e o Império Nova, se une a Thanos (próximo vilão de Os Vingadores) para recuperar a joia perdida, que tem o poder de exterminar toda a raça dos xandarianos. A missão é incumbida à filha adotiva de Thanos, Gamora (Zoe Saldana), que num plano de vingança contra o próprio pai, tenta roubar o Orbe de Quill por razões mais nobres, mas é interceptada por uma dupla de caçadores de recompensa, Rockett, um guaxinim geneticamente modificado e dublado de maneira efusiva por Bradley Cooper, e seu parceiro Groot (Vin Diesel), um vegetal humanoide carismático (e dono das melhores tiradas do filme) que só sabe pronunciar as palavras ‘I am Groot’, que estão em busca do rapaz. Os quatro acabam presos depois de uma divertida briga de gato e rato, e no complexo estelar que abriga a prisão, conhecem o brutamonte Drax, que busca vingança contra Ronan depois desse ter assassinado sua família, completando um desajustado e inesperado grupo de super-heróis, no melhor estilo Clube dos Cinco.

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Dirigido sob todo o tipo de suspeita por James Gunn, cujas experiências com entretenimento não vão além do indie de humor negro Super e roteiros dos dois filmes do Scooby Doo e da refilmagem de Madrugada dos Mortos. Gunn sofreu críticas severas desde que seu nome foi anunciado para ocupar a cadeira, mas confesso que é notória a visão geral que ele teve não só do conturbado universo dos Guardiões dentro da Marvel, mas também do lugar e da importância na qual as adaptações de HQ ocupam na indústria de cinema norte-americano no dia de hoje.

Seu trabalho aponta pra uma arriscada direção, passando por um filtro de matinês das décadas de 80 e 90, com um tom cômico que se sobressai até mesmo á ação e todo um bolo de CGI, que é praticamente raro dentro do gênero. Digo isso porque até entre as melhores sacadas de humor por onde Tony Stark apareça, existe uma noção bem clara do que é ser super e herói dentro desse universo, elemento que é devidamente subvertido dentro de cada eixo de Guardiões da Galáxia. Das suas bem engendradas e orgânicas referências aos clássicos da cultura pop da década de 70 e 80 – esses rendem sem dúvidas as melhores passagens do filme – ao modo como uma colorida paleta de cores e um design de produção até meio kitsch e infantil, que tinham tudo pra dar errado, se tornam parte fundamental da própria identidade do projeto.

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Você pode até argumentar que o primeiro longa-metragem dos Vingadores, reunião luxuosa e cheia de egos dos maiores nomes da Marvel, orquestrada à meia boca pelo ótimo Joss Whedon, já havia cumprido essa função. Mas o que realmente difere os primos pobres dos primos ricos, é que o trabalho dirigido por James Gunn não tem qualquer pretensão em ser levado a sério, e ao contrário do que parece, a opção em fazer um filme mais leve está longe de torná-lo um blockbuster imbecil. Na verdade, chuto dizer aqui que Guardiões da Galáxia é o filme mais autêntico da Marvel até então.

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