Título Original: The Martian

Direção: Ridley Scott

Roteiro: Drew Goddard

Elenco: Matt Damon, Jessica Chastain, Kristen Wiig, Jeff Daniels, Sean Bean, Michal Peña, Kate Mara, Chiwetel Ejiofor

Produção: Mark Huffam, Simon Kinberg, Michael Schaefer, Ridley Scott e Aditya Sood

Estreia Mundial: 30 de Setembro de 2015

Estreia no Brasil: 01 de Outubro de 2015

Gênero: Ação/Aventura/Ficção Científica

Duração: 141 minutos

Classificação Indicativa: 12 Anos

THE MARTIAN

Encho a boca, com orgulho, para dizer que ficção científica é meu gênero favorito. E se tive a infelicidade de perder Solaris e 2001: Uma Odisséia no Espaço nos cinemas, nos últimos anos, tenho a sorte de presenciar grandes filmes dessa categoria como Sob a Pele, Gravidade, Interestelar e assim por diante. Portanto, não vou mentir: eu estava com medo de que Perdido em Marte fosse me decepcionar, principalmente porque Ridley Scott não estava vindo de uma sequência de filmes memoráveis, mas, como devemos enfrentar nossos medos, fui de coração e de mente aberta assistir à mais nova empreitada do diretor. Para nossa alegria, o bom e velho Ridley Scott está de volta não só trazendo elementos já conhecidos, como também inovando, mostrando-se ainda em forma, mesmo com seus 77 anos.

Após uma grande tempestade em Marte, a tripulação comandada por Melissa Lewis (Chastain) pensa ter perdido o seu colega Mark Watney (Damon) em um acidente. Dessa forma, não hesitam em partir na sua longa jornada de volta à terra. Watney acaba sobrevivendo, mas está sozinho em Marte. Como se isso já não fosse suficiente, não há comida, nem suprimentos em uma quantia suficiente para que ele sobreviva até que uma missão de resgate possa vir salvá-lo. É aí que entra a “Science, bitch” e, visto que o protagonista é um biólogo, ele consegue desenvolver um sistema de plantio de batatas no planeta vermelho (não vou contar como), aumentando suas chances de sobrevivência. Claro que nem tudo funciona perfeitamente e alguns percalços vão surgindo e assim vão seguindo as tentativas do astronauta voltar para o lar.

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À primeira vista, temos a impressão de que estamos diante de uma ficção científica daquelas bem pesadas, com altas teorias como Interestelar, ou uma grande história de superação como Gravidade. Bem, por mais que o filme tenha elementos dessas duas produções, o clima aqui é mais semelhante ao do Naufrago, aliás, é mais engraçado que este. Isso se deve ao fato de o protagonista aceitar a morte iminente sem perder as suas características em detrimento da situação em que se encontra, tanto que a identificação com o espectador é imediata: passamos a torcer por ele, sem precisarmos de um grande drama, temos empatia pelo protagonista, mas só isso não é suficiente para sustentar as mais de duas horas de filme.

Aliado a essa sacada de colocar mais importância nas atitudes de Mark do que nos acontecimentos, temos a sempre excelente direção de Ridley Scott que, apesar de alguns errinhos nos últimos anos como Êxodo: Deuses e Monstros e O Conselheiro do Crime, agora volta com todo gás ao Espaço – cenário recorrente em sua filmografia. Todavia, isso não quer dizer que veremos mais do mesmo: Perdido em Marte é original em boa parte de sua projeção – mesmo que já tenhamos vistos diversas produções em que o tema é sobrevivência -, trazendo, inclusive alguns aspectos políticos atuais, como uma colaboração entre EUA e China para resgatar Tom Hanks Watney. Além disso, as escolhas na trilha sonora, também auxiliam a deixar a película mais humana, com destaque para a primeira canção logo no início dos créditos – é apenas a coroação de tudo que foi feito durante a fita.

Por outro lado, em certas passagens do filme é impossível não notar a preguiça do roteiro em alguns aspectos como a forma pela qual ficamos sabendo que Mark é botânico, ou quando, de uma hora para outra, tudo magicamente começa a aparecer para ajudar o protagonista ou quando um personagem fala “se tudo der certo…” para na cena seguinte tudo dar errado. Enfim, se temos algo que atrapalha a produção é o roteiro, sem dúvida. Ademais, falta um pouco de desenvolvimento do protagonista, não sabemos muito da vida passada dele para entendermos o porquê dele ser brincalhão, se isso é uma característica ou apenas uma forma de fuga diante dos problemas a serem enfrentados. Essa questão é crucial para que o espectador entre totalmente na história, mas essa pequena falha deixa o filme com um aspecto mais descartável, como se faltasse conteúdo. Enfim, apesar de, como já me referi antes, a narrativa ser bastante inteligente e, de certa forma inovadora, todos esses furos criam uma descrença no espectador e todo o excelente trabalho de design de produção para a criação de Marte, acaba perdendo a verossimilhança.

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Em suma, Perdido em Marte, a despeito de não ser o grande suspense pesado e, de certa forma, reflexivo de Ridley Scott – principalmente pela sua falta de conteúdo -, tem várias marcas registradas do diretor, desde as cenas mais gráficas, como a tempestade de poeira jogada na nossa cara e até as falhas de apresentação de personagens. O mais importante, porém, é ver Scott, que já nos entregou clássicos como Blade Runner, Alien e O Gladiador, no auge de seus 77 anos tentando trazer histórias originais, ou melhor, tranformar um tipo de narrativa a qual, geralmente, tende a ser mais dramática em uma mais leve e divertida, sem em nenhum momento esquecer que a morte está rondando o personagem. Vida longa a Scott para que mais clássicos possam surgir.

TRAILER LEGENDADO

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