Life – Um Retrato de James Dean (Life, 2015); Direção: Anton Corbijn; Roteiro: Luke Davies; Elenco: Dane DeHaan, Robert Pattinson, Alessandra Mastronardi, Ben Kingsley, Joel Edgerton; Produção: Emile Sherman, Benito Mueller, Wolfgang Mueller, Wolfgang Müller, Christina Piovesan, Iain Canning; Estreia Mundial: 9 de Fevereiro de 2015 (Festival de Berlim); Estreia no Brasil: 24 de Julho de 2016; Gênero: Drama; Duração: 111 minutos; Classificação Indicativa: 14 anos;
Mesmo após 60 anos de sua morte, James Dean ainda é uma figura misteriosa. Falar sobre ele sempre força os fãs a puxar uma espécie de força para não só entender o que foi/é James Dean, mas também para se conformar que, provavelmente, nunca haverá outro líder que tão bem represente a rebeldia e a depressão adolescente. O diretor holandês Anton Corbin apresenta, pois, um filme para tentar desvendar essa figura ao nos apresentar a relação entre o fotografo da revista Life (que dá um duplo sentido ao nome do longa) com o grande astro em ascensão James Dean. O resultado é um filme visualmente muito bem feito e pensado, mas que, infelizmente, não consegue embasar a amizade entre os dois. Faltou vida.
Dennis Stock (Robert Pattinson, de Bom Comportamento) vai para uma festa de Hollywood, promovida pelo diretor de cinema Nicolas Ray, e acaba conhecendo Dean (Dane DeHaan). A despeito de o ator ainda não ser tão famoso, Stock vê algo de diferente nele, vê a oportunidade de retratar Hollywood de uma forma mais artística e não da maneira superficial e falsa dos “red carpets”. Em uma breve conversa, os dois começam a trocar ideias e enxergam um no outro uma alternativa para crescer.
Na verdade, essa amizade dá certo logo de cara porque ambos estão em um momento da vida em que não sabem onde estão, para onde vão. Tudo parece incerto e, ao passo que o tempo vai passando, as pressões e as exigências aumentam. Dean tem de lidar com o star system, tem de parecer sempre como uma pessoa perfeita para as câmeras, tem de ser o que Jack Warner (interpretado com maestria por Ben Kingsley) quer que ele seja. Por outro lado, Stock precisa enfrentar seu passado em Nova York com um filho que ele quase nunca visita, além de, claro, acalmar o seu ego artístico que se vê sufocado em uma Los Angeles totalmente sitiada pelos paparazzis. DeHaan e Pattinson brilhantemente conseguem nos passar essas aflições, ainda que o segundo tenha suas limitações em alguns momentos.
Ademais, é incrível como o Anton Corbijn consegue criar uma atmosfera com um misto de “cool” e estranheza, isto é, ao mesmo tempo em que os quadros aparentam ser mais descolados e pertencentes a uma juventude, é possível ali também encontrar um pouco de estranhamento, seja pela forma como ele costuma aprisionar os personagens no canto da tela (como se eles estivesse à margem da sociedade), seja pelas cores frias que ele e a diretora de fotografia Charlotte Christensen pintam durante toda a projeção.
No entanto, a fita fica tão focada na relação dos dois que o entorno é tão coadjuvante ao ponto de ficar desinteressante. Em uma certa passagem, os personagens vão para Nova York e Stock tem a oportunidade de ficar com o filho. Esse que era para ser um momento de maior reflexão do personagem fica totalmente aleatório, sem desenvolvimento. E isso fica ainda mais evidente na cena em que o fotografo vomita no filho sem querer e o acontecimento não gera nenhum conflito. O mesmo acontece quando conhecemos a família de James Dean. Essa falta de embasamento fica chata e o filme parece sem vida, uma vez que há uma série de questionamentos e reflexões sobre os rumos a tomar, mas o universo ao redor dos personagens parece ser sempre o mesmo, imutável.
Life – Um Retrato de James Dean, portanto é um interessante estudo de caso sobre um astro em ascensão que com o muito pouco que mostrou, conseguiu encantar pessoas no mundo todo. James Dean e seu “Vidas Amargas”, “Juventude Transviada” e “Assim Caminha a Humanidade” não só deu/dá voz a uma juventude que sempre se viu/vê sufocada pelas suas angústias pré vida adulta, como também lutou de certa forma contra o star system que, infelizmente, pouco mudou em relação aos dias de hoje. Life, ainda que tenha seus problemas, é uma representação digna, talvez mais estilizada do que profunda, mas não menos importante.
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