Na próxima quinta-feira, oficialmente estreia o novo filme da saga Star Wars/ Guerra nas Estrelas, quase 40 anos depois de surpreender a indústria, estabelecendo uma mitologia única que serviu de referência para o Cinema posteriormente, estipulando um blockbuster diferente, adotou um tom político, religioso e social para tratar da polarização entre o bem e o mal, numa cisão entre uma Galáxia entre o Império autoritário e anti-democrático e os rebeldes que visam reinstituir a democracia. São conceitos muito amplos que são abordados de forma simples, porém que na época foram vistos como inovadores, hoje em dia permanecem atuais e evidenciam estar bem à frente daquele tempo. Contudo, apesar dessas qualidades, Star Wars não é uma franquia pseudo-intelectual, tão pouco parece ter essa pretensão, é uma saga plural, divertida, recheada de alegorias das mais variadas possíveis. George Lucas, criador do universo, já reconheceu nunca imaginar o êxito do primeiro filme, inclusive chegara a apostar com o seu amigo e também diretor Steven Spielberg. O resultado foi, além da bilheteria acachapante, foi no franco favoritismo aos prêmios, chegando a arrecadar 6 Oscar’s.
Star Wars conquistou legiões de fãs, muitos desses que viraram escritores e contribuíram para a expensão de tão fecundo universo. Os seis filmes tem seus altos e baixos, principalmente pela diferença entre a “Trilogia Original” e a “Nova Trilogia”. Lucas fez os três primeiros filmes da franquia entre 77 e 83, retornou ao universo em meados de 2000, com uma trilogia prequel dos primeiros longas. O excesso de expectativas e os equívocos dramáticos e a súbita reestruturação que George Lucas fez ao universo ocasionou um vácuo entre os diferentes pontos da franquia. Logo abaixo, comentários individuais de cada um dos filmes da Saga, nos preparando para enfim o reencontro de um dos mais singulares mundos já estabelecidos no cinema e ampliados em diversas mídias. Rumo ao Despertar da Força!
*ATENÇÃO: O texto contem spoilers.*
Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança (1997)
Foi o grande BOOM da franquia, numa “Galáxia muito distante” no qual o Imperador e seu sacerdote Darth Vader comandam com punhos de ferro o Universo, sendo a Estrela da Morte, estação bélica suprema, a representação máxima do poder absoluto do Lado Negro. Eis que Luke, um rapaz do campo, encontra dois androides portando uma mensagem da Princesa Leia, liderança dos rebeldes contra aquela ditadura, fazendo Obiwan-Kenobi, o ex mentor de Vader, se juntar na libertação da princesa. Em dado momento, entra a jornada o pirata espacial Han Solo, juntos eles aderem à rebeldia e vão juntos enfrentar o lord do mal e o Império. Estipulou a luta do bem e do mal, mostrou a necessidade da liberdade frente ao autoritarismo dos governos. Foi um sucesso também técnico, efeitos revolucionários que estipularam uma nova definição para o gênero. De mais memorável, destaco a trilha sonora de John Williams, sem sombra de dúvidas foi o alicerce principal que tornou a experiência de Guerra nas Estrelas memorável.
Star Wars – Episódio V: O Império Contra – Ataca (1980)
Após o êxito dos rebeldes contra o Império, com a cadência da Estrela da Morte, a caça aos “criminosos” aumentam, cada vez mais fechando o cerco. Enquanto isso, Luke tenta se encontrar consigo mesmo, indo para o longínquo planeta Dagobah para treinar com o lendário Cavaleiro e Mestre Jedi Yoda, contudo sua impaciência e seus anseios para salvar seus amigos o tornam frágil e fácil para caminhar ao lado negro, coisa que o próprio Yoda adverte.
Darth Vader, insatisfeito com sua derrota anterior, coloca nossos heróis numa armadilha, aprisionando-os e entregando Han Solo para os Caçadores de Recompensa – parte importante na mitologia da saga. Luke então adia seu treinamento e vai ao encontro do Lord Sith, contudo uma grande revelação mostra o quão instável de fato ele é como Jedi, com tendências ao caminho obscuro, assim como seu pai. O Império não só contra- ataca, como prevalece sobre os rebeldes, dando ainda mais poderes absolutos ao imperador Sidious (atuando só nos bastidores). É um filme que consegue ampliar as qualidades de seu anterior, seja por seus efeitos, sua trilha sonora e sua estória cada vez mais envolvente e cativante, além dos personagens conseguirem cada vez mais conquistar a empatia do público. É um filme com um clímax memorável, daqueles que entraram facilmente nos anais da história da sétima arte.
Star Wars – Episódio VI: O Retorno de Jedi (1983)
Enfim chegou a hora do embate final entre o Império e as forças democráticas rebeldes. Luke e seus companheiros resgatam Han Solo e estipulam um novo plano para derrotar o próprio Imperador em pessoa, que está pessoalmente supervisionando a construção de uma nova Estrela da Morte. O herói, que não consegue mesmo concluir seu treinamento jedi, percebe que deve lutar com seu pai e Lorde sombrio, Darth Vader, para enfim trazer a libertação ao Universo e equilíbrio à Força. Porém, o Imperador planeja seduzir o filho de seu assecla, derrubando os rebeldes e fortalecendo a ditadura imperial.
A conclusão da Saga adquire proporções épicas, com o embate final entre o bem x mal, porém sem o maniqueísmo até aqui predominante, fica claro que nem Darth Vader que parecia ser a encarnação do lado negro e nem Luke que transbordava heroísmo são mesmo aquilo mesmo. Todos são peças jogadas num jogo no qual só o Imperador sabe jogar e está decidido de que lado seguir. Pode não ter tido o mesmo senso inovador dos anteriores, mas ainda assim é um filme divertido, emocionante e finaliza de forma grandiosa uma franquia tão vasta e passível de tantas interpretações. Simplesmente um marco.
Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999)
George Lucas teve a ideia – ou ambição – de contar a história de Darth Vader, porém antes dele se tornar aquele ciborgue sinistro. O contexto é totalmente diferente: A democracia galática representativa tem como sua instituição maior o Senado, sendo o Chanceler o representante desta. Porém escândalos de corrupção e de privilégios políticos para seus parceiros fazem nascer um movimento separatista, financiado pela confederação de Comércio e apoiado pelo Lord Sith Darth Sidious e seu aprendiz Darth Maul.
Os Jedis são os cavaleiros da paz e tem função constitucional de fazer valer as leis e a Ordem, porém os princípios de guerra tornam distúrbios para a Força. Qui Gon-Jinn e Obiwan-Kenobi, respectivamente mestre jedi e aprendiz, encontram um jovem escravo num planeta deserto e acreditam que ele se trata do escolhido que enfim trará paz e equilíbrio ao Universo, que beira à guerra galática. O filme foi um fiasco por ficar muito aquém do que foi o fenômeno do episódio IV. Pra começar os efeitos sonoros e visuais são superficiais demais, ao contrário daqueles revolucionários que transformaram os primeiros filmes experiências. Personagens são muito mal desenvolvidos, nem vou julgar o Jar Jar Binks porque ele é só cereja do bolo pra um filme medíocre, que realmente podia ser fantástico.
Star Wars: Episódio II – O Ataque dos Clones (2002)
Apesar do povo odiar o Episódio I, para mim este que é o ponto mais fraco da franquia Star Wars, pra começar o ritmo lento, quase parando, e a construção pífia do Anakin Skywalker, agora um adolescente na condição de Padawan e tendências ÓBVIAS ao lado negro, como o Yoda e toda aquela sua sabedoria deixaram passar essa? A guerra é iminente entre a República e os Separatistas, agora tendo como aliados o misterioso ex-jedi Conde Dookan, Obiwan descobre um exército encomendado pelos próprios Jedis para servir ao chanceler, cargo ocupado agora por Palpatine, um político habilidoso e ambicioso. Enquanto o universo pega fogo, Anakin vai se entregando ao amor por Padmé, aquela coisa meio blegh, para não dizer forçado. O filme é longo, maçante, com cenas de ação bem fraquinhas, o ápice maior é o arco final, empolgante de fato, porém não ao ponto de sustentar um filme inteiro que capenga.
Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith (2005)
A finalização da saga de Anakin Skywalker, de cavaleiro Jedi para lorde Sith. Começa com uma abertura incrível, aos moldes da trilogia passada, foca certeiramente no Chanceler Palpatine, uma figura até então misteriosa, que manipulava tudo e todos para conquistar seus objetivos, pondo assim a mostra o potencial da franquia, como o debate em torno da “necessidade de uma ditadura”, a fragilidade da democracia, a falsa necessidade de um Estado militarizado… E por ai vai. Temos aqui algum dos melhores momentos da franquia, sem pestanejar em falar. Os Sith não só se vingam como mostram a hipocrisia do lado da Luz, é um contraponto interessante que simplesmente justifica a necessidade, além monetária, de se ter feito essa trilogia. A ação é bem realizada, o ritmo é certeiro. Um filme que mostrou que a franquia ainda pode oferecer muito.
OBS: A ordem cronológica certa para se assistir os filmes seria: Episódio IV, V, I, II, III & VI. Mas fiquem à vontade de assistirem conformem desejar! Espero poder comentar o quanto antes sobre o episódio VII. Que a Força Esteja com Vocês, até breve. Preparem-se pro Despertar!
~~TRAILER LEGENDADO STAR WARS – EPISÓDIO VII: O DESPERTAR DA FORÇA: ~~
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