Título Original: Tomorrowland
Direção: Brad Bird
Roteiro: Brad Bird e Damon Lindelof
Elenco: George Clooney, Britt Robertson, Raffey Cassidy, Thomas Robinson, Hugh Laurie
Produção: Damon Lindelof, Brad Bird, Jeffrey Chernov
Estreia Mundial: 22 de Maio de 2015
Estreia no Brasil: 04 de Junho de 2015
Gênero: Aventura/Ação
Duração: 130 minutos
Classificação Indicativa: 10 anos
Sou apaixonado por histórias como a de Tomorrowland. Sonho com o dia em que eu possa de uma hora para a outra ser transportado para um novo mundo com apenas o toque de um botão de distância. Então, desde logo, a premissa do filme já me chamou atenção, principalmente pelo seu enfoque na imaginação e na criatividade do ser humano. Durante a projeção, todavia, as expectativas criadas logo no início, acabaram sendo subvertidas pelo roteiro e pela sua falta de humanidade. O resultado, portanto, é uma produção tensionada entre a beleza dos cenários e a frieza dos personagens.
A narrativa acompanha Mark (Thomas Robinson) um jovem inventor que sonha em conquistar o mundo com seu home made jatpack. Após ter seu projeto negado em uma exposição científica, ele conhece Athena (Raffey Cassidy) que acaba o incentivando a não desistir, principalmente após mostrar Tomorrowland para ele. Passados quarenta e cinco anos, somos apresentados a Casey Newton (Britt Robertson) que tem os mesmos ideais de Frank, porém em um mundo que o pessimismo vem tomando conta das pessoas. Isso muda quando ela se depara com um broche mágico contendo o poder de transportar as pessoas para Tomorrowland ao toque de um dedo. A esperança criada em Casey, dura pouco, pois ela descobre que as portas para essa sociedade estão sendo fechadas por causa da ambição de alguns habitantes. Assim, ela se juntará com Frank (George Clooney na versão adulta) para conseguir manter a ligação entre os dois mundos.
Um dos pontos altos da produção é a direção de Brad Bird, que segue sendo o Brad Bird que vimos em Os Incríveis e Ratatouile em todos os aspectos. O tempo todo temos uma atmosfera fantástica e criativa, porém, em alguns momentos, ele utiliza enquadramentos que beiram a breguice (exemplo de quando a Athena pega na mão do Frank versão jovem para mostrar a cidade), aliás, enquadramentos que funcionariam muito mais se o filme fosse uma animação, mas como é live action, fica bastante estranho. Contudo, são casos isolados, pois, na maior parte da fita, ele é apenas brilhante.
Bird e Damon Lindelof assinam o roteiro, infelizmente, encontramos mais características deste do que daquele. A fita inicia com Frank versão adulto em uma espécie de apresentação e fica os primeiros dez minutos nisso, depois vai para Casey e não cita mais Frank por um bom tempo e aí já se foram mais de vinte minutos e não há um estabelecimento do conflito, quiça apresentação efetiva dos personagens. Isso faz com que o espectador demore a entrar no filme e a, principalmente, criar empatia com as figuras. Assim, encontra-se o grande problema da película, a falta de humanidade. Athena, que é uma robô, passa mais humanidade do que o resto do pessoal, a partir desse fato, percebe-se que existe algo errado. Além disso, outro erro grave vem na tentativa interseção dos dois mundos apresentados no filme. Falta coerência nessa ligação, pois eles coexistem, mas nenhum influencia diretamente no outro, fazendo com que o conflito final apresentado perca muito seu clímax.
Por outro lado, a essência Disney, para a nossa felicidade, está muito presente. A cidade/mundo Tomorrowland é simplesmente mágica em todos os aspectos, tudo parece funcionar de maneira extremamente mecânica, ao passo que aparenta ser livre, ao mesmo tempo, seja pelos trens voadores, seja pelos belos edifícios, seja pelos seus habitantes. Essa utopia chega a esses resultados graças a excelente direção de arte que, nos mínimos detalhes, também convence e alerta que, a despeito de entrarmos em uma sociedade mais evoluída, todos ainda são humanos. Isso fica ainda mais evidente quando não se vê muitas diferenças nas atividades que são feitas e no figurino dos moradores da cidade, remetendo à ideia de que a evolução foi apenas tecnológica, enquanto os humanos ainda permanecem com os mesmos problemas.
Nesse contexto, também surge a discussão sobre o pensamento exacerbado no futuro. A fita cutuca um pouco essa ideia ao nos fazer questionar a real efetividade de uma sociedade mais moderna e tecnológica. De que adianta poder fazer teletransporte, se não achamos que todos possam ser dignos de usá-lo? De que adianta criar diversos gadgets e facilidades, se apenas um seleto grupo pode usar? Essa divisão, na fita, acaba ficando tão enraizada que os futuristas se esquecem do presente. E se não há cuidado com o presente, o futuro, por conseguinte, será comprometido.
No fim das contas, Tomorrowland fica no meio termo entre um filme excelente e um filme meia boca. Tem uma exímia direção, mas perde a mão no roteiro. É provido com um excelente design de produção, entretanto falha na trilha sonora. Raffey Cassidy rouba a cena e dá um show, enquanto George Clooney está no automático. É com esses altos e baixos que o longa prova que tinha uma boa intenção e uma mensagem interessante, falhando, apenas, no mais importante que era conseguir passar isso para o público de maneira convincente e, principalmente, humana.
TRAILER LEGENDADO
4 Comments
Lezti Vázquez
Damon Lindelof é um excelente escritor e produtor. Eu vi o seu trabalho na série de The Leftovers (por sinal, acaba de lançar a segunda temporada, aqui o link: http://www.hbomax.tv/the-leftovers-2/) tem o meu voto de confiança no este filme.
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