Interessante constatar como 2015 é um ano nostálgico para o cinema, pelo simples fato do reinício de inúmeras franquias clássicas, como os recentes Jurassic World, Mad Max, o vindouro Star Wars e, a grande estréia dessa semana, o quinto filme do Exterminador do Futuro, subintitulado Gênesis. Infelizmente, só sentimento não sustenta grandes produções desse porte, que carregam a responsabilidade de servir de homenagem aos fãs já estabelecidos no universo ao mesmo tempo que servir para os que não estão, introduzindo o grande público ao filme, deixando de ser mais que uma variação de um produto para ser cinema meramente. Esse Terminator peca no mesmo sentido que o Jurassic em não ousar, inovar e tão pouco tentar sair do lugar comum, frusta por ser mais do mesmo, deixando como sensação final a vontade de impedir que de fato a franquia retorne com tantos longas desnecessários, algo comum ao mercado cinematográfico.
O “Gênesis” em questão é o dia no qual se inicia o apocalipse nuclear, estabelecendo a decadência da raça humana e a ascensão das máquinas. No futuro distante, John Connor é líder da resistência e envia Kyle Reese (Jay Courtney) para proteger sua mãe Sarah (Emily Clarke) do Exterminador do Futuro que tem como missão assassinar a progenitora do rebelde. Basicamente é a releitura dos acontecimentos do primeiro filme de 84, mas com alguns acréscimos, como o fato de Sarah estar ciente dos acontecimentos futuros e ter um “Terminator” reprogramado como seu guardião, então com a união de Reese, eles partem para mudar drasticamente o futuro com a decadência de Skynet antes de seu nascimento, justamente o que ela fez ao longo da franquia. Talvez o problema seja justamente por ser a variação de todos os filmes anteriores, há poucos adendos substanciais que tornem a experiência única e não meramente a repetição do que já foi visto.
O roteiro é pífio, pra não dizer inexistente, usufrui de grande parte dos defeitos dos filmes do gênero e poucas qualidades, nem a nostalgia consegue ser fator primordial, talvez por todos os 5 longas se assemelharem demais e o público não ter mais tanto interesse nisso, ainda mais com a vastidão de ficções científicas estabelecidas nos últimos anos. Há até uma tentativa da argumentação em criticar o uso excessivo, de plena co-dependência da tecnologia pelo homem, a nossa perda de identidade consequente disso, o individualismo e mecanização das relações… Enfim, algo superficial já visto de forma muito mais desenvolvida e contundente em outras ocasiões. Os efeitos não são chamativos, o 3D é mais uma vez desnecessário, a direção de Alan Taylor é engessada em todos os níveis, sobretudo na direção de seu elenco, pessimamente aproveitado, alguns são “jogados” e sequer subaproveitados. Emily Clarke faz uma Sarah Connor caricata e tediosa, Jason Clarke no auge da mais pura canastrice, Jay Courtney sem grande expressões e Arnold Schwarzenegger rouba a cena por ser um alívio cômico e conquistar o público pelo sentimentalismo.
A conta das continuações desnecessárias acaba de ganhar mais um grande membro, além de ser um dos filmes mais pífios deste ano, o que realmente me deixa na torcida pelo seu fracasso, pois há o agendamento prévio de mais duas continuações, me deixando desde já bocejando só de pensar na possibilidade. A preocupação fica por conta de “Star Wars: O Despertar da Força” seguir esse caminho, mas a torcida é maior, não só pelo sucesso da franquia de George Lucas, mas também para que o “Gênesis” se converta no apocalipse dos enferrujados robôs. E nem a promessa de “I’ll be back” de Schwarzenegger pode salvar.
TRAILER LEGENDADO
https://www.youtube.com/watch?v=yHLyOLE6YW4
4 Comments
Amanda Vitória
Discordo totalmente da crítica, já que a proposta feita pelo filme foi cumprida de forma belíssima. O filme não poderia " ousar" demais, se não não conquistaria os fans da franquia que foi o que aconteceu com o último. Esses remakes vem com a proposta de nostalgia para os fans, filmes com novos roteiros e coisas mirabolantes que deixe para franquias a seguir… Enfim, a proposta foi genial, e o filme foi genial se não nem o própio Arnold teria topado o regresso a série.
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