Título Original: Into the Storm
Direção: Steven Quale
Roteiro: John Swetnam
Elenco: Richard Armitage, Sarah Wayne Callies, Matt Walsh, Max Deacon, Nathan Kress, Alycia Debnam Carey
Produção: Todd Garner
Estreia Mundial: 8 de Agosto de 2014
Estreia no Brasil: 28 de Agosto de 2014
Gênero: Ação/Thriller
Duração: 89 minutos
Classificação Indicativa: 16 anos Em 1996, quando Twister chegava aos cinemas, era possível notar que, mesmo não tendo os mesmos recursos de hoje, havia um cuidado maior, seja com a técnica do filme, seja com a própria construção da narrativa. Quase 20 anos depois, é perceptível (pra não dizer escancarada) a evolução que os efeitos especiais sofreram. No Olho do Tornado, entretanto, prova que só cenas mais elaboradas não bastam, ou melhor, não sustentam nenhum longa se não há uma mínima identificação com os personagens; se não há um roteiro bem estruturado. Em suma, do que adianta mostrar 300 aviões sendo levados por um tornado, se não conseguem nem fazer o mais básico que existe na cinematografia: contar uma história.
A produção nos apresenta três núcleos de personagens, os quais vão sendo desenvolvidos de forma paralela até que acabam, por força da tragédia, se juntando. Desde já, temos um excesso de personagens e o resultado é que nenhum é aprofundado devidamente. Na história, Donnie (Max Deacon), por obrigação do diretor da escola (que também é seu pai), tem de produzir um vídeo no estilo capsula do tempo, que será exibido para o seu eu no futuro. Toda essa função gera um conflito entre a família, uma vez que seu pai, Gary (Richard Armitage) não lhe dá atenção suficiente após a morte de sua mãe. Com o incentivo de seu irmão mais novo, Trey (Nathan Kress), Donnie oferece ajuda a Katlyn (Alycia Debnam Carey) para filmar um projeto de seu estágio em um galpão abandonado. Com a vinda do tornado, os dois acabam ficando presos. Enquanto isso, acompanhamos a saga dos caçadores de tornados que, com equipamentos de última geração, têm como objetivo ficar no olho do tornado, entretanto uma série de obstáculos vão surgindo até que eles acabam se encontrado com Gary e decidem auxiliá-lo no resgate de Donnie e Katlyn. Já o terceiro núcleo é formado por malucos que querem apenas ficar perto da catástrofe sem motivo aparente e que, realmente, não fazem a mínima diferença na narrativa a não ser na tentativa frustrada de criar um alívio cômico.
O diretor Steven Quale (Premonição 5) utiliza-se das filmagens da Cápsula do Tempo para desenvolver toda sua decupação, ou melhor, quase toda. Temos aqui um “mockumentary indeciso”: em certos momentos ele acha mais conveniente usar uma câmera que um dos personagens está usando, em outros ele decide por não usar. O que ocorre, por conseguinte, é a falta de uma unidade e de um padrão durante a projeção, fazendo com que a geografia da cena não fique bem estabelecida na maioria das cenas de ação, assim como a percepção do espectador do que está ocorrendo fica limitada. Além disso, o roteiro não auxilia em nada o trabalho de Quale, uma vez que nos entrega personagens desinteressantes e unidimensionais. Desde o conflito clichê pai e filho (que vão acabar se acertando por causa da tragédia), até aos personagens que só tem um única vontade na vida que é perseguir um tornado, enfim, tudo é extremamente óbvio, mesmo quando estamos em um filme cujo pano de fundo é uma das ocorrências climáticas mais imprevisíveis. Não satisfeito com essa bomba de clichês mal feitos, ainda somos contemplados com cenas vergonha alheia de personagens falando com a câmera, dando adeus a familiares, bem ao estilo de Bruxa de Blair, as quais, em tese, deveriam ser emocionantes, mas acabam servindo como anti-clímax, apenas. Muito desse problema também se deve ao elenco cheio de desconhecidos e com algumas feições conhecidas (mas conhecidas naquele estilo: “já vi esse rosto em algum lugar, mas não sei quem é”). As atuações são bem limitadas. Não ocorre uma criação de vínculo do espectador com as motivações, quiça torcida pelo sucesso dos protagonistas. Na verdade, quem rouba a cena (literalmente) é o tornado, de tal forma que chegamos a torcer por ele. Quando isso acontece, não é necessário dizer mais nada, visto que o esperado é que torçamos para todos saírem da tragédia vivos. Mas se tem algo que não dá para reclamar é dos efeitos especiais. Claro, o filme se chama No Olho do Tornado, o mínimo esperado é que a catástrofe seja bem apresentada e de fato é. Tem destruição para todo o lado e tudo é muito crível, então, a despeito das escolhas equivocadas do diretor no que tange os ângulos que usa, é possível se divertir nas cenas de grande destruição que aliadas a excelente mixagem de som constroem todo um clima de tensão que infelizmente não permeia o resto da projeção.
No Olho do Tornado é apenas mais um para compor o gigantesco rol de filmes catástrofe. Não conseguindo ser excelente e reflexivo como Wall-E e não sendo tão pretensioso e equivocado como O Núcleo – Missão ao Centro da Terra, o longa é apenas mediano, não acrescenta nada de novo.