Direção: Tomas Portella e Equipe

Roteiro: Mariana Vielmond

Elenco: Bruno Gagliasso, Regiane Alves, José Wilker, Juliana Alves, Silvio Guindane

Produção: Valerio Cosimo e Angelo Salvetti

Estreia no Brasil: 18 de Setembro de 2014

Gênero: Suspense/Thriller

Duração: 90 minutos

Classificação Indicativa: 14 Anos

 

 

Abertura do 42º Festival Internacional de Gramado; último filme com o saudoso José Wilker em cena, Isolados, só por isso, já chega aos cinemas com um peso enorme. Ademais, investe em um gênero que está engatinhando (com trabalhos muito interessantes) no cinema brasileiro. O resultado de toda essa mistura atende às expectativas criadas com qualidade bastante convincente para os padrões do estilo cinematográfico e, acima de tudo, com uma direção e trabalho de arte fenomenais dignos de grandes produções.

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Na história, apresentam-nos Lauro (Gagliasso) um médico psicanalista casado com sua ex-paciente Renata (Regiane Alves). Com o intuito de esquecer os problemas e salvar a relação, o casal decide fazer uma viagem para uma casa distante de tudo e de todos. Antes de chegarem ao seu destino, o protagonista é alertado de que uma série de assassinatos de mulheres mediante necrofilia estão ocorrendo na região, fato que ele, sob o pretexto de não impressionar a esposa, acaba por esconder. Adentrando pela casa alugada, já sentimos o ar sombrio do ambiente e a incoerência que há lá dentro. É um local cheio de vidros e janelas, mas que não iluminam o ambiente, tudo é muito escuro e perturbador. Este ambiente não só reflete, de maneira extremamente cuidadosa, toda a situação a ser enfrentada pelos personagens, como também a personalidade de cada um deles.

Lauro é controlado, perfeccionista e frio, desde o modo como arruma as roupas na mala, até a forma que se veste. Sempre está formal, de terno, mesmo estando em um momento íntimo com sua parceira. Renata, logo no início, também parece seguir essa linha, suas vestimentas tendem para cores mais frias, assim como seu humor e fragilidade latentes. Ao longo da projeção, entretanto, percebemos o surgimento de uma cor mais viva e específica que, de certo modo, já nos da pistas dos acontecimentos futuros. Toda essa lógica aduz a qualidade da direção de arte da película, sendo este o quesito que, com louvor, merece e recebe o maior destaque no longa.

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Todas essas conclusões acerca das individualidades dos protagonistas foram tiradas apenas dos elementos visuais como fotografia, cenários, figurino, uma vez que o nível de atuação do casal é baixíssimo. Bruno Gagliasso não convence nenhum pouco como psicanalista perturbado; pior, ele é tão forçado quanto a sua parceira Regiane Alves. Não consigo entender os motivos de escalação dos dois. Eles não têm química alguma como marido e mulher, fica estranho, não encaixa. Não satisfeitos com essa péssima escolha de elenco, eles ainda subutilizam a excelente José Wilker, com uma ponta quase que insignificante.

O diretor Thomas Portela e equipe, contudo, conduzem toda a narrativa de forma muito segura e competente: utilizam câmeras subjetivas de fora da casa, aludindo a uma sensação de insegurança ao espectador o qual percebe que os protagonistas estão (quase sempre) sendo vigiados em um ambiente, a priori, privado; iniciam a fita com um plano-sequência curto e extremamente eficaz na apresentação dos elementos que estão por vir na história; abusam de planos simbólicos – a exemplo do momento em que uma cruz aparenta estar em cima de Lauro, após ser recusado sexualmente por sua esposa, representando, de certa forma, o impedimento do pecado. Enfim, conseguem, de certa forma, balancear as péssimas atuações.

Se antes eu me referi ao plano sequência inicial elogiando a forma eficaz de apresentar o mote do longa; O roteiro, porém, nas cenas seguintes, insulta o espectador ao ficar insistindo em diálogos repetitivos. Os personagens comentam três vezes sobre a mesma coisa, sendo que já vimos o que aconteceu, não sendo necessário recontar através dos colóquios. Além disso, principalmente no final, falta um pouco de coragem da roteirista Mariana Vielmond e do diretor que poderiam ter investido um pouco menos na subjetividade do personagem a qual termina por frustrar em vez de surpreender.

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Isolados, a despeito de alguns equívocos, é uma produção deveras efetiva, uma vez que se sustenta não só pelo envolvente clima sombrio e claustrofóbico que constrói, mas também pela sua excelente narrativa que manipula o seu espectador de forma brilhante, mesmo que possa decepciona-lo em seu final. Além disso, é a nossa última chance de conferir José Wilker na grande tela, ainda que em pequena ponta.

TRAILER

https://www.youtube.com/watch?v=mzVAwEYAxx4

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