Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Alfonso e Jonás Cuarón
Produtores: Alfonso Cuarón e David Heyman
Elenco: Sandra Bullock, George Clooney, Ed Harris
País de Origem: Estados Unidos da América
Estreia no Brasil: 11 de Outubro de 2013
Estreia Mundial: 28 de Agosto de 2013 (Festival de Veneza)
Duração: 91 minutos

ALIANDO UM EXCELENTE ROTEIRO, ATUAÇÕES IMPECÁVEIS, EFEITOS E FOTOGRAFIA DESLUMBRANTES, GRAVIDADE É UMA FICÇÃO CIENTÍFICA COMPLETA QUE MERECE O STATUS QUE ESTÁ E PERMANECERÁ RECEBENDO.

Gravidade é um dos poucos filmes que, ao terminar a sessão, me deixou sem palavras, incrédulo no que eu tinha acabado de ver. Não, eu não vi 2001 – Uma Odisséia no Espaço do Kubrick no cinema; não, eu não vi Solaris do Tarkovski no cinema e sei que perdi uma das melhores experiências cinematográficas relacionadas à ficção científica, no entanto eu poderei dizer e com orgulho que assisti Gravidade, um clássico que acaba de nascer, no cinema.

A história do filme, à primeira vista, é extremamente simples. Acompanhada pelo veterano astronauta Matt Kowalsky, George Clooney (Tudo Pelo Poder), a Dr. Ryan Stone, interpretada de maneira espetacular por Sandra Bullock (Um Sonho Possível), se desloca, pela primeira vez, ao espaço para uma missão de conserto do telescópio Hubble que termina por ser atingida por destroços de um satélite, fazendo com que todos os equipamentos sejam destruídos. A partir desse momento, acompanhamos uma série de manobras dos personagens para conseguir voltar a terra em segurança. O roteiro assinado pelo diretor (Alfonso Cuarón) e seu filho (Jonás Cuarón), é extremamente enxuto. Isso, no entanto, não significa que as análises propostas pelo filme sejam rasas. Assistimos em Dr. Ryan uma personagem que se foca no trabalho para esquecer de todos os problemas que estão aparentemente bem longe, lá na terra. Durante toda a projeção, entretanto, acompanhamos a mudança que ocorre em seu interior, desde aceitar que, para sobreviver, às vezes, é preciso sacrificar algumas coisas; até, em certo momento, aceitar que a morte não é uma saída, mas, sim, a busca pela vida. Para isso a escolha de Sandra Bullock foi um dos maiores acertos do filme.

Falar que a direção do Cuarón está boa é pleonasmo, visto que ele é um diretor de competência inquestionável. Em Gravidade, no entanto, ele entrega os planos mais lindos que eu já pude ver no cinema, durante o filme é impossível não se arrepiar com as cenas sem cortes que mostram a terra de uma forma ao mesmo tempo familiar e assustadora. Utilizando uma de suas marcas já registradas que é o uso de planos longos, os acontecimentos parecem ocorrer sob os nossos olhos em tempo real, fazendo com que os espectadores entrem no filme de uma maneira quase imperceptível; quando percebem estão à deriva no espaço junto com a doutora e tudo o que querem é se salvar e voltar para a segurança da terra. Cuarón tem todo o controle do filme e da platéia durante toda a projeção, isso é para poucos.

O trabalho em conjunto da direção de fotografia de Emannuel Lubezki (do belíssmo Árvore da Vida) e do supervisor de efeitos visuais Tim Webber (Avatar e Filhos da Esperança) nos entrega um visual ao mesmo tempo bonito, claustrofóbico e assustador. No início admiramos o espaço e toda a sua beleza e silêncio. Com o passar do tempo, passamos a temê-lo. Os efeitos visuais estão impecáveis, não parece que foi tudo gravado em green screen, aparenta ser filmado no espaço de verdade e Cuarón, com a sua ideia genial de não manter um eixo fixo na câmera (levando a crer que a câmera é um astronauta também), corrobora com essa verosimilhança. Não posso deixar de dar destaque, também, a trilha sonora de Steven Price que auxilia de maneira perfeita a criar os climas de tensão espalhados durante todo o filme.

Destruindo todos os meus sonhos de infância de ir para o espaço, Gravidade é um filme extremamente tenso e claustrofóbico, é um clássico que acaba de nascer e que ainda vai dar muito o que falar quando for estudado, pois a direção de Cuarón nesse filme é uma aula de como ter controle sobre todos os elementos – inclusive o espectador. Aliando um excelente roteiro, atuações impecáveis, efeitos e fotografia deslumbrantes, Gravidade é uma ficção científica completa que merece o status que está e permanecerá recebendo.

 Obs.: a projeção em 3D está impecável e corrobora com o excelente trabalho de Cuarón na tarefa de imersão do espectador.

Trailer Legendado

About the author

Editor-Chefe do Cine Eterno. Estudante apaixonado pelo universo da sétima arte. Encontra no cinema uma forma de troca de experiências, tanto pelas obras que são apresentadas, quanto pelas discussões que cada uma traz. Como diria Martin Scorsese "Cinema é a importância do que está dentro do quadro e o que está fora".

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