E o penúltimo dia de Festival propriamente dito chegou. Já em clima de despedida, começamos a sentir que o melhor ainda está por vir. Depois de uma abertura sensacional com Aquarius (a crítica do filme você encontra aqui), nenhuma exibição conseguiu manter o nível, aliás, em poucas noites – como vocês devem ter percebido – saí animado. Até hoje. Pela primeira vez, gostei dos três filmes da competição e dos dois curtas. Finalmente!
Pois bem, antes de adentrarmos na competição, ocorreu uma sessão especial do “Eu Não Vou Dizer Eu Te Amo”, longa de conclusão do curso de cinema da ULBRA. Com foco no público jovem, acompanhamos a história de um garoto (Nicolas Vargas) que pretende levar sua vida como músico e compositor e, claro, acaba sofrendo com o preconceito de seu pai que deseja um caminho tradicional para o filho. A despeito de alguns deslizes técnicos tanto de fotografia, quanto de mixagem de som, a fita é muito bem apresentada: as atuações são boas, a direção é segura e o roteiro (com direito a plot twist) funciona. É um excelente começo.
Logo após, iniciou a mostra competitiva, primeiramente com a exibição extra do “Las Toninas Van Al Este” que no 4º dia passou por problemas técnicos e não foi projetado. O longa dirigido pelo Gonzalo Delgado e pela Verónica Perrotta é muito divertido, tem timing cômico e, quando necessita entrar em questões mais profundas, de forma alguma, se boicota ou se limita. Além disso, o personagem principal é gay e, para minha surpresa, isso não muda ou altera a história, ou seja, estamos caminhando para que as pessoas LGBTS sejam retratadas como normais, sem precisar que o drama esteja envolvido em lidar com preconceitos e questões a isso relacionadas.
Finalizada a comédia, iríamos para o primeiro curta da noite: “Rosinha” de Gui Campos e…que coisa mais linda. É difícil vermos na tela o amor da terceira idade, aparentemente há um certo preconceito em abordar esse tema e, aqui, isso não existe. Acompanhamos Rosinha e seus dois companheiros…e o resto não vou falar. Só direi que é de uma sensibilidade singular.
Em seguida, continuando a “sessão gay” de gramado, temos o sensível “Esteros”, também competindo pela mostra estrangeira. A película gira em torno de dois amigos que, desde crianças, já mostravam que o que sentiam pelo outro era mais que amizade. Contudo, ambos foram morar em países diferentes e o contato esfriou. Anos depois eles se reencontram e…você já sabe o que acontece. Embora a fita dirigida por Papu Curotto seja bastante previsível, isso não significa que a história não seja bela, afinal, histórias de amor sempre são clichês, mesmo quando tentam fugir destes.
E o segundo curta, de Allan Souza Lima e Gugu Seppi é o “O que teria acontecido ou não naquela calma e misteriosa tarde de domingo no jardim zoológico”. Sim, o nome é toda essa tripa aí. Mas não é só o título que pretende ser incomum; a narrativa, também. Com óbvias inspirações em “O Clube da Luta” e diversas outras histórias sobre dupla personalidade, o curta dialoga com o seguinte questionamento: “e se?”. O resto eu deixo para vocês, quando assistirem. Quanto à produção, não tenho do que me queixar, tanto fotografia, quando a direção do Allan – que também atua, junto com Daniel Dantas – são corretos e funcionam ao que se propõem.
Por fim, ainda tínhamos mais um filme, e brasileiro. De Matheus Souza, “Tamo Junto” chegou para trazer o riso ao festival. Nas palavras do próprio realizador antes da sessão, o longa não tinha objetivos de ser político ou de trazer reflexões; era para ser engraçado e cheio de lugares comuns. Por incrível que pareça, funciona. E muito bem, principalmente pelo fato de ser metalinguístico: os próprios personagens ficam se questionando o que fariam se fosse um filme, brincam com recursos de roteiro, construção de personagem, sempre assumindo que não estão inventando a roda e, sim, copiando e reproduzindo um universo de cultura pop.
E, por hoje, é só, pessoal!
Nos vemos amanhã para as últimas impressões do derradeiro dia e sábado tem a premiação!
Até lá!
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