O Menino Que Fazia Rir (Der Junge muss an die frische Luft, 2018); Direção: Caroline Link; Roteiro: Caroline Link, Ruth Toma; Elenco: Julius Weckauf, Luise Heyer, Sonke Mohring, Joachim Krol, Ursula Werner; Duração: 100 minutos; Gênero: Biografia, Comédia, Drama; Produção: Hermann Florin, Nico Hofmann, Sebastian Werninger; País: Alemanha; Distribuição: Pandora Filmes; Estreia no Brasil: 26 de Setembro de 2019;
É comum notórios comediantes virem de origens melancólicas. A comédia como forma de resinificar um trauma. Um dos maiores comediantes alemães, o também ator Hape Kerkeling, ficou popular por várias caricaturas e sátiras políticas. Sua estória é contada com o novo filme de Caroline Link, “O Menino que Fazia Rir“, onde nos deparamos com uma série de acontecimentos, tragicômicos, que conduziram sua trajetória, levando a achar forças na arte e, sobretudo, na comédia, para conseguir seguir em frente em meio a tantas dificuldades. É uma daquelas estórias repetitivas, facilmente conhecemos alguém com vivências similares. Contudo, ainda é um tipo de vivência interessante de se conferir, sobretudo por essa controvérsia da tragédia estimular o humor.
Após a segunda guerra mundial, a Alemanha tenta se reconstruir do confronto. Sendo dividida em uma área dominada por influência soviética e outra por americana. Ambientado na parte ocidental, o jovem Hans (Julius Weckauf) vive entorno de uma família harmoniosa, feliz, tendo uma ótima relação com sua mãe, seus tios, avós. Enfim, parece ser uma vida extremamente estável… Até que a mãe do menino acaba por falecer. A partir de então, uma série de reviravoltas e dificuldades abala a vida daquela família, levando aquele menino, de entorno de 10 anos, a ser conduzido a ampla desilusão. A vida é apenas uma tragédia?
Achando forças no humor e no afeto que o jovem tem entre seus entes queridos, Hans acaba por achar leveza na tristeza. Fazendo a melancolia uma fonte de inspiração, não de depressão. É um tipo de obra de auto-ajuda, porém não soa piegas, pela carisma e espontaneidade dos personagens e seus respectivos intérpretes. O carisma do jovem Julius Weckauf é uma revelação, do mesmo modo que a diretora Caroline Link consegue por aproveitar ao máximo o potencial de seu protagonista. Contudo, não deixa de faltar, imageticamente, uma construção cinematográfica mais aperfeiçoada. É um filme que pouco ousa, beirando ao lugar comum, para não dizer aos moldes convencionais de biografias. O grande triunfo é focar apenas na infância do biografado, não querendo abordar um recorte mais geral, um potencial bastante genérico.
“O Menino que Fazia Rir” pode não ser uma das maiores obras do ano, ainda assim é um filme confortável, carismático e inspirador. Vale a mensagem, por mais piegas que seja, de achar graça em meio a desgraça. Em tempos atuais, não deixa de ser um recado importante.