Crítica | Pela Janela

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Pela Janela (2017); Direção e Roteiro: Caroline Leone; Elenco: Magali Biff, Cacá Amaral, Mayara Constantino; Duração: 87 minutos; Gênero: Drama; Produção: Sara Silveira, Hernan Musaluppi, Maria Ionescu; País: Brasil, Argentina; Distribuição: Vitrine Filmes; Estreia no Brasil: 18 de Janeiro de 2018;

O envelhecimento é uma temática difícil de ser retratar sem cair em percursos óbvios: a senilidade, a impotência, lidar com a aproximação da morte… O cinema nacional poucas vezes resolve dar holofotes para esse tema, sobretudo de forma tão original como faz a montadora e, agora, diretora, Caroline Leone em sua estréia na direção em “Pela Janela”, onde aborda a vida de uma operária recém demitida depois da adoção de uma nova política em sua fábrica.  O pior dilema de Rosália (Magali Biff) agora não é se ver diante do desemprego, mas sim perceber o caminho por onde sua vida vai. Ela está totalmente sem rumo, necessitando um recomeço no qual exige uma força inexplicável.

A jornada por qual nossa heroína se submete em busca de um norte se torna nossa num sentido empírico. A passo em que Rosália vai se (re)descobrindo e percebendo a necessidade de se deixar desmoronar para finalmente se reconstruir. É trabalho bastante engenhoso tanto de roteiro quanto de direção, por fazer o expectador vivenciar as mesmas experiências ao lado dos personagens, num filme que flerta com o experimental, sem parecer ser óbvio em suas alegorias sugeridas. A direção da Caroline Leone particularmente me agradou pelo fato dela dividir grande parte da trama entre diurno e noturno, até como forma de recurso narrativo para expressar a forma de evolução da personagem.

A atriz veterana Magali Biff dá um show a cada momento, em cada olhar percebemos o mundo de Rosália se despedaçando aos poucos até o momento em que, enfim, ela vai tentando se recolocar no mundo moderno ao qual ela não se acha mais parte. É aquele conflito velho versus novo em que Biff se mantém, a cada momento, em questionamento, seja num simples olhar ou nas ligeiras interações feitas com uma jovem argentina durante sua viagem pela fronteira. É lamentável ver uma atriz tão gabaritada quanto ela ser tão subestimada ao longo de sua carreira, sobretudo por ela fazer tanto com tão pouco, não precisando de cenas de grande exposição sentimental como surtos de choro ou grito. É apenas na simplicidade que ela consegue arrebatar a todos, com seu profundo olhar.

Além de ser um filme agradável, é bastante atual, diante da crise de desemprego sofrida no país e das políticas de austeridade adotadas pelo governo. “Pela Janela” é uma delicada jornada, onde a caminhada principal proposta é conosco ao lado da personagem, tentando expor a similaridade de nossos dilemas com os de Rosália, servindo de uma experimentação bastante engrandecedora.

Pela Janela – Trailer Legendado:

 

Crítica | Pela Janela

Pela Janela (2017); Direção e Roteiro: Caroline Leone; Elenco: Magali Biff, Cacá Amaral, Mayara Constantino; Duração: 87 minutos; Gênero: Drama; Produção: Sara Silveira,

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