Eduardo Coutinho foi, indubitavelmente, o maior documentarista que o Brasil já viu. A sensibilidade e a forma como ele conseguia arrancar das pessoas as mais belas e emocionantes histórias inspiram e continuarão a influenciar todas as novas gerações de cineastas. Não é a toa que os diretores Uruguaios de Mirando Al Cielo, ao apresentarem sua produção no Festival de Cinema de Gramado, citaram Coutinho, afinal, é possível enxerga-lo por todo filme. Ainda bem.
A proposta do longa é simples: acompanhar uma equipe de teatro montando a sua mais nova peça, ao mesmo tempo em que os diretores iniciam uma série de entrevistas com todas as pessoas integrantes contando momentos complicados da sua vida.
Conciso, efetivo e sensível nada mais e nada menos. Em 78 minutos de projeção o público é transportado para dentro do teatro para não só acompanhar a nova peça, mas também para conhecer os personagens que cada um carrega: as multifacetas, as dores, as alegrias, as angústias, tudo é apresentado e nós estamos lá para olhar e sentir.
Por mais que se trate de uma fita documentária, a forma como os diretores abordam nos aproxima muito de todas as pessoas que ali estão, logo é possível imitar o sentimento de interação que existe no teatro, analogia que funciona muito bem com o universo do filme. Enfim, é uma produção que necessita ser vista, ouvida e sentida.