Direção: Jayme Monjardim; Roteiro: L.G. Bayão; Elenco: Dan Stulbach, Cesar Troncoso, Thiago Mendonça; Estreia no Brasil: 08 de Dezembro de 2016; Duração: 120 minutos; Gênero: Drama; Classificação Indicativa: não recomendado para menores de dez anos

É inegável a força que Augusto Cury tem no Brasil e no Mundo. São milhões de obras vendidas ao redor do globo, todas com leitores fiéis e interessados. O único caminho que faltava era algum de seus livros ganhar uma adaptação para as telonas e, bem, aqui estamos na estreia do autor no cinema. “O Vendedor de Sonhos” tem cara de filme grande, nota-se que há um esmero na produção e na direção, contudo, nada tira o fato de que na autoajuda o limite entre o piegas e o motivacional é muito tênue e, infelizmente, o filme fica balançando entre os dois lados.

Júlio César (Dan Stulbach) está prestes a se jogar do alto de um edifício, quando um homem que se chama Vendedor de Sonhos (César Troncoso) o convence a não se matar. A partir desse episódio, Júlio começa a seguir os passos desse misterioso guru em uma jornada para levar motivação e esclarecimento para as pessoas. Porém, ambos ainda tem contas para acertar com o seu passado que vai voltar com tudo para impedir que ambos consigam construir um novo futuro.

Sem dúvida, adaptar um roteiro de autoajuda não é nada fácil (inclusive conversei com isso com o Jayme Monjardim na entrevista que fiz com ele), ainda mais quando se tenta pegar historias de outros livros do autor para se fazer um filme. A tarefa ficou a carga de ninguém menos que F.G. Bayão que, pasmem, roteirizou o pior filme nacional do ano, O Último Virgem, ao mesmo tempo em que tem em sua carreira o interessante Ponte Aérea. Bem, não, de maneira alguma é pior ou igual ao desastre que é o último virgem, mas, mesmo assim, está longe de ser a prova de equívocos. A direção de Monjardim, por outro lado, é bastante segura. Os planos e os ângulo escolhidos sempre estão bem aplicados, ressaltando o que há de melhor na fita: as atuações.

César Troncoso, convence no seu papel de mestre, ainda que o roteiro o prejudiquei gravemente, tendo em vista que ele só fala frases feitas para motivar as pessoas. Dan Stulbach também funciona como psiquiatra que encontra no Mestre um motivo para seguir em frente e resolver seus problemas pessoais. O grande porém é que o filme é prejudicado bastante pelo roteiro, a quantidade de frases motivacionais ditas a toda hora chega a ser entediante. O personagem do vendedor de sonhos só tem dialogo assim, toda hora ele solta uma frase de efeito. As duas primeira são ótimas, quando chega na 46ª não se aguenta mais. Além disso, a decisão de apresentar o passado do Mestre de forma paralela aos acontecimentos principais da trama, destoam do resto da narrativa e, ainda, retiram qualquer elemento supresa em relação ao passado do guru.

Por fim, “O Vendedor de Sonhos” tem os elementos necessários para agradar o público a que se destina. Porém, ainda está longe das sutilezas que, às vezes, o cinema precisa. De qualquer forma, o filme vem em um bom momento e traz discussões que devem ser apresentadas, ainda mais no momento em que vivemos. Então, a despeito de um ou outro problema, a película tem seus méritos em dar valor à importância de não deixarmos questões não resolvidas e, principalmente, não desistir dos sonhos. Isso nunca custa lembrar.

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About the author

Editor-Chefe do Cine Eterno. Estudante apaixonado pelo universo da sétima arte. Encontra no cinema uma forma de troca de experiências, tanto pelas obras que são apresentadas, quanto pelas discussões que cada uma traz. Como diria Martin Scorsese "Cinema é a importância do que está dentro do quadro e o que está fora".

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