Título Original: El Clan

Direção: Pablo Trapero

Roteiro: Julian Loyola, Esteban Student e Pablo Trapero

Elenco: Guillermo Francesa, Peter Lanzani, Lili Popovich

Produção: Hugo Sigman, Matias Mosteirin, Agustin Almodovar, Pedro Almodovar, Esther Garcia, Pablo Trapero.

Estreia: 10 de Dezembro de 2015

Gênero: Ação/Drama

Duração: 108 minutos

Classificação Indicativa: 16 anos

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Enquanto eu assistia a O Clã, me peguei refletindo sobre as relações familiares em geral e, principalmente, das influências exercidas pelos nossos pais tanto em nossas escolhas, quanto em nossas opiniões. É preciso muita coragem e maturidade para enfrentar aqueles que, até então, eram sua referência e é preciso ainda mais preparo para reconhecer que sim, os pais são humanos, cometem erros e, no caso do filme, podem ter seu caráter questionado.

Para quem não sabe, O Clã é baseado no estrondoso caso argentino relativo à família Puccio, conhecida pelos sequestros cometidos em um tempo após a ditadura sangrenta que assolou o país durante os anos 60 e 70. Arquimedes (Guillermo Francella) é um patriarca, aparentemente normal para a época, ajuda os filhos na lição de casa, rege a casa com regras e polidez. A despeito de possuir uma loja de artigos esportivos, sua real ocupação era sequestrar vizinhos ricos, pedindo resgate, mas, quase sempre acabava os assassinando friamente. O resto da família sabia dessas atribuições do pai, mas ficava calada, ignorava a situação. A exemplo da esposa Epifania (Lili Popovich), representando um misto de conivência e submissão ao marido. Até que Arquimedes começa a pedir a ajuda de seu filho mais velho, Alex (Peter Lanzani), estrela nacional do time de rugby. O jovem, mais por chantagem emocional acabou se envolvendo nos crimes. Mesmo que não tenha sujado as mãos com sangue, ele auxiliava nas capturas, arquitetava planos, não por sua vontade, mas principalmente sob influência de seu progenitor.

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A relação dos dois, então, acaba por ser o centro da película. De um lado a frieza e a preocupação de um corrupto, “sobrevivente” da ditadura, tentando permanecer em seus crimes após o período sangrento e, do outro, um jovem com futuro brilhante no esporte que, seja por respeito ao seu pai, seja por medo, se envolve nas sujeiras daquele, mesmo sob o risco de destruir a sua vida. Essa tensão entre o certo e o errado é a principal qualidade do argumento escrito por Julian Loyola e Esteban Student. Para o espectador é evidente que Arquimedes é uma pessoas desprezível, não só por sequestrar e assassinar, mas por trazer essa lambança toda para sua família, aliás, para dentro de casa, tendo em vista que os prisioneiros ficavam no sótão gritando, enquanto todos da residência fingiam não estar ouvindo nada, afinal, quem iria questionar a índole de seu querido pai opressor.

Nessa mesma linha, corrobora a direção de Pablo Trapero a qual, com forte influências “Scorcesianas”, conduz a fita de forma arrebatadora ao salientar a frieza do protagonista em suas atitudes, sempre mostrando o contraponto entre o pai dedicado e o criminoso impiedoso. Entretanto, o diretor falha na sua abordagem em relação ao mundo externo. No início da fita, informa-se ao espectador que a ditadura estava em seu fim, apresenta-se todo um contexto político que é esquecido durante toda a projeção, o qual só é lembrado ao final da película. Dessa forma, algumas motivações dos personagens acabam sendo inferidas, me refiro principalmente ao porquê de Puccio, mesmo sendo comerciante de um área aparentemente nobre, cometer os delitos, especialmente, os homicídios.

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No fim das contas, o Clã funciona muito bem como filme, seja de ação, seja de drama. Primeiro por ter um clima e uma condução hollywoodiana (no bom sentido) as quais instigam o espectador e, segundo, pela atuação brilhante de Guillermo Francella no papel de Arquimedes. A complexidade que o ator consegue atribuir ao personagem é assustadora, de uma hora para outra ele se transforma do pai atencioso a um assassino a sangue frio. Infelizmente, o longa falha ao retratar o contexto argentino à época, como se estivesse escondendo as atrocidades que ocorreram não só lá, mas por toda a América Latina. Mesmo assim, nada que atrapalhe totalmente a experiência.

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