Título Original: Al Final del Túnel

Direção: Rodrigo Grande

Roteiro: Rodrigo Grande

Produção: Leonardo Sbaraglia, Clara Lago, Pablo Echarri, Federico Luppi

Estreia no Brasil: 06 de Outubro de 2016

Gênero: Suspense/Thriller

Duração: 120 minutos

Classificação Indicativa: não recomendado para menores de catorze anos

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Não, não tem nada de novo em No Fim do Túnel – e o fato de um dos mais usados ditados dar nome a fita só corrobora com a minha tese. Porém, mais uma vez, temos aqui um exemplo de releituras que sabem muito bem que são pouco inventivas no enredo e, portanto, se utilizam dessa aparente fraqueza para se consolidar não só como exercício de gênero, mas, principalmente, como filme independente cujas referências estéticas e narrativas auxiliam a contar uma história.

Na película temos Joaquín (Leonardo Sbaraglia), cadeirante que vive em uma casa caindo aos pedaços, contudo ainda existem resquícios de que alguma pontinha de felicidade passou por ali. Certo dia, Berta (Clara Lago) e sua filha Betty batem à porta da casa dele para alugar um quarto. A presença delas traz um novo ânimo à vida do protagonista. Durante uma noite de trabalho consertando computadores, Joaquín escuta um ruído quase imperceptível. Para ouvir melhor, ele encosta a orelha na parede e descobre que um grupo de ladrões, liderado por Galereto (Pablo Echarri) está construindo um túnel, que passa por baixo da sua casa, para roubar um banco nas proximidades. De posse dessas informações, ele começa, então, a correr contra o tempo para impedir o esquema de Galereto e sua quadrilha.

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Misturando “Janela Indiscreta” do Hitchcock com “Cães de Aluguel” do Tarantino, o enredo se desenvolve de forma muito inteligente e ágil: o protagonista é apresentado, logo depois os conflitos vão surgindo, amadurecem e, no fim, se resolvem. O roteiro assinado pelo Rodrigo Grande – o qual também dirige o longa – é bastante enxuto, dando mais importância para momentos de tensão e construção de personagem do que enrolações amorosas ou até mesmo explicações sobre o passado de Joaquin e Berta. Ademais, percebe-se uma preocupação com detalhes e com inserções de pistas na narrativa as quais, aparentemente, podem não ter relevaria nenhuma até que…bem vou deixar quieto porque é um spoiler. De qualquer forma, garanto que está tudo muito bem implantado de maneira sutil o suficiente para que todos sejam surpreendidos.

Assim como seu roteiro, a direção é deveras segura em suas escolhas, desde enquadramentos, passando pela mise-en-scène tudo funciona de forma sinérgica e em crescente para um final arrebatador…e tenso. Muito tenso. Há muito eu não ficava na ponta da cadeira, quase roendo as unhas. Registro, inclusive, que isso aconteceu mais de uma vez na fita. Além disso, a fotografia sombria e crua corrobora para criar todo o clima de suspense proposto, ainda que possa parecer um pouco estilizada em certas passagens.

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Misturando diferentes referências de thrillers e suspenses, No Fim do Túnel é inteligente, ágil e, principalmente, sem firulas. É uma pena que a Argentina não tenha apostado as fichas nesse longa para o Oscar. Mesmo assim, a fita é uma excelente pedida para quem, assim como eu, sempre está sedento por uma boa e velha história, recheada de reviravoltas.

About the author

Editor-Chefe do Cine Eterno. Estudante apaixonado pelo universo da sétima arte. Encontra no cinema uma forma de troca de experiências, tanto pelas obras que são apresentadas, quanto pelas discussões que cada uma traz. Como diria Martin Scorsese "Cinema é a importância do que está dentro do quadro e o que está fora".

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