Título Original: Welcome to New York

Direção: Abel Ferrara

Roteiro: Abel Ferrara e Christ Zois

Elenco: Gérard Depardieu, Jacqueline Bisset, Paul Calderon, Amy Ferguson, Marie Moute

Estreia no Brasil: 04 de setembro de 2014

Gênero: Drama

Duração: 125 minutos

Em 2011, um escândalo sexual estampou os principais jornais, chocando o mundo, tratava-se da tentativa de estupro de uma camareira de hotel por parte do até então diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e favorito na corrida presidencial francesa, pelo partido socialistaDominique Strauss-Kahn. O político chegou a ser preso, exposto de todas as formas possíveis, tendo suas ambições dinamizadas, sendo protagonista num caso tão polêmico, com inúmeras reviravoltas, material vasto para adaptar ao cinema. Eis que chega a primeira versão do caso, “Bem-Vindo a Nova York”, sob o comando do diretor Abel Ferrara.

Na trama, o Sr Devereaux (Gérard Depardieu) é diretor de um banco mundial, viajou até Nova York para tratar de negócios, porém essa estadia foi regada a prostitutas, sexo e muitas drogas. Quando o diretor tenta violentar a camareira de hotel, sem sucesso, ele tenta retornar até Paris, porém é preso de imediato no aeroporto JFK, indo atrás das grades e vendo um enorme escândalo vir a tona. Sua mulher (Jaqueline Bisset), vai até os EUA, junto a uma frota de advogados, tentar um desfecho mais digno – ou menos humilhante-, entretanto o fato é que a vida do casal jamais será a mesma.

A principal deficiência do longa-metragem é procurar se basear vagamente no caso original, sendo um relato bastante básico e exagerado, há veracidade questionável nos fatos apresentados, visto a ânsia do diretor e também roteirista Abel Ferrara em construir a figura monstruosa do personagem original em cima do protagonista ficcional. Além disso, o tom condenatório por parte da argumentação é claro, querendo passar por um filme moralista e de ataque ao político, mesmo que reais as acusações, é mostrado com exagero o lado mais baixo de alguém que havia de ter sido uma promissora liderança francesa.

O roteiro é construído de forma superficial e beira ao machismo, tendo diálogos pobres, abusando de inúmeros clichês possíveis do gênero, como a demonização do sistema carcerário -a história do “guarda bom e mau- ou os membros da política serem todos corruptos e viverem livremente na promiscuidade , independente da vida pública. Nada mais é que uma análise grosseira dos políticos, coisa já vista em outras obras e de forma mais instigante. O diretor tenta, ao máximo, chocar o expectador, deixando-o sufocado e com mal-estar nítido, principalmente pelas situações grotescas retratadas, é passível que alguns não suportem chegar até o final do longa.

No que se refere ao elenco, temos um Gérard Depardieu desperdiçando uma boa oportunidade, com uma performance pra lá de irregular, sendo  notório como o ator se esforça para tornar seu Devereaux em um monstro repulsivo, visto, sobretudo, o repúdio por parte do ator francês ao Partido Socialista, após o episódio dele ter abdicado de sua cidadania francesa e aderido a russa, pelo motivo tosco de não aceitar a taxação por parte do Estado Francês de grandes fortunas. A clássica atriz Jacqueline Bisset rouba a cena nos poucos momentos que lhe é dado, com uma atuação minuciosa e expressiva, sendo uma agradável surpresa, conquistando a empatia do expectador, nos colocando em sua situação sem julga-la, só uma atriz veterana e precisa conseguiria tal efeito.

“Bem-Vindo a Nova York” é, de longe, um dos filmes mais perturbadores do ano, tendo seu vasto potencial desperdiçado de maneira absurda, rotulando o episódio polêmico. Por mais que Dominique Strauss-Kahn seja, de fato, uma figura grotesca, é um homem de muitas facetas, bem mais que apenas um viciado em sexo e depravado, sem a mínima racionalidade, que o filme dita, deixando totalmente de lado a liderança promissora, diretora de uma das maiores instituições globais e ainda favorito ao Palácio do Eliseu. Monstruoso ou não, há ainda muito a se dizer sobre a figura e o tão polêmico caso, resta aguardar a abordagem do próprio cinema francês futuramente, para então conseguirmos tirar maiores conclusões de quem era Dominique e o que ele transformou – ou revelou ser. A conferir.

 

TRAILER LEGENDADO

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