Seja por pretensão ou casualidade, um filme se auto-intitular “incrível” já causa no mínimo curiosidade, contudo é comum a frustração nesses casos. O problema é quando, de fato, há potencial no enredo, porém pessimamente desenvolvido, com uma construção pífia de personagens e uns diálogos de doerem os ouvidos. Basicamente, é o que acontece com “A Incrível História de Adaline”, um filme com quê de original, um bom elenco reunido, mas que se perde em meio a uma direção convencional e um roteiro de mal gosto, tornando nada mais que uma obra esquecível.

No enredo, Adaline (Brake Lively) adquire o dom da juventude eterna: após um acidente, seu envelhecimento para, ela basicamente fica “presa” a idade de 29 anos, acompanhando os avanços do mundo sem mudar absolutamente nada. No auge do Macartismo, temendo sofrer investigações e ser descoberta, ela resolve começar a fugir, mudando-se anualmente de cidade, tendo como único vínculo sua filha (Ellen Burstyn). Eis que nos dias atuais, Adaline conhece um jovem galanteador filantropo, mexendo com sua estrutura. Porém, como viver uma vida comum se ela não tem condições para isto? Em determinado momento ela reencontra um antigo amor do passado (Harrison Ford), sendo obrigada a confrontar a si mesma e a sua covardia de viver, ficando na encruzilhada se ainda há chances dela aprender a viver ou se tudo será em vão.

A premissa é interessante, é original, mas é desenvolvida de forma tão superficial que causa tédio. O primeiro é pelo excesso de fofura e meiguice, os conflitos postos a Adaline são tão bobos que dificilmente o espectador consegue ter envolvimento ao ponto de se colocar em seu lugar. Os diálogos são péssimos, há doses de clichês gritantes, personagens que entram e saem sem explicação, uma narração em off didática demais, beirando a vergonha alheia, a própria protagonista não tem tanto a que se prender. Fora o dom incomum e a beleza chamativa da jovem, não há nenhum recheio a ela, tão pouco aos coadjuvantes. A propósito, as cenas nas quais a vida de Adaline muda são grotescamente horrendas, é capaz da própria Rede Globo fazer algo equivalente ou melhor em suas produções. O elenco é forçado em ser carismático e alegre demais, um excesso, sem cargas dramáticas, ninguém se sobressai além da pieguice.

Há muitas ambições em torno do projeto, mas o seu principal erro é ser levado a sério como cinema, quando, na realidade, tem cara e formato de telefilme ou série bem B de televisão. Pode ser fofo, adorável, meigo e até feito com muito amor, mas é superficial ao ponto de ser vazio, não fazendo jus ao “incrível” do título.

TRAILER LEGENDADO

 

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