Chegamos ao quinto dia de Festival com muita chuva e frio aqui em gramado, porém, dentro do cinema já era possível sentir o calor de mais uma noite de muitas emoções com mais quatro filmes em competição. “Catadora de Gente”, de Mirela Kruel foi o curta de abertura dos trabalhos da noite. Em formato documentário, acompanhamos depoimentos de Maria Tugira Cardoso que há 30 anos dedica sua vida a catação de lixo. É uma linda história que merecia uma linguagem narrativa um pouco mais apurada. As escolhas de Mirela na abordagem, em alguns momentos, infelizmente tiram um pouco do peso do que está sendo dito. Ademais, me incomoda quando mostram takes que se propõem a representar alguns afazeres da personagem protagonista, soa forçado e, também, tiram o foco do diálogo.
Em seguida, Mi Mundial, de Carlos Morelli foi o primeiro longa da noite. O enredo gira na história de Tito, um garoto que possui um talento natural para o futebol e está a um passo de conseguir um contrato com o Santos, do Brasil. Porém seu sonho se quebra em mil pedaços e ele deve começar de novo e enfrentar mais um desafio. É uma típica película de superação, daquelas bem moralistas e preguiçosas. A atuação do menino protagonista é pavorosa e sem expressão. O roteiro é bastante inchado, apresentando dificuldades para desenvolver as personagens e, por fim, a tentativa de deixar a atmosfera da fita mais leve, sacramenta qualquer objetivo de criar algum tipo de tensão ou medo pelo futuro do garoto.
Depois de um merecido descanso, a programação volta para mais um curta: A retirada para um coração bruto, de Marco Antonio Pereira. A película acompanha a vida de Ozório, um senhor de idade que passa seus dias ouvindo rock no rádio, enquanto vive o luto da sua companheira. Até que um movimento no céu quebra sua solidão. A proposta de criar uma espécie de ficção científica misturada com estilo documental é interessante. Contudo, em tela, as escolhas do diretor não foram muito felizes. Inicialmente porque a fotografia não é das melhores, dando um aspecto amador que em nada combina com a narrativa e a falta de uma história mais bem delineada, tira qualquer chance do curta ganhar algum destaque.
Por fim, era a hora de Ferrugem, de Aly Muritiba. O último longa da noite, conta a história de Tati, uma adolescente comum e que gosta de compartilhar seus melhores momentos no Instagram e Facebook. Mas a vida dela vira ao avesso quando algo que ela não queria dividir com ninguém cai no grupo de whatsapp do colégio. A despeito do tema ser relevante e envolver diversas discussões referentes a preconceitos, cyberbulliyng e outros problemas que as redes sociais vem revelando, o filme não consegue explorar tudo da forma que se propoe. Seja pelas atuações fracas, seja pelos diálogos pouco apurado, Ferrugem não se destaca e se mostra uma decepção.
Assim encerra mais um fraco dia de festival, nenhuma das quatro produções conseguiu se mostrar boa o suficiente para ganhar algum destaque. Festival é assim, sempre uma montanha russa de emoções.