Twisters” (2024); Direção: Lee Isaac Chung; Roteiro: Mark L. Smith; Elenco: Daisy Edgar-Jones, Glen Powell, Anthony Ramos, Maura Tierney, Sasha Lane, Brandon Perea, Harry Hadden-Paton, David Corenswet; Duração: 122 minutos; Gênero: Aventura, Drama; Produção: Frank Marshall, Patrick Crowley; País: Estados Unidos; Distribuição: Warner Bros. Pictures; Estreia no Brasil: 11 de Julho de 2024;

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(Imagem/Divulgação: Melinda Sue Gordon/Universal Pictures; Warner Bros. Pictures & Amblin Entertainment)

Tenho vagas lembranças de ter assistido ao “Twister” de Jan de Bont, lançado quando eu tinha apenas três anos de idade, em algumas das diversões repetições do filme na TV ou até mesmo quando alguém da família alugava para assistirmos, lá pelos idos dos anos 2000, quando eu já era mais crescido. É inegável que existe um sentimento de nostalgia quase inerente a este filme, porque ele não é apenas um sucesso daquela época, mas também um expoente do que então era o cinema de blockbuster norte-americano e a forma como se consumia filmes, razões pelas quais talvez até hoje os estadunidenses idolatrem o filme protagonizado por Helen Hunt e Bill Paxton. Tanto que chega a ser surpreendente uma continuação, ou qualquer coisa do tipo, estrear nos cinemas quase três décadas depois do original. Mas se há uma oportunidade de mercado para Hollywood, por que deixar escapar, não é mesmo? Então surpreende, também, a escolha para a direção, com Lee Isaac Chung (“Minari”) tomando as rédeas em “Twisters”, assim como a escolha da protagonista, interpretada por Daisy Edgar-Jones; nomes mais alternativos que são quase como um contraponto a Glen Powell (“Assassino por Acaso”), e que se mostram escolhas completamente acertadas e funcionais para o que é este filme.

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(Imagem/Divulgação: Melinda Sue Gordon/Universal Pictures; Warner Bros. Pictures & Amblin Entertainment)

Não é que “Twisters” rechace a nostalgia, mas Lee Isaac Chung compreende que esse não é o melhor caminho para fazer com que seu filme funcione, e o cineasta também é completamente ciente de suas discrepâncias de estilo em relação ao cinema de Jan de Bont, são quase coisas opostas e, até aqui, igualmente boas em sua execução. Se o filme original era mais direto e simplório, tanto em sua narrativa como com seus protagonistas, este novo filme acaba sendo bem diferente nesse quesito, e não é nenhum demérito, são apenas abordagens divergentes. Algo que o “Twisters” discute através dos seus próprios personagens, que são (ligeiramente) menos estereotipados e tem uma base suficiente para colocar determinados pontos de vista e debater sobre eles e a dubiedade de seus personagens. A ação fica um pouco aquém, mas ainda assim há uma boa direção que nos guia com clareza, são definitivamente as construções das sequências que não se fazem tão efetivas como no original, há uma falta de urgência e até mesmo de uma ameaça cada vez mais crescente e derradeira. Tudo que se dá em “Twisters”, narrativamente, é muito protocolar, são pontos burocráticos que o filme se vê numa obrigação de cumprir e que resulta em algo que é menos do que podia ser.

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(Imagem/Divulgação: Melinda Sue Gordon/Universal Pictures; Warner Bros. Pictures & Amblin Entertainment)

Talvez porque Lee Isaac Chung invista numa abordagem mais intimista, que reflete mais o cinema contemporâneo, mais sério e mais sisudo, para o bem e para o mal. “Twisters” está sempre interessado no sentimento de seus personagens, em como o medo, o desespero, os contagia, os faz agir e reagir, e o mote do filme todo vai sendo construído principalmente sobre isso. Para essa toada mais dramática ser efetiva é preciso que os protagonistas estejam a altura, e Daisy Edgar-Jones e Glen Powell são plenamente capazes de conduzir o filme através de suas atuações, especialmente ela, que se faz dona do filme e é quase uma força da natureza. Se há um motivo pelo qual deixamos a suspensão de descrença nos levar cada vez mais adentro da aventura é pelo que a atriz faz em parceria com o diretor, onde os dois conseguem extrair de todo esse cenário caótico uma sensibilidade proveniente de tal delicadeza que faz com que “Twisters” tenha vários respiros que nos permitem apreciar o carinho que o cineasta nutre por essas figuras e paisagens que formam essas cidades interioranas dos Estados Unidos. Ao ser bem-sucedido na construção dessa espécie de carta de amor, “Twisters” é também uma aventura que entretém, mesmo que dentro das suas limitações.

Twisters” – Trailer Legendado:

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