Jesse Eisenberg já foi um dos atores mais promissores lançados por Hollywood, tendo estrelado filmes dos mais diversos cineastas, mas nas suas primeiras empreitadas como realizador em longa-metragens, com “Quando Você Terminar de Salvar o Mundo” e agora “A Verdadeira Dor”, fica bem claro que a maior influência na sua carreira é o cinema de Woody Allen, com quem ele trabalhou em “Café Society”, lançado em 2016. Desde a duração bem compacta, cerca de 90 minutos de duração em ambos os filmes, ao estilo que apresentam, pautados principalmente nos diálogos e, especialmente nesse caso, com uma preocupação estética bem simplista. A preocupação de Eisenberg está, realmente, em explorar através das atuações aquilo que dá título à produção, desenvolvendo os personagens no que acredita ser uma forma irreverente, principalmente devido ao personagem de Kieran Culkin. Ele e Eisenberg interpretam em “A Verdadeira Dor” primos que já não tem tanto contato, mas que resolvem fazer uma viagem juntos para a Polônia, país natal da recém falecida avó dos rapazes, que embarcam numa jornada para conhecer as raízes da família, onde, com todos os clichês possíveis, passarão também a conhecer mais sobre si próprios com os conflitos entre si e o grupo de turistas do qual participam.
“A Verdadeira Dor” é um filme bem simplório, que bate em todas as teclas mais convencionais já vistas antes e Jesse Eisenberg traz pouco, ou quase nada, que possa se assemelhar a uma novidade nesse terreno. O carro chefe são as atuações da dupla que divide o protagonismo do filme, mas até nisso podemos questionar até onde tudo realmente funciona. Cada personagem tem sua “complexidade”, enquanto Eisenberg está tentando interpretar alguém antipático, Culkin parece estar tão à vontade que nos faz questionar se não está somente interpretando a si próprio, com um fiapo de trama de fundo para explicar a vida de cada um dos dois e como suas situações se opõem, como se um precisasse entender a dor do outro para compreender sua própria dor. Por mais que paire essa dúvida em relação a Kieran Culkin, é inegável que seu carisma é responsável por conduzir o que há de melhor no filme, envolvendo não somente os personagens ao seu redor -gerando boas interações principalmente com Jennifer Grey e Kurt Egyiawan-, mas ao próprio espectador. Ainda assim, não é nada que vá muito além do superficial, arrancando uma risada aqui ou ali, ou uma breve reflexão, porque isso é um problema em “A Verdadeira Dor”, que fica num lugar tão comum que seu impacto é menor do que o esperado e suas constatações nunca chegam a ser, de fato, relevantes. Frustrante, tal qual a vida de seus personagens…
“A Verdadeira Dor” – Trailer Legendado:
“A Verdadeira Dor” (“A Real Pain”, 2024); Direção: Jesse Eisenberg; Roteiro: Jesse Eisenberg; Elenco: Jesse Eisenberg, Kieran Culkin, Will Sharpe, Jennifer Grey, Kurt Egyiawan, Liza Sadovy, Daniel Oreskes; Duração: 90 minutos; Gênero: Drama, Comédia; Produção: Ewa Puszczyńska, Jennifer Semler, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Ali Herting, Dave McCary; País: Estados Unidos, Polônia; Distribuição: Walt Disney; Estreia no Brasil: 30 de Janeiro de 2025;