Inspirado por um artigo publicado na Esquire em 2005, “Sing Sing” é baseado na história real do “Reabilitação Através das Artes” (Rehabilitation Through the Arts), programa da prisão de segurança máxima -que dá título ao filme- onde os encarcerados realizam peças teatrais tanto como uma forma de escape como de ressocialização. Um lugar seguro para expressarem seus sonhos e frustrações e, muitas vezes, como uma oportunidade única de ter esperança e alguma forma de liberdade. Tudo isso é muito bem explicado e explicitado durante o filme, que tenta a todo custo ser tocante, porque entende que é assim que deve ser para funcionar e há, também, todo um tom de positivismo e auto-ajuda que o diretor e co-roteirista Greg Kwedar, que co-escreve o filme junto com Clint Bentley, implementa por acreditar ser essa a fórmula para equilibrar o filme.
Penso que essa abordagem tem seus prós e contras em “Sing Sing”, pois há um envolvimento no filme de pessoas que realmente passaram pelo programa, e é compreensível que esse tom seja também para ser respeitoso com eles, tanto como um desejo deles de contar a história dessa forma. Com isso, entretanto, falta ao filme um toque de audácia, e ele parece ficar num lugar muito seguro, esbarrando em clichês e, por vezes, num melodrama barato com elementos que claramente podiam ser melhor trabalhados. Como o fator da empatia, sinto que Kwedar vê a necessidade de explicar os motivos dos protagonistas estarem ali, mas deixar isso em aberto enriqueceria ainda mais a história do filme. Esse vício narrativo em ter que dar explicações faz com que “Sing Sing” caia em um lugar comum.
Além disso, há toda uma artificialidade estética de filme festival, que quer parecer mais artístico do que, de fato, é. “Sing Sing” também não precisava disso, visto que um dos trunfos do filme é justamente conseguir separar bem teatro de cinema, não sendo meramente uma peça filmada, mas um filme que compreende como abordar essa outra forma de arte, o que ressona também nas atuações. É muito bom ver Paul Raci (“O Som do Silêncio”) tendo outra grande oportunidade e dando grandeza a seu personagem, em contrapartida, Colman Domingo (“A Cor Púrpura”) parece estar um tom acima dos demais, excessivo e teatral, destoando como a parte mais frágil do filme. Se há um bom filme em “Sing Sing” ele existe em relação e em razão a Clarence Maclin, que mesmo sendo coadjuvante é quem dá toda a potência necessária para que “Sing Sing” vá a algo além do motivacional, é ele quem é a história e, junto de outros certos coadjuvantes, resgata o filme de sua faceta completamente ordinária.
“Sing Sing” – Trailer Legendado:
“Sing Sing” (2023); Direção: Greg Kwedar; Roteiro: Clint Bentley & Greg Kwedar; Elenco: Colman Domingo, Clarence Maclin, Sean San José, Paul Raci; Duração: 107 minutos; Gênero: Drama; Produção: Clint Bentley, Greg Kwedar, Monique Walton; País: Estados Unidos; Distribuição: Diamond Films; Estreia no Brasil: 13 de Fevereiro de 2025;