Uma Segunda Chance Para Amar (Last Christmas, 2019); Direção: Paul Feig; Roteiro: Emma Thompson & Bryony Kimmings; Elenco: Emilia Clarke, Henry Golding, Michelle Yeoh, Emma Thompson, Patti LuPone; Duração: 103 minutos; Gênero: Comédia, Romance; Produção: Paul Feig, Jessie Henderson, David Livingstone, Emma Thompson; País: Estados Unidos, Reino Unido; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 28 de Novembro de 2019;
O apreço pelos filmes de temática natalina já o transformaram num tipo de gênero cinematográfico. A principal problemática é a carência de um longa verdadeiramente original, fugindo dos clichês usuais de comédias românticas. Um bom exemplar disso é “Simplesmente Amor” (2003), um frescor único ao qual muitos cineastas tentaram por repetir, sem muito sucesso. O comediante Paul Feig (“Um Pequeno Favor“) embarca nessa proposta, com roteiro de Emma Thompson – também atriz no filme –, e faz “Uma Segunda Chance para Amar”, aproveitando o embalo de dois astros em ascensão: Emilia Clarke, conhecia como a Daenerys de “Game of Thrones” e o galã Henry Golding – do sucesso comercial do ano passado, “Podres de Ricos“.
Em uma união de tantas promessas, é difícil imaginar como um projeto desse tenderia ao fracasso. Infelizmente, tantos talentos são desperdiçados, em um filme carente de emoção verdadeira. O sorriso apaixonante de Emilia Clarke é tão artificial quanto qualquer enfeite de uma árvore natalina. Lamentável o diretor Paul Feig, vindo de comédias tão divertidas e criativas, acabar errando a mão, não sabendo exatamente aonde quer chegar.
O roteiro de Emma Thompson e Bryony Kimmings é recheado de clichês. O pior: ele realmente acha ser um texto inteligente, com várias sacadas e ironias as quais se propõem por “inovar” e causar emoção, riso ou reflexão. Soa bastante superficial, sinceramente, as reviravoltas são canastras, beiram ao risível. Fora isso, há um moralismo mesclado com uma crítica política pouco convincente. É um roteiro colcha de retalhos, que tenta atingir todos os lados possíveis. Acaba por não sendo bem-sucedido em nada, sequer em construir uma estória empática, aonde o afeto pelos protagonistas é incentivado. Não há laços entre espectador e o filme.
Se há alguém que consegue gerar algum carisma em tela, é a presença marcante e atmosférica da veterana Michelle Yeoh – que merecia a indicação ao Oscar esse ano por “Podres de Ricos“. Yeoh praticamente devora Clarke em cena. O que faz parecer que sua personagem, no papel de protagonista, teria tornado o filme um pouco mais interessante. Não sei o que é o surto coletivo entorno de Henry Golding, tirando os atributos físicos, suas atuações, em todos os seus últimos papéis, soam bastante canastras e repetitivas. Já triunfo de Clarke aqui é conseguir se desvincular completamente da sua personagem de “Game of Thrones“, porém, não sei ao certo se trata-se de uma atriz realmente promissora. Por enquanto, ainda vem sendo insuficiente. A participação da Emma Thompson no elenco nos brinda com boas risadas, apesar de se tratar de uma mera caricatura. Melhor ver a minissérie “Years and Years” para a encontrar numa personagem mais interessante.
“Uma Segunda Chance para Amar” – aliás, uma tradução de título incompreensível, visto que a personagem principal sequer se apaixona por uma primeira vez (!) – é um filme esquecível, que vem exigir o mínimo de seu público. Uma pena, pois o diretor Paul Feig já ficou marcado por fazer comédias realmente interessantes, numa junção de vários gêneros com comédia, algo inteligente e refinado. Sendo assim, um passo para trás em sua carreira. Um verdadeiro amargo, sem risadas, apenas lamentações.