Premonição 6: Laços de Sangue 01

Crítica | Premonição 6: Laços de Sangue

Premonição” é uma franquia que marcou de maneira mais veemente, acredito eu, principalmente a geração nascida nos anos 90, que nos anos 2000 já tinha idade para assistir, com ou sem permissão, aos primeiros filmes sendo exibidos em diferentes sessões noturnas no SBT. De certa forma pode ser considerado quase uma formação de caráter, com sequências que ficaram cravadas na memória, especialmente o acidente rodoviário do segundo filme, que tinha um tamanho correspondente ao sucesso do seu antecessor. Sem dúvida há, da parte do público, um fator nostálgico muito grande em relação a esses filmes que talvez prejudique o debate sobre a qualidade ou funcionalidade dos filmes, porque é evidente uma queda em vários quesitos depois das duas primeiras produções, se tornando cada vez mais algo com alma de Filme B revestidas com roupagem de primeira classe. O problema é que isso gera um conflito no qual a franquia assume uma rigidez de seriedade que não casa com a faceta quase cômica das mortes, o drama sisudo daqueles que protagonizam o filme são sempre num tom diferente do que o filme precisa para funcionar. Se nos três primeiros filmes o elenco principal ainda tinha méritos com suas atuações, posteriormente sempre foram trabalhos duvidosos. Depois de 14 anos sem um novo filme na franquia, era de se esperar que o tão aguardado “Premonição 6: Laços de Sangue” tivesse entendido as razões pelas quais se viveu tanto tempo sem a franquia, de fato, fazer falta. Contudo, a realidade é que o resultado aqui faz parecer que a franquia ficou parada no tempo.

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(Imagem: Cortesia da Warner Bros. Pictures)

Em termos de valores de produção, “Premonição 6: Laços de Sangue” é o que mais se assemelha em qualidade aos três primeiros filmes, contudo, seu elenco sem sombra de duvidas é um dos mais inferiores da franquia. A protagonista interpretada por Kaitlyn Santa Juana padece de carisma para nos envolver na narrativa de sua família, e talvez o laço que mais surta algum efeito é com seu irmão caçula, interpretado por Teo Briones. Porém, a família dos protagonistas é grande demais para nos preocuparmos com tantas pessoas e a narrativa, a mais longa da franquia, fica convoluta e arrastada demais com tantas ramificações que o roteiro de Guy Busick e Lori Evans Taylor quer explorar, algo que também é uma tentativa de fortalecer essa relação “familiar” com seu espectador. Então temos esse núcleo dramático que tem um peso e uma seriedade maior, e que não funciona muito bem, já do outro lado dos familiares, “Premonição 6: Laços de Sangue” consegue ser efetivo porque sempre assume um tom lúdico em relação a todos ali, sendo que o personagem de Richard Harmon é o mais interessante aqui pela forma como tanto roteiro como ator combinam na caricatura para criar algo que é sarcástico com as próprias regras que a morte estabelece na franquia.

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(Imagem: Eric Milner)

Mas é muito pouco para se oferecer depois de tantos anos, e as tentativas de subverter a narrativa usual conectando gerações diferentes de uma família não funcionam porque a estrutura é muito frágil e o drama, em maioria, é dispensável. Outro fator é que a criatividade de alguns acidentes funciona até dado momento, depois é tudo muito genérico e preguiçoso e num mundo onde aparentemente todos são feitos de massinha. “Premonição 6: Laços de Sangue” acerta quando quebra expectativas de forma irônica ou sarcástica, mas erra ao persistir em histórias e personagens superficiais que se acham auto importantes demais. O que os dois primeiros filmes faziam era brincar com situações corriqueiras que davam uma autenticidade ao pavor que se sentia ao ver as mortes macabras acontecer, até mesmo no terceiro filme, com a montanha-russa e o bronzeamento artificial, coisas palpáveis que foram trocadas pela grandiloquência, mas esse exagero não foi seguido pelo ideal restante da série e o destino final é sempre o mesmo. E mais uma prova de que a autenticidade nunca falha é a participação especial, e final, de Tony Todd aqui. Falecido em Novembro de 2024, o ator faz de sua pequena participação o melhor momento em, possivelmente, qualquer filme da franquia. Se houverem mais Premonições, que esses filmes saibam aproveitar esse tipo de emoção, construída com sinceridade e com nomes que realmente nos cativam.

Premonição 6: Laços de Sangue” – Trailer Legendado:

Premonição 6: Laços de Sangue” (“Final Destinatio: Bloodlines”, 2025); Direção: Zach Lipovsky Adam Stein; Roteiro: Guy Busick & Lori Evans Taylor; Elenco: Kaitlyn Santa Juana, Teo Briones, Richard Harmon, Owen Patrick Joyner, Anna Lore, Brec Bassinger, Tony Todd; Duração: 110 minutos; Gênero: Suspense, Terror; Produção: Craig Perry, Sheila Hanahan Taylor, Jon Watts, Dianne McGunigle, Toby Emmerich; País: Estados Unidos; Distribuição: Warner Bros. Pictures; Estreia no Brasil: 15 de Maio de 2025;

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