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Crítica | Pecadores (2025)

Desde que despontou com “Fruitvale Station” no Festival de Sundance em sua primeira parceria com Michael B. Jordan, há 12 anos atrás, o cineasta Ryan Coogler vinha trabalhando apenas em obras não-originais, sendo continuações, reboots e adaptações de histórias em quadrinhos, mas mesmo dentro de um universo tão asséptico e padronizado quanto os filmes da Marvel, ele e Jordan fizeram parcerias que sempre foram capazes de ultrapassar essas barreiras, com personalidade e principalmente detentoras de uma identidade muito forte. Tais características são aliadas a essa veia do entretenimento que a dupla Coogler e Jordan tem para fazer blockbusters em sua nova produção, “Pecadores”, projeto original e, perceptivelmente, também bastante pessoal, onde Ryan Coogler toma as rédeas da história em suas mãos. Apesar de original, a temática e narrativa em si do filme não são exatamente uma novidade, contudo, todos os elementos aqui são trabalhados para que, em conjunto, “Pecadores” ganhe uma faceta épica e se torne uma obra singular, bastante autoral e radical mesmo que ainda siga diversas regras da cartilha de filmes hollywoodianos. É um filme que claramente tem seus limites, mas sabe utilizá-los como poucos, se tornando algo contagiante e arrebatador conforme sua história vai se desenrolando.

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Cortesia da Warner Bros. Pictures

O grande mérito de “Pecadores” está em como o filme é povoado não só com personagens e atuações que são cheios de vida e nos tocam, mas em como toda a sua cultura transborda pela tela e na forma como Autumn Durald Arkapaw, diretora de fotografia, consegue captá-las. Ela e Coogler nos conduzem, pouco a pouco, numa experiência que quando atinge seu ápice se faz apoteótica, e aqui não é nenhuma hipérbole, porque “Pecadores” reserva ao espectador uma das sequências mais ricas no audiovisual em memória recente. Culmina ali um trabalho que é também da edição som, com uma parceria única na trilha sonora de Ludwig Göransson (“Oppenheimer”) e a decisão de construir o filme com diversas elipses. Se a edição dava ao filme um determinado dinamismo, nessa espécie de clímax musical é quando tudo entra em ação de maneira orgânica e completamente efetiva, e “Pecadores” deixa de ser um filme interessante para se tornar uma grande produção. Só que toda essa antecipação precisa nos recompensar de alguma forma, e é por ser bem sucedido em fazer isso que Ryan Coogler entrega aqui, sem sombra de dúvidas, a melhor produção de sua filmografia.

Pecadores” – Trailer Legendado:

Pecadores” (“Sinners”, 2025); Direção: Ryan Coogler; Roteiro: Ryan Coogler; Elenco: Michael B. Jordan, Hailee Steinfeld, Miles Caton, Jack O’Connell, Wunmi Mosaku, Jayme Lawson, Omar Miller, Li Jun Li, Delroy Lindo, Buddy Guy; Duração: 137 minutos; Gênero: Ação, Drama, Suspense; Produção: Zinzi Coogler, Sev Ohanian, Ryan Coogler; País: Estados Unidos; Distribuição: Warner Bros. Pictures; Estreia no Brasil: 17 de Abril de 2025;

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