A Morte do Demônio: A Ascensão” (“Evil Dead Rise”, 2023); Direção: Lee Cronin; Roteiro: Lee Cronin; Elenco: Lily Sullivan, Alyssa Sutherland, Morgan Davies, Gabrielle Echols, Nell Fisher; Duração: 97 minutos; Gênero: Suspense, Terror; Produção: Rob Tapert; País: Estados Unidos; Distribuição: Warner Bros. Pictures; Estreia no Brasil: 20 de Abril de 2023;

A Morte do Demônio: A Ascensão 02
Imagem: Cortesia da Warner Bros. Pictures

É até impressionante que uma franquia tão longeva como “A Morte do Demônio” tenha um hiato tão grande entre os lançamentos de um filme e outro. A cada 6 anos Sam Raimi lançou três clássicos cults entre os anos 80 e 90, sempre essenciais a qualquer um que se debruçasse a estudar o cinema a partir de qualquer perspectiva. Duas décadas depois a franquia voltou às telonas com um novo capítulo que não somente a revigorou, mas se destacou num gênero que tem um nicho cada vez mais específico e genérico. Entre jump scares de baixo orçamento e slashers de qualidade duvidosa e abundância de violência gratuita, “A Morte do Demônio” de 2013 tentava resgatar algo que havia se perdido ao longo dos anos, dando uma ênfase principalmente a realização de sequências com muitos efeitos práticos. Ainda assim, a franquia não vingou nos cinemas, independentemente de seus números, e agora, uma série com três temporadas e outra década depois, um novo filme chega aos cinemas com nova roupagem, personagens e reintroduzindo a história ao mundo moderno. “A Morte do Demônio: A Ascensão” reconhece toda essa história, mas sem o envolvimento direto de seu realizador e o protagonista originais, o resultado é aquém do que estávamos acostumados.

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Imagem: Cortesia da Warner Bros. Pictures

É importante traçar esse paralelo entre a franquia porque a comparação é fundamental para compreender o que “A Morte do Demônio: A Ascensão” acredita ser e aquilo que realmente é. Há uma variedade de referências a todas as produções que vieram antes do filme de Lee Cronin e o cineasta tenta somar um pouco de cada coisa, numa colcha de retalhos ou um catado de elementos que se assemelham até a certa criatura que aparece em determinado momento do filme. A primeira coisa que dá pra notar é o tom que se quer apresentar, como se fosse mais lúdico, tal qual a continuação do original, o filme de 1987. Só que o “humor” aqui raramente funciona ou arranca risadas, porque nunca é completamente assumido, sendo que até no filme de 2013, com um tom mais dramático, havia ali mascarado um humor na forma de sadismo, onde se viam criadas sequências memoráveis. Aqui, entretanto, o tom é sempre irregular, o filme se leva a sério demais, principalmente quando assume seu subtexto sem nenhuma sutileza e começa a falar sobre maternidade, gestação e aborto. Além de superficial, há uma verborragia que é confundida por militância, ficando óbvia a falta que faz uma visão feminina do todo quando o resultado é um discurso para lá de clichê e completamente vazio.

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Imagem: Cortesia da Warner Bros. Pictures

Outro elemento que influencia muito negativamente no tom de “A Morte do Demônio: A Ascensão” é seu desprendimento com o que, até então, era algo muito terno a franquia. Se os efeitos práticos eram uma bandeira que se ostentava com orgulho, e com muito mérito, aqui abre-se mão quase que completamente disso. Toda a roupagem do filme soa desde o início artificial, enquanto o digital toma conta de quase todo aspecto do filme. Podia se construir um diálogo interessante, mas Cronin parece incapaz disso, se é que sequer demonstra interesse nisso em algum momento. É a banalização do que havia de melhor na franquia, é uma roupagem moderna que engloba todas as artificialidades possíveis e entrega uma obra genérica e pronta para ser consumida pelas novas gerações, ou ao menos assim deseja ser. Tirando sua protagonista, o filme é preenchido por personagens fantasmas que sequer estereótipos conseguem ser, são apenas figuras que vão e vem sem oferecer qualquer peso narrativo. Em meio a isso, uma ou outra sequência causam algum impacto, que nunca vai além do efêmero. É um filme que fala muito bem sobre o momento que vivemos com o audiovisual, mas não porque assim o quer, mas porque é mais uma vítima de um formato em crise de identidade.

A Morte do Demônio: A Ascensão” – Trailer Legendado:

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