Link Perdido (Missing Link, 2019); Direção: Chris Butler; Roteiro: Chris Butler; Elenco: Hugh Jackman, Zoe Saldana, Stephen Fry, Timothy Olyphant, Emma Thompson, Zach Galifianakis; Duração: 95 minutos; Gênero: Aventura, Comédia, Família; Produção: Arianne Sutner, Travis Knight; País: Estados Unidos; Distribuição: Disney / Buena Vista; Estreia no Brasil: 07 de Novembro de 2019;
O estúdio Laika, responsável por algumas das mais celebradas animações dessa última década: “Coraline e o Mundo Secreto” (2009) e “Kubo e as Cordas Mágicas” (2016), todas elas em stop-motion. A nova empreitada da Laika é “Link Perdido” que, apesar de não ter a grandeza das animações citadas, consegue ser uma singela animação, englobando temáticas contemporâneas importantes, gerando debates e emoções distintas. Rendendo, então, uma sessão agradável para os públicos infantis e adultos. O longa encarna um papel de destacar os movimentos retrógrados, conservadores, de não aceitação de teses científicas, como o aquecimento global. No caso do filme, um grupo de exploradores acredita na soberania histórica do homem, desdenhando, portanto, da teoria darwinista da evolução. Na contramão disto, um excêntrico milionário (Voz original de Hugh Jackman), especialista em criaturas místicas, decide arriscar sua vida em prol de achar um descendente animal direto do homem: o tal link perdido, que torna crível o darwinismo. Eis que tal criatura, o “pé grande” (voz original de Zach Galifianakis) é o último de sua espécie, sendo parente distante do iete ou monstro das neves. Eis que os dois se unem para tentar achar um lar para a criatura e desvendar, ainda mais, os dilemas da evolução.
A premissa é extremamente promissora. O fato mais interessante é trabalhar com criaturas tão exóticas, mitológicas, as quais o homem moderno desdenha da possibilidade de sua existência. Contudo, qual a verdade absoluta que o homem tem? Não conhece de fato a natureza, nem os limites entre sua relação com o meio. As vozes ignorantes tendem a superestimar a figura do homem heterossexual cis e branco, tentando frear qualquer viés progressista, qualquer voz de minorias que tentam se afirmar e ganhar visibilidade e espaço. A animação se passa no início do século XX, mas as figuras retrógradas e beirando ao ridículo, por sua ignorância e preconceito, soam pra lá de atuais, vide o atual presidente da república do Brasil.
O problema principal do filme é a constante quebra de ritmo. As interações entre um homem tão sofisticado e pomposo versus uma criatura exótica e bruta rendem uma relação divertida e dinâmica. Contudo, falta chegar em algum lugar, a jornada em si do tal pé grande -apelidado de Sr Link – é um tanto redundante, para não dizer desnecessária. O progressismo entorno dos personagens cativa, porém, deve pegar mais o público adulto, talvez as crianças fiquem um pouco indiferentes para os dilemas daquelas personagens. Inclusive, há um leve debate de gênero, quando o Sr Link decide se nomear com um nome feminino, sendo este uma criatura do sexo masculino. Enfim, rende momentos divertidos, consegue ter um discurso relevante, mas carece de uma emoção genuína pela qual as animações da Laika vem se tornando tão notórias. Ainda assim, é uma opção agradável de se assistir e pensar.
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