Karatê Kid: Lendas 01

Crítica | Karatê Kid: Lendas

Karatê Kid” é uma franquia a qual nostalgia parece um elemento inerente ao que ela é, primeiro por suas similaridades intencionais à “Rocky”, que John G. Avildsen implementou muito bem na trilogia original que marcou não apenas aos que assistiram aos filmes nos anos 80, mas toda uma geração que subsequentemente cresceu assistindo às reprises dos três filmes nos anos 90 em diante. É uma amálgama de sentimentos que uniu gerações e fez parte de nossas vidas, porque eu mesmo tive essa experiência de me envolver com a franquia, até de crescer imitando o golpe final da garça de Daniel LaRusso (Ralph Macchio), mas é inegável que, de alguma forma, isso precisaria ser renovado para que fosse transmitido às novas gerações. Se, apesar de algum sucesso de bilheteria, o reboot protagonizado por Jaden Smith e Jackie Chan em 2010 não vingou como uma franquia, a série “Cobra Kai” e sua longevidade demonstrou que ainda havia interesse nesse Universo, não é à toa, portanto, que nos deparamos com um novo filme, que apesar de levar o título “Karatê Kid: Lendas”, podia muito bem ter seu subtítulo substituído por “gerações” que talvez fizesse até mais sentido. A realidade, porém, é uma só: o filme de Jonathan Entwistle mira toda e qualquer geração possível.

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Não que seja um crime apelar a todos os públicos possíveis, é uma prática comum numa indústria que visa lucro acima de tudo, e possivelmente essa obrigação de ser apelativo tanto como uma obra nostálgica como moderna gere um conflito que mais prejudique o trabalho de Entwistle. “Karatê Kid: Lendas” parte de ideias e sentimentos bastante simples, é humilde com suas intenções porque quer, acima de tudo, ser prático e, assim, se pensarmos em sequências isoladas, várias delas boas, principalmente por conta de seu elenco, com um carisma de sobra vindo de Jackie Chan e Ben Wang e Sadie Stanley, estes dois últimos que também tem química de sobra para formar um casal que é fofo o suficiente para nos vermos investidos em seu relacionamento. É esse envolvimento sentimental, mesmo que mínimo, que alavanca o filme, porque imageticamente é não só de uma pobreza visual, mas também criativa, com cenas de ação muito mal dirigidas e filmadas, com lampejos de diversão em algumas participações de Jackie Chan, mas que de qualquer forma deixam a desejar. A forma como a narrativa toda se desenvolve aos poucos também deixa uma impressão bem clara, que “Karatê Kid: Lendas” tem um formato que quer ser fácil de consumir, quase como se fosse uma coleção de pequenas sequências que podiam ser assistidas pouco a pouco no Tik Tok.

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Só que essa tentativa de ser algo efêmero, de rápido e fácil consumo, faz com que “Karatê Kid: Lendas” se torne algo convoluto demais para seus apenas 94 minutos de duração. São muitos personagens e tramas paralelas que o roteiro de Rob Lieber tenta dar conta e muita coisa fica sobrando. Toda a trama envolvendo o personagem de Joshua Jackson, por exemplo, parece uma tremenda perda de tempo, mesmo que sirva como um pretexto para desenvolver o casal protagonista e uma motivação para o personagem de Ben Wang voltar a lutar. Contudo, isso só faz com que o filme fique repetitivo e, posteriormente, corrido demais, com resoluções cada vez mais simples e genéricas, com vilões para lá de maniqueístas e consequentemente sem graça, torcemos pelo heroi, tudo bem, mas o antagonismo é tão singelo que que o clímax perde sua força. Há toda uma roupagem interessante para a sequência final de lutas, bastante dinâmica e condizente com essa modernidade que o filme quer expressar, mas falta a “Karatê Kid: Lendas” aquele algo a mais que empolgue, porque com uma trilha sonora tão genérica, tanto a composta para o filme como da escolha das músicas, e uma base tão forçada na nostalgia, é pouco o que Jonathan Entwistle tem a oferecer como novidade.

Karatê Kid: Lendas” – Trailer Legendado:

Karatê Kid: Lendas” (“Karate Kid: Legends”, 2025); Direção: Jonathan Entwistle; Roteiro: Rob Lieber; Elenco: Jackie Chan, Ralph Macchio, Ben Wang, Joshua Jackson, Sadie Stanley, Ming-Na Wen; Duração: 94 minutos; Gênero: Ação, Drama; Produção: Karen Rosenfelt; País: Estados Unidos; Distribuição: Sony Pictures; Estreia no Brasil: 08 de Maio de 2025;

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