Invasão Zumbi (Busanhaeng, 2016); Direção e Roteiro: Yeon Sang-ho; Elenco: Gong Yoo, Ma Dong-seok, Jung Yu-mi, Kim Su-an, Kim Eui-sung, Choi Woo-shik, Ahn So-hee; Duração: 118 minutos; Gênero: Ação, Drama, Terror; Produção: Lee Dong-ha; Distribuição: Paris Filmes; País de Origem: Coreia do Sul; Estreia no Brasil: 29 de Dezembro de 2016;
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Invasão Zumbi é uma tradução de título até que contextualmente correta, pela situação que os personagens encontram no filme. Contudo, só demonstra como é uma tentativa de tornar este um filme mais apelativo do que seu título original dá a entender que é. Não que fosse preciso, afinal, o filme escrito e dirigido por Yeon Sang-ho é bastante funcional nos moldes comerciais.
Não há dúvidas, independentemente de quaisquer defeitos que o filme apresente, que é gratificante ir ao cinema ver um filme de tal gênero em outra língua que não o inglês. Junto disso também acompanham o filme ligeiras, mas por vezes fundamentais, percepções diferentes sobre o que um filme tal como este precisa ter.
A ausência de armas em quase toda a decorrência do filme, há raríssimas exceções, com nem sequer um tiro disparado durante as duas horas de desespero dos personagens as quais somos submetidos, é um choque de realidade e tanto, ainda mais em se tratando de um filme com zumbis.
Tal elemento, no entanto, fala menos sobre o filme em si e mais sobre como nós, ou ao menos boa parte de nós, como público, estamos acostumados ao excesso de violência apresentado pelas produções norte-americanas. Pouca, ou quase nada, da violência presente em Invasão Zumbi é gratuita, muito porque não é a intenção do filme focar nisso.
Todavia, a ausência disso também age como uma via de mão dupla, porque enquanto tal ausência se faz bem-vinda, por outro lado a amenização da sede de sangue dos zumbis revela como o filme se esforça para enquadrar-se em moldes convencionais, recorrendo a artimanhas que tendem a baixar sua censura.
Não que isso seja um objeto de incômodo tanto como ocorre quase que semanalmente com filmes Hollywoodianos e os órgãos reguladores de censura, mas é fato que Invasão Zumbi não é menos sanguinário só por escolhas estéticas. O que auxilia a mascarar tais intenções é o que nos conduz por todo o filme, que aqui consegue ser observado com muito mais clareza.
Mesmo a tensão se fazendo constante por todo o filme, quem clama por mais espaço aqui são os dramas pessoais. Há, entretanto, que se separar o que funciona daquilo que é forçosamente jogado como natural. Porque o roteiro de Invasão Zumbi está longe de fazer favores a qualquer um dos atores.
O que os torna mais agradáveis, e talvez o que nos aproxime ainda mais de seus personagens, é a química e o carisma apresentados pelo elenco. Ambos funcionam muito mais satisfatoriamente do que a narrativa na qual seus personagens se encontram inseridos. Boa parte do que podemos encarar como uma catarse emocional é proveniente dessas virtudes que encontramos no elenco.
Porque quando paramos para encarar o filme, com a frieza necessária, Invasão Zumbi sequer escapa dos clichês convencionais dos filmes de Hollywood. E não é mentir dizer o quanto se assemelha de tais filmes, o quanto tenta ser um deles. A diferença é evidente, no entanto, não na incompetência de um profissional aqui ou outro lá, mas nos valores investidos nestas produções em ambos os países.
Muitas cenas, aposto, serão relevadas pelo público por se tratar de um filme Sul Coreano. Até aí, tudo bem, muitas vezes é um mal necessário. O problema é quando tais cenas e/ou sequências se assimilam, ou tentam ser, o que já vimos em filmes vindouros das terras do Tio Sam. Comparações principalmente com Guerra Mundial Z (World War Z), de Marc Forster, são prejudiciais ao filme aqui, não porque é inferior, mas por tentar se tornar algo que não é ou não precisava ser.
Pior é como Invasão Zumbi se entrega por completo durante seu clímax, quando ao invés de se manter na seriedade do drama de seus personagens, apela a melodramas e conveniências do roteiro apostando mais no emocional do que no racional. Só não chega a ser risível porque é trágico, afinal, ali se vê em ir vão todo e qualquer resquício de excelência no que havia se trabalhado até então.
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