Fala Comigo (2016); Direção e Roteiro: Felipe Sholl; Elenco: Karine Teles, Tom Karabachian, Denise Fraga, Emílio de Melo; Duração: 92 minutos; Gênero: Drama; País: Brasil; Distribuição: Vitrine Filmes; Estreia no Brasil: 13 de Julho de 2017;

A juventude brasileira é uma temática bastante abordada pelo cinema recentemente, como visto nos filmes Hoje eu quero voltar sozinho (2014)” e “Mãe Só Há Uma (2016)”. Não por acaso, a sociedade do país passou por amplas mudanças estruturais que se refletem amplamente na atual nova geração. Fala Comigo segue a onda de abordar essas mudanças sociais, seguindo ainda a onda dos novos diretores que permeiam a cena cinematográfica nacional contemporânea. Laureado com o Troféu Redentor, prêmio máximo do Festival do Rio de 2016, o longa-metragem aborda o romance entre uma mulher de 40 anos e um jovem de 17, em meio ao cenário de desestrutura familiar, vendo seus pais passando por um processo de separação e com anseios do futuro no que diz respeito às escolhas pós-ensino médio.

A estória gira entorno de Diogo (Tom Karabachian), um garoto de classe média no terceiro ano do ensino médio que tem como “hábito” ligar para as pacientes de sua mãe de forma secreta apenas para ouvir a voz delas a fim de masturbar-se. Ele então começa a ficar aficionado com Ângela (Karine Teles), uma quarentona depressiva recém-divorciada. Em certo momento, ao tentar suicídio e anuncia-lo por telefone, o jovem acaba por sair do anonimato e adentrando na vida da mulher, iniciando assim um relacionamento com ela. Paralelamente, seus pais (Denise Fraga e Emílio de Melo) passam por um momento conturbado no casamento, influenciando indiretamente a forma de Diogo ao lidar com as situações. Ele simplesmente prefere, então, embarcar em tal relacionamento como uma fuga da realidade que exige tantas responsabilidades de alguém tão jovem.

Fala Comigo 02

Um relacionamento entre pessoas com idades tão diferentes é, notoriamente, um tabu na sociedade atual. É comum ouvirmos, inclusive, comentários maldosos sobre relações assim – não sejamos hipócritas. Portanto é um ponto corajoso o diretor e também roteirista Felipe Sholl fazer o mínimo para polemizar essa questão, a maior questão do longa são os dilemas vividos individualmente por cada um dos personagens e não a relação entre si. Entretanto, a problematização se vale mais na criação de elo entre a personagem de Karine Teles e o do estreante Tom Karabachian. Soa um tanto como fetiche de ambas as partes, não chegando nem a desenvolver essa questão do próprio jovem. Isso pareceu uma certa preguiça do roteiro em desenvolver as questões mais íntimas do personagem, no qual tem tantos panos para identificação num desenvolvimento mais inspirado.

A direção também parece rondar no lugar comum, evitando provocar o espectador, ainda que a temática por si só já sirva como algo provocativo para alguns. A sutileza na direção destoa certa fragilidade na condução da narrativa, sobretudo ao dar superficialidade nas questões que englobam a vida do menino – a sua sexualidade, a família, o vestibular etc. É um filme jovial, bonito de se ver e se sentir, mas fraco na condução de ser um estudo mais relevante sobre os personagens, algo que “Mãe só há uma (2016)” soube fazer com mesmo tom sútil vindoura da direção.

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O longa Fala Comigo pode não ser considerado um dos melhores da recente safra de filmes nacionais sobre as temáticas da juventude, porém a curiosidade do assunto e as belas atuações de Karine Teles, Tom Karabachian e Denise Fraga tornam uma agradável oportunidade para despirmos de preconceitos sociais internalizados e abraçarmos um pouco uma visão pouco vista no cinema nacional. Ainda que seja superficial.

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