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Crítica | F1 (Fórmula 1: O Filme)

Devido a sua bagagem com produções digitais, como comerciais para videogames, Joseph Kosinski teve sua estreia como cineasta no comando do subestimado “Tron: O Legado”, 15 anos atrás. Apesar do sucesso moderado, sua carreira não vingou da forma que se imaginava, mas seu segundo longa-metragem, “Oblivion” (2013), dava uma amostra do que o futuro reservava para ele, ainda mais na parceria com Tom Cruise. O maior sucesso da dupla, entretanto, só seria realizado quase uma década depois, com “Top Gun: Maverick” sendo um dos maiores sucessos de bilheteria na história do cinema norte-americano. O impacto desse filme gerou um efeito cascata, claramente influenciando as dinâmicas de “Missão: Impossível – O Acerto Final”, finalmente tirando do papel uma sequência de “Tron: O Legado” e, por fim, permitindo a Kosinski comandar outro blockbuster com outra grande estrela de Hollywood. “F1” ou “Fórmula 1: O Filme” traz Brad Pitt como um piloto aposentado da modalidade que retorna para a mesma no desafio de ajudar seu antigo companheiro de equipe -interpretado por Javier Bardem, que pode perder o controle da equipe que agora comanda caso não cumpra uma tarefa que, a princípio, parece simples: vencer uma única corrida. O problema é que eles são os piores e a última colocação é sua rotina.

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(Foto Cortesia da Warner Bros. Pictures / Apple Original Films)

F1” mescla a premissa de azarões com a de um jovem promissor que viu seu sonho ruir e agora vive longe dos holofotes, ainda que seja o melhor no que faz. O Sonny Hayes de Brad Pitt é um bad boy que sabe que é o melhor no que faz, e toda a dinâmica da equipe, inclusive seu enfrentamento com seu novo companheiro de equipe, o novato Joshua Pearce (Damson Idris), parecem emprestar elementos de sobra de “Top Gun: Maverick”, talvez seja cansativo bater nessa tecla, mas é realidade porque aqui se tenta seguir a risca uma receita que entendem ser a do sucesso. E essa figura interpretada por Brad Pitt -e ele sendo a estrela que é-, frente aos estrangeiros da Fórmula 1 e a influência que ele começa a exercer sobre cada aspecto de sua equipe, fazem com que “F1” soe até ufanista e não é por acaso, é um “herói” estadunidense para o público estadunidense. Não à toa é tudo completamente artificial, todas as relações ali, são tentativas de replicar uma fórmula. A química entre Pitt, Kerry Condon, Damson Idris e Javier Bardem sustenta, então, não só a superficialidade de seus personagens, mas de todo o drama que parece desocupar desnecessariamente tanto tempo de tela.

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(Foto Cortesia da Warner Bros. Pictures)

A carta na manga de “F1” está justamente naquilo em cima do que o filme se promove, que é sua parte técnica, nos levando para dentro da ação nas pistas durante as corridas. É compreensível querer desenvolver um escopo dramático para engrandecer mais nosso envolvimento com os personagens nessa jornada, mas dessa maneira truncada, superficial mesmo querendo ser complexa porque é completamente genérica, é um empecilho para o que realmente funciona aqui. Mesmo com a narração incessante, verborrágica e didática das corridas, Joseph Kosinski consegue imprimir nessas sequências uma adrenalina que é contagiante, onde não importa a história dos personagens fora das pistas, mas as dinâmicas que se desenvolvem nas corridas. Todo o restante, inclusive os narradores, são barulho externo que atrapalham, assim como a trilha sonora de Hans Zimmer, que remete em alguns momentos ao seu trabalho em “Rush” e, em outros, não tem coragem alguma de ser algo que realmente impacte ou deixem de ser variações preguiçosas de seus trabalhos prévios. Quando “F1” parte para o prático, quando sua ação é direta, é o que há de melhor e a recompensa, por mais que demore a vir, é extasiante, numa sequência em que o “voo” justifica tudo o que este filme é em sua melhor forma.

F1” – Trailer Legendado:

F1” (2025); Direção: Joseph Kosinski; Roteiro: Ehren Kruger; Elenco: Brad Pitt, Damson Idris, Kerry Condon, Tobias Menzies, Javier Bardem; Duração: 155 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Drama, Esporte; Produção: Jerry Bruckheimer, Joseph Kosinski, Lewis Hamilton, Brad Pitt, Jeremy Kleiner, Dede Gardner, Chad Oman; País: Estados Unidos; Distribuição: Warner Bros. Pictures; Estreia no Brasil: 26 de Junho de 2025;

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