Eleições (2018); Direção: Alice Riff; Roteiro: Alice Riff, Vanessa Fort; Elenco: –; Duração: 100 minutos; Gênero: Documentário; Produção: Heverton Lima; País: Brasil; Distribuição: Olhar Distribuição; Estreia no Brasil: –;

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“2018 é ano de eleições, o que vocês acham que vai mudar? Nada?!” É com essa indagação que se abre “Eleições”, novo longa da diretora Alice Riff, do premiado “Meu Corpo é Político“. Mais emblemático é esta ser feita por um professor, após um processo de disputa eleitoral a nível nacional que culminou na derrota de um professor e na ascensão de grupos de extrema direita ao poder. Quase que catártico, o longa documental aborda a disputa eleitoral de uma escola pública de São Paulo em meio as eleições para o grêmio, dividindo-se em quatro chapas representativas.  Acontece que tais chapas são quase um retrato social do Brasil atualmente.

Um grande mérito de Riff é conseguir dar dimensão para cada uma das chapas, independentemente de identificação. Assim como em uma eleição nacional, cabe ao eleitor/ espectador se identificar com aquela que mais o representa, validando assim suas convicções mediante seu voto naquela chapa.  É impressionante a atualidade da temática, como uma escola consegue retratar de forma fidelíssima o Brasil. Sobretudo, é instigante como Riff consegue denunciar como a falta de representatividade começa, em cerne, nos pequenos núcleos, como grêmios estudantis, até as altas casas legislativas, como o Congresso Nacional.

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A dissecação social se faz também na forma de exaltação à educação pública, mostrando que os principais males da sociedade brasileira podem muito bem serem sanados com foco na educação. Sobretudo, investindo e incentivado desde sempre a participação política do jovem nos eventos políticos da comunidade local, seja nos assuntos meramente estudantis ou nos assuntos de maior amplitude, como projetos de leis federais. Contudo, é um filme extremamente político, mas sem ser panfletário ou mesmo chato. São tão espontâneos os indagamentos, os embates e conflitos de cada chapa, que torna aquela disputa eleitoral muito mais instigante e propositiva do que foi mesmo a disputa presidencial – não duvido que nenhum daqueles estudantes tenha capacidade superior ao do presidente eleito.

Acima de ser um filme sobre política ou mesmo educação, “Eleições” é um longa que foca em Cidadania. Nisso como forma de civismo, humanismo e uma das melhores formas para combater o ódio e qualquer tipo de intolerância. Realizado e finalizado meses antes das eleições, quase profético, não deixa de ser redentor para os tempos que virão. Não meramente propondo uma resistência, e sim por também propor um alento que há pessoas, dia à dia, resistindo e buscando se organizar, lutar e, principalmente, sonhar. Em tempos como os de hoje, não há ato mais esperançoso que esse.

“Eleições” – Teaser:

Esse texto faz parte da cobertura do 20º Festival do Rio.

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