Crítica | O Dublê (2024)

O Dublê” (“The Fall Guy”, 2024); Direção: David Leitch; Roteiro: Drew Pearce; Elenco: Ryan Gosling, Emily Blunt, Aaron Taylor-Johnson, Hannah Waddingham, Teresa Palmer, Stephanie Hsu, Winston Duke; Duração: 111 minutos; Gênero: Ação, Comédia, Romance; Produção: Kelly McCormick, David Leitch, Ryan Gosling, Guymon Casady; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 02 de Maio de 2024;

O Dublê 02
(Divulgação: Universal Pictures)

Desde o lançamento de “John Wick – De Volta ao Jogo” o estilo dos filmes e das cenas de ação feitos “por Hollywood” sofreram um impacto majoritariamente positivo, com os dublês tendo mais controle sobre como as cenas são filmadas, e não apenas em sua coreografia. Isso quando não são os próprios dublês (ou ex-dublês) que comandam o filme todo, como é o caso aqui. Obviamente, alguns projetos demonstram isso de maneira muito melhor que outros, inclusive podendo facilmente se traçar um comparativo disso entre os filmes que vieram a seguir na carreira de cada um dos co-diretores do primeiro “John Wick”, enquanto Chad Stahelski desenvolveu a franquia com um filme cada vez mais impressionante que o outro, em todos os níveis, David Leitch foi de moderados filmes de ação –“Atômica”- a blockbusters megalomaníacos -como “Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw” e “Deadpool 2”. Duas mentes que partiram de lugares semelhantes, mas que encaram o cinema de maneira quase que completamente diferentes, mas que concordam plenamente, assim como quase o mundo todo, que o reconhecimento para a categoria de dublês pela própria indústria é menor do que deveria. Assim, “O Dublê” é uma carta de amor de Leitch para seus colegas de profissão, e bem ao seu estilo megalomaníaco.

O Dublê 03
(Divulgação: Universal Pictures)

Excesso parece ser a palavra de ordem para David Leitch, porque realmente ele não tem o menor pudor em se exceder, seja no que for, em “O Dublê”. Na realidade, é uma constante de seus filmes, que parecem se estender sempre mais que o necessário e com narrativas que se fazem abarrotadas, e aqui não é nem um pouco diferente, a não ser pelo fato de que o filme tenta ser mais autoconsciente que suas produções anteriores, até pela questão da metalinguística que envolve o todo. O fato de ser “meta” apazigua alguns dos excessos, contudo, nem isso é capaz de tornar o filme mais funcional, porque soa mais como uma desculpa por não conseguir contornar seus problemas do que uma solução viável para algo já constante na filmografia do cineasta. Assim, narrativamente “O Dublê” dá diversas voltas sem necessidade para contar sua história e desperdiça tempo com vários personagens dispensáveis, além de subutilizar algumas estrelas como Winston Duke (“Nós”) e a recém indicada ao Oscar Stephanie Hsu (“Loucas em Apuros”), atriz que inclusive tem uma veia cômica que serviria muito bem ao filme se sua personagem fosse melhor enquadrada na narrativa. São consequências de um filme que quer atirar para todos os lados e deixa algumas pontas soltas.

O Dublê 04
(Divulgação: Universal Pictures)

Até porque o foco principal de “O Dublê” é o romance entre os personagens de Ryan Gosling (“Barbie”) e Emily Blunt (“Oppenheimer”), e os dois tem uma química excelente e em parte seguram não só a faceta romântica do filme, mas também a cômica. Só que como não existem sutilezas para Leitch, tudo é muito acima do tom e a coisa desanda para algo bem melodramático, não somente isso, se seus filmes se fazem longos por suas narrativas, aqui Leitch vai até além e faz suas sequências românticas/cômicas quase um martírio quando tenta espremer até o bagaço todo momento protagonizado pelo casal de superestrelas, capaz até de fazer inveja à versão mais longa de “All Too Well”, de Taylor Swift. Outro problema é que o personagem de Ryan Gosling é tão apenas uma nota que o ator parece mais uma extensão ou variação de seu Ken do filme de Greta Gerwig, chega a ser cansativo. É até irônico, porque quando “O Dublê” é mais direto, principalmente nas suas cenas de ação, o filme não só é bastante divertido e gera diversas piadas funcionais com sua temática, mas é um filme de ação acima da média aos enlatados de Hollywood e uma bela homenagem a grandes histórias de dublês, mas tem toda essa história em seu entorno que, honestamente, uma parte se resolve quase que de início e o resto é uma complicação que torna tudo uma galhofa repetitiva e que desesperadamente busca uma saída que parece nunca estar próxima, mais que para o espectador do que para seus próprios personagens.

O Dublê” – Trailer Legendado:

Um comentário sobre “Crítica | O Dublê (2024)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.