- Título Original: Teenage Mutant Ninja Turtles
- Gênero: Ação/Aventura
- Duração: 101 minutos
- Direção: Jonathan Liebesman
- Roteiro: Josh Appelbaum, André Nemec & Evan Daugherty, baseado nos personagens de Kevin Eastman & Peter Laird
- Elenco: Megan Fox, Will Arnett, William Fichtner, Alan Ritchson, Noel Fisher, Jeremy Howard, Pete Ploszek, Danny Woodburn & Whoopi Goldberg
- País de Origem: Estados Unidos
- Ano: 2014
“As Tartarugas Ninja”, faz parte de um grupo de filmes, feitos em um dos períodos mais nostálgicos do cinema – as décadas de 80 e 90. Época essa, em que foram lançados o melhores e mais adoráveis “filmes família” do cinema, os chamados Clássicos da Sessão da Tarde, reprisados inúmeras vezes na televisão e lembrados com carinho até hoje pelo público. Eu mesmo, não tendo presenciado essa fase por completo, me recordo das tardes depois da escola assistindo esse e muitos outros inúmeras vezes, sem jamais me cansar de revê-los. Lançado em 1990, o original se baseava nos quadrinhos da Mirage Comics, de 1984, tornando-se um sucesso absoluto, sendo uma das obras independentes mais lucrativas do cinema.
Nesse reboot, temos a jornalista April O’Neil, que vive frustrada com as matérias que recebe. Ela acaba por descobrir em uma noite a existência das quatro tartarugas geneticamente alteradas – Raphael, Michelangelo, Donatello e Leonardo, que vivem nos esgotos junto com o rato e seu treinador, Splinter. Eles são os responsáveis por combater o Destruidor e o Clã do Pé, que espalham o caos e tem em mente um plano maligno contra Nova York.
Não gosto de ficar estabelecendo comparações em casos como esse, mas aqui me pareceu quase que inevitável, até porque mesmo se considerado algo individual ou original, o resultado final dessa versão 2014 continua muito fraco. Jonathan Liebesman (de “Fúria de Titãs 2” ), levou o desafio da direção, enquanto Michael Bay ( de “A Ilha” e “Transformers” ) é um de seus produtores. A mão de Bay no projeto é bem nítida e que infelizmente não fica só na influência para levantar altos valores dos estúdios ou nos ótimos efeitos, uma de suas principais marcas registradas. Duas das principais críticas ( merecidas ) que o cinema do diretor costuma enfrentar são os roteiros, quase sempre em segundo plano na preferência pelo maior cuidado técnico e as cenas de ação, muitas vezes confusas, tornando-se entediantes. Essa sua última característica, pode ser vista aqui em uma cena – a descida de uma espécie de montanha coberta de neve, onde muitas coisas acontecem ao mesmo tempo, cortes rápidos e uma mistura de atores reais com personagens digitais. Em um filme que têm como principal foco esses momentos, é necessário no mínimo que isso funcione, na finalidade de entreter o espectador.
Na adaptação dos anos 90, um de seus principais charmes era o carisma dos personagens. Cada um tinha sua identidade própria, desde as quatro tartarugas mutantes com nomes de pintores renascentistas, Leonardo, Michellangelo, Donatello e Raphael, até o rato Splinter – uma espécie de pai do grupo. Bastante atrapalhados, soltavam piadas ligeiras e certeiras, ficando difícil não se criar um favoritismo ou achar um ponto em comum com a personalidade de algum deles. Aqui, parece não existir nenhum tipo de conexão entre o quarteto ( visualmente exagerados e muito maiores ) e o público, quase todos com o mesmo perfil, fazendo agora piadas extremamente repetitivas e bobinhas.
O vilão Destruidor, que deveria ser uma figura relevante, acaba por se tornar um dos personagens mais vazios do roteiro preguiçoso. Seus motivos são explicados rapidamente e pouco consegue impor algum medo ou perigo, não sendo marcante como um bom vilão deveria ser. Serve mais para a ação, onde aparece com sua espécie de armadura, na tentativa de dar mais “emoção” para essas cenas. Megan Fox, no papel da jornalista April, está aqui evidentemente pela beleza que a fez aparecer também nos outros trabalhos com a assinatura de Bay. Sua presença em nenhum momento chega a incomodar, mas devido ao sucesso de sua figura entre o grande público, acabam a tornando a figura principal do filme, mais do que as próprias tartarugas. Seu par é Will Arnett, fazendo o típico bobinho apaixonado, em mais uma das tentativas de inserir humor na trama e tornado-a ainda mais clichê.
Existem muitas diferenças entre os públicos das duas versões. Não fui muito otimista quando surgiram as primeiras notícias desse reboot, mas sempre acreditei que fosse possível trazer toda aquela antiga magia que fazia o original ser tão memorável, adicionando um pouco do gosto dos espectadores atuais. “As Tartarugas Ninja”, acaba por ser nada mais do que algo planejado com cuidado para ser um tremendo sucesso de bilheterias. Pelo visto deu certo, analisando as altas cifras que o filme arrecadou na sua estreia. Só faltou nesse excesso de preocupações, uma vontade de se criar algo tão especial para a atualidade quanto o original foi para mim e muitos outros na época.
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