“Covil de Ladrões” foi uma grata surpresa em 2018, uma pérola do cinema de ação que mesmo com alguns problemas e limitações conseguiu se equilibrar pelo trabalho de direção de Christian Gudegast, que pesou a mão no roteiro em quesitos sobre os quais o filme não foi capaz de se debruçar com a devida densidade que era necessária. A condução do thriller criminal, porém, é bem acima da média daquilo ao que Hollywood nos acostumou, fazendo com um orçamento considerado mediano para a indústria de lá algo muito superior ao que se vê em filmes que custam centenas de milhões de dólares. 2025 começa, portanto, nos presentando com a continuação daquele filme, e “Covil de Ladrões 2: Pantera” eleva o que se viu em seu antecessor por aprender com seus erros, ainda que tente ser um pouco mais complexo do que deve em determinados momentos. Porém, deixando de lado questões mais políticas e relações familiares, Gudegast entrega um filme mais direto na parceria inusitada entre os personagens de Gerard Butler e O’Shea Jackson Jr., que vão às ruas da Europa numa empreitada com regras, morais e códigos de honra muito diferentes daqueles aos quais se acostumaram nos Estados Unidos, entregando um thriller extasiante.

Com exceção do prólogo, que nos introduz ao novo capítulo da história, “Covil de Ladrões 2: Pantera” tem um primeiro ato que parece um pouco engessado, preso ao que foi o primeiro filme e ao que anseia a ser, engrenando somente aos poucos para se libertar completamente do que possa lhe atrapalhar. Quando finalmente consegue essa liberdade, o filme é puro deleite, muito bem fotografado e montado, além de tudo é um belíssimo passeio por algumas cidades da Europa, mas ao invés de explorá-las de uma forma degradante ou xenofóbica, o filme de Gudegast exibe um respeito que pouco se vê no cinema estadunidense, e isso evoca até algumas gags muito boas. Há um espécie de integridade, que se expande também para a narrativa, que é muito fiel aos seus personagens e às regras que estabelece, fazendo com que toda a construção que existe ali recompense o público. As idas e vindas da preparação do plano culminam numa execução, na frente e atrás das câmeras, que é de tirar o fôlego, numa sequência intensa que transforma o clímax de “Covil de Ladrões 2: Pantera” em um dos mais marcantes dos últimos tempos, sem sombras de dúvidas. As peças se encaixam perfeitamente e a tensão é construída e conduzida de maneira exímia, até melhor que no primeiro filme, mas é o que vem depois que complementa este como o grande filme que é, porque não são necessárias palavras para descrever os acontecimentos ou os sentimentos, está tudo ali, explícito através do que Gudegast capta visualmente, seja na construção desse seu universo urbano ou nas reações de seu elenco, com Gerard Butler conseguindo, surpreendentemente, entregar uma atuação convincente da jornada de seu personagem. O resultado é algo que merece ser contemplado!

“Covil de Ladrões 2: Pantera” – Trailer Legendado:

“Covil de Ladrões 2: Pantera” (“Den of Thieves: Pantera”, 2025); Direção: Christian Gudegast; Roteiro: Christian Gudegast; Elenco: Gerard Butler, O’Shea Jackson Jr., Evin Ahmad, Salvatore Esposito, Meadow Williams, Swen Temmel; Duração: 131 minutos; Gênero: Ação, Crime, Policial, Thriller; Produção: Tucker Tooley, Gerard Butler, Alan Siegel, Mark Canton; País: Estados Unidos; Distribuição: Diamond Films; Estreia no Brasil: 30 de Janeiro de 2025;