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Crítica | Código Preto

Por incrível que pareça, já são praticamente 8 anos desde que um filme dirigido por Steven Soderbergh não chegava aos cinemas nacionais, o último lançamento de um filme seu nas telonas por aqui havia sido “Logan Lucky”, em 2017. Nesse meio tempo, o cineasta passou por fases diferentes de sua carreira, inclusive fazendo alguns filmes inteiramente gravados com iPhone, e outras produções que eram exclusivas de streaming, sendo 7 filmes que por aqui só pudemos ver mesmo de forma online direto de casa, se é que se soube desses lançamentos. Felizmente 2025 vem para mudar as coisas e, honestamente, Soderbergh retorna em grande estilo com “Código Preto”, talvez um dos seus filmes mais consistentes das últimas duas décadas. Protagonizado por Cate Blanchett e Michael Fassbender e com um elenco coadjuvante de primeira, o filme mergulha no mundo da espionagem para contar a história de George (Fassbender), agente referência na inteligência britânica que é incumbido de descobrir quem é o traidor numa lista com 5 suspeitos que inclui sua própria esposa. Com cerca de apenas 93 minutos, o que melhor define o filme é dinamismo, porque é assim que a narrativa se desenvolve e consegue ser tão efetiva e envolvente no que parece tão pouco tempo para o tanto que é capaz.

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Roteirizado por David Koepp (“Indiana Jones e a Relíquia do Destino”), é bem verdade que “Código Preto” não deixa de ser simples, aliás, esse provavelmente é seu trunfo, saber trabalhar essa simplicidade com desenvoltura, onde o básico se faz suficiente para que o espectador morda a isca desse mistério, com personagens que, mesmo superficiais, são cativantes. É uma boa parceria do roteiro dar um fundamento suficiente para que o elenco possa trabalhar, e que a direção consiga extrair deles atuações que, por mais que não sejam memoráveis, cumprem seu papel dentro da narrativa. Alguns brilham mais que outros, é verdade, mas a partir da forma que Soderbergh e Koepp estruturam a narrativa é essencial que o elenco tenha essa química que exibe em cena. Aqui me refiro não somente aos protagonistas de Blanchett e Fassbender, mas aos coadjuvantes que tornam a história em algo extremamente prazeroso de assistir, num equilíbrio entre erotismo e sarcasmo que são puro deleite e fazem com que “Código Preto” se sobressaia até mesmo a clichês. O que sustenta também as reviravoltas da narrativa, que soam bastante orgânicas porque essas relações são -a sua maneira- funcionais, elevando essa caçada a algo que tem uma sobriedade e maturidade que recompensa o espectador sem desprezar sua inteligência e simultaneamente se fazendo divertido.

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E grande parte disso é responsabilidade de Steven Soderbergh e a montagem de “Código Preto”, sua direção e a forma como o filme é construído refletem uma marca autoral muito forte, e essa condução é que o transforma numa produção brilhante, luxuosa e requintada. Porque não importa se a narrativa têm suas conveniências e até obviedades, pois como Soderbergh vai conduzindo todo o desenrolar da história e a montagem nos envolve nesse mistério como uma parte integrante dele, nos recompensa com sequências que são não apenas sagazes, mas sedutoras e sem pudor algum de se assumirem como tais, criando uma jornada que faz “Código Preto” ser uma experiência inebriante.

Código Preto” – Trailer Legendado:

Código Preto” (“Black Bag”, 2025); Direção: Steven Soderbergh; Roteiro: David Koepp; Elenco: Cate Blanchett, Michael Fassbender, Marisa Abela, Tom Burke, Naomie Harris, Regé-Jean Page, Pierce Brosnan; Duração: 93 minutos; Gênero: Crime, Thriller; Produção: Casey Silver Gregory Jacobs; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 13 de Março de 2025;

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