“Anna – O Perigo Tem Nome” (“Anna“, 2019); Direção: Luc Besson; Roteiro: Luc Besson; Elenco: Sasha Luss, Luke Evans, Cillian Murphy, Helen Mirren; Duração: 119 minutos; Gênero: Ação, Suspense; Produção: Luc Besson, Marc Shmuger; País: França; Distribuição: Paris Filmes; Estreia no Brasil: 29 de Agosto de 2019;
“De Volta ao Jogo” (“John Wick“, 2014) foi um marco para o gênero de ação. Depois dele, uma gama de diretores tentou repetir o sucesso, com longas pautados em protagonistas dúbios, encarando as maiores adversidades, as resolvendo na violência mais teatral possível. Trata-se de uma violência tão catártica, que não deixa de ser um tanto que empoderadora. Na esteira disso, o cineasta francês Luc Besson, responsável por alguns clássicos do cinema como “O Quinto Elemento” (1997), realiza seu novo filme “Anna – O Perigo Tem Nome“, quase uma releitura da sua própria obra, querendo dar pleno empoderamento a uma protagonista, sem deixa-lá refém do designo de algum personagem masculino, algo recorrente em sua obra.
Não dá pra dizer que Besson não sabe fazer um cinema de entretenimento minimamente divertido, até agradável de se assistir. Só que “Anna” não consegue ir além do raso: O universo vasto que ele tenta construir soa tão apático quanto sua protagonista. Em um filme de personagem, é essencial que a coisa mais interessante em tela seja justamente a protagonista. A russa Sasha Luss, infelizmente, é tão apagada, carece de expressões. Acaba sendo ofuscada pela incrível Helen Mirren que, apesar da caracterização caricata, consegue brilhar em cena com pouco esforço.
A estória trata de Anna, uma jovem cansada da sua realidade miserável, nos subúrbios de Moscou. Ela é recrutada por um agente do serviço soviético (Luke Evans), em plena guerra fria, mudando de vida completamente. Apesar disso, a jovem sonha em ter seu arbítrio de ir e vir, realizar seus sonhos, em vez de missões assassinas. Em dado momento, entra em jogo um agente da CIA (Cillian Murphy), que tenta desbaratar os assassinatos encomendados pela KGB, com Anna sendo o alvo principal.
Todos os caminhos comuns de um filme deste tipo são seguidos, a risca. O roteiro tenta fazer vários ganchos “surpreendentes”, contudo pouco funciona. Luc Besson consegue dirigir cenas de ação empolgantes, diverte. Porém, não espanta e tão pouco impressiona. Depois do terceiro capítulo da franquia John Wick, o público alvo de tal filme espera ser arrebatado. “Anna” acaba soando como uma frustração, sobretudo por parecer um esgotamento na fórmula do cineasta francês.
Outro ponto bastante incômodo é o fato da ambientação parecer totalmente destoante da época retratada. Há uma direção de arte totalmente contemporânea. Se era pra agregar, acabou mesmo incomodando e soando bizarro, pois é carregado no “vintage”, algo meio cafona demais. Besson pode ter muito a oferecer, hoje só ofereceu um filme medíocre, que apesar de ser bom para passar o tempo, é esquecível no minuto seguinte ao seu término. Pena.