007 Contra Spectre: (Spectre); Direção: Sam Mendes; Roteiro: John Logan, Neal Purvis, Robert Wade e Jez Butterworth; Elenco: Daniel Craig, Léa Seydoux, Christoph Waltz, Ralph Fiennes, Monica Bellucci, Ben Whishaw, Naomie Harris, Andrew Scott; Produção: Barbara Broccoli, Michael G. Wilson; Gênero: Ação/Aventura; Estreia Mundial: 26 de Outubro de 2015; Estreia no Brasil: 05 de Novembro de 2015; Duração: 148 minutos; Classificação Indicativa: 14 Anos;
Sem dúvida, o grande o problema de 007 Contra Spectre reside na sua descarada tentativa de ser um Operação Skyfall Parte 2 – o que, em princípio, não deveria ser um erro, mas sim um grande acerto, afinal, a máxima sempre é não alterar o que dá certo. Entretanto, de nada adiantam as locações maravilhosas, a direção eufórica de Sam Mendes e a fotografia esplendorosa de Hoyte Van Hoytema se personagens são subaproveitados, se conexões malucas entre antagonistas são apresentadas e se, principalmente, o filme carece de um vilão que realmente coloque medo (e não adianta envolvê-lo em sombras durante a sua introdução se as suas atitudes não condizem com isso).
Tematicamente, Spectre continua a linha sombria trazida juntamente com a escalação de Daniel Craig e dessa vez a história se concentra em basicamente duas vertentes: Bond seguindo as tarefas que a antiga M deixou para ele executar e o novo M (Ralph Fiennes) tentando lutar politicamente contra o fim das operações de espionagens e, principalmente, contra o fim do programa 00. Como não poderia ser diferente, as investigações do agente acabam por chegar em Oberhauser (Christoph Waltz, de Grandes Olhos) que tem ligação com todos os vilões enfrentados nos dois últimos filmes de franquia. Então, adivinhem, 007 vai tentar matá-lo e salvar o dia.
Apesar dos clichês do gênero, Sam Mendes entrega uma direção redonda e exuberante, seja pelo maravilhoso plano sequência que introduz a fita, seja pelos excelentes enquadramentos os quais aproveitam as magníficas locações escolhidas. Porém, há cenas, ou melhor, há frações de cenas em que fica difícil de acreditar que foram realmente pensadas pelo diretor e, claro, me refiro a momentos em que um personagem antes de morrer, recebe um close, e fala “que merda”; ou quando depois de uma cena intensa de luta, Bond e seu interesse amoroso (vivido pela brilhante e subestimada pelo roteiro Léa Seydoux) começam a se beijar intensamente. São pequenos detalhes que simplesmente destroem a experiência. O mesmo pode ser dito do roteiro que, a despeito de apresentar um enredo crível e, de certa forma, bastante político ao abordar alguns temas atuais e relevantes, falha “lindamente” nos diálogos e em algumas resoluções de conflitos. Bond, por exemplo, profere 3 vezes, eu disse, 3 vezes a mesma fala. Além dele derrubar um helicóptero com um tiro em um dos (anti) clímax.
Por outro lado, a produção acerta, novamente, ao não investir em cenas desenfreadas de ação em que pouco se pode entender o que se passa em tela. As lutas são bem coreografadas e as perseguições, em sua maioria, são de tirar o fôlego, com destaque para o início da projeção na festa do dia dos mortos no México – a qual, por incrível que pareça, é a melhor sequência do longa. Também convém ressaltar o esmero com que a fotografia dirigida por Hoyte Van Hoytema foi concebida, sempre ousando na paleta de cores, nunca apelando para recursos óbvios. E, por fim, só por descargo de consciência, tenho de me referir aos efeitos especiais e a forma como eles auxiliam na narrativa de forma equilibrada, aparecendo somente quando necessário e não com o objetivo de explodir tudo ou de impressionar pela sua grandeza. Sam Mendes sabe quando utilizá-los e, principalmente, quando não utilizá-los.
007 Contra Spectre é um bom filme de ação e, sim, é exercício puro de gênero do início ao fim. Pode não ser memorável como obra completa, mas, sem a menor sombra de dúvida, tem momentos que ficarão no imaginário dos cinéfilos. Ademais, é uma excelente oportunidade de ver um diretor do calibre de Sam Mendes dando um show de enquadramento e, é claro, de como conduzir um blockbuster sem perder o seu estilo. Bem, que venham os próximos 007s com novo ator principal, nova equipe, porém, sem perder esse aspecto sombrio e, principalmente, sem deixar de lado as marcas técnicas que Mendes deixou na franquia.
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