Título original: Prozac Nation
Direção: Erik Skjoldbjaerg
Roteiro: Elizabeth Wurtzel, Galt Niederhoffer, Frank Deasy e Larry Gross
Elenco: Christina Ricci, Jason Biggs, Anne Heche, Michelle Willians e Jessica Lange
Produção: R.Paul Miller, Galt Niederhoffer e Brad Weston
Estreia mundial: 8 de Setembro de 2001
Gênero: Drama
Duração: 95 minutos
Classificação indicativa: 18 anos
O filme é baseado no best-seller americano de Elizabeth Wurtzel, também chamado de Prozac Nation, lançado em 1994. Assim, como no livro, a narrativa do filme acompanha os dramas psicológicos que acontecem com Elizabeth: a difícil relação com a mãe, a não relação com o pai, a sua entrada na universidade de Harvard no curso de Jornalismo, sexo, drogas, o refúgio na música e nas palavras, o afastamento de amigos e namorado, sessões de terapia, o inicio da utilização do Prozac como antidepressivo e sua retomada diante de seus potenciais e relações.
Geração Prozac, apesar de ser lançado em 2001, se mostra atual, pois nos remete a discutir a presença da medicalização na sociedade contemporânea. Assim, como no filme, é notável nos tempos atuais que o medicamento ocupa na vida das pessoas um status de salvador. De acordo com Oliveira (2013, p.1):
A cultura ocidental está marcada por uma convicção absoluta, onde prega que seja qual for o sofrimento, que se estabelece na vida humana, deve ser abolido a qualquer preço, tornando o uso abusivo de medicamentos mais constante.
Isso se deve praticamente a indústria farmacêutica e seu marketing de que tudo de resolve em um comprimido. No filme, pode-se acompanhar de maneira sucinta o começo dos testes com o Prozac, e como a médica conseguiu fazer Elizabeth a aderir ao sistema de “o remédio vai te ajudar a respirar”.
O fenômeno da medicalização da vida é latente na sociedade contemporânea. Em seu bojo está o crescimento acelerado da indústria farmacêutica, alocando a produção de medicamentos como o segundo setor mais rentável do mundo, como também o segundo em concentração de capital, competindo apenas com grandes bancos internacionais (MACHADO E FERREIRA, 2014, p.2).
Com isso se inicia a fomentação de remédios para doenças, transtornos, síndromes, para emagrecimento, para o sono. E dentre essas, se sobressai à depressão, que segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apresentados pelo canal CRIA SAÚDE do portal R7 (2015) estima-se que 350 milhões de pessoas, cerca de 5% da população mundial, sofram de depressão a cada ano. No Brasil cerca de 10% da população sofre de depressão, sendo que a maioria destas pessoas não sabe que está sofrendo de depressão. A consequência para estas pessoas é, geralmente, a falta de tratamento ou terapia pouco adaptada.
E a terapia se pautará em teorias e métodos, a fim de trazer o outro para refletir sobre suas vivências diante do sofrimento oriundo da depressão. Pode-se perceber essa colocação quando Elizabeth diante do assalto da mãe e da não ajuda de sua amiga, precisa começar a estar no controle de sua doença. Também é possível ver uma nova significação que ela dá para a sua vida quando adentra ao banheiro da médica para se cortar e não consegue realizar o ato, uma ação contra o corpo que a mesma realizava no início do filme.
A clínica tem trazido inquietantes manifestações subjetivas face à questão da transitoriedade. A depressão revela que o sujeito, predominantemente referenciado nas vicissitudes de sua crença narcísica, desfalece num sofrimento, marcado pela dificuldade de elaborar sua própria condição transitória. (PINHEIRO et.al. 2010, p. 11).
O sujeito que precisa TER e quando não consegue se isola e transmite suas frustrações para com as outras pessoas. Como a personagem Elizabeth, percebe-se pessoas em uma sociedade atual em que se impõe através de marcas, e para lidar com as vivências interiores acabam utilizando de medicalizações para amenizar a respiração de seus medos e anseios. E com isso, se encontram em dificuldades em se desconstruir para então poder se (re) descobrir.
Referência
CRIA SAÚDE – R7. Estatísticas Depressão. 2015. Disponível em: http://www.criasaude.com.br/N2758/doencas/depressao/estatisticas-depressao.html>. Acesso em: 03 Julho. 2015.
MACHADO, Letícia Vier; FERREIRA, Rodrigo Ramires. A indústria farmacêutica e psicanálise diante da “epidemia de depressão”: respostas possíveis. Psicol. estud., Maringá , v. 19, n. 1, p. 135-144, Mar. 2014 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722014000100015&lng=en&nrm=iso . Acesso em: 3 Julho. 2015.
OLIVEIRA, Aislane. Geração Prozac – Medicalização da Vida. 2013. Disponível em: < http://ulbra-to.br/encena/2013/12/16/Geracao-Prozac-Medicalizacao-da-Vida> . Acesso em: 03 Julh. 2015.
PINHEIRO, Maria Teresa da Silveira; QUINTELLA, Rogerio Robbe; VERZTMAN, Julio Sergio. Distinção teórico-clínica entre depressão, luto e melancolia. Psicol. clin., Rio de Janeiro , v. 22, n. 2, p. 147-168, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652010000200010&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 03 Julho. 2015.