Em 15 de janeiro de 2009, momentos após o Voo 1549, da US Airways, decolar do Aeroporto LaGuardia, de Nova York, com destino a Charlotte, Estado da Carolina do Norte, a aeronave foi atingida por um imenso bando de gansos, e dois motores pararam de funcionar. Com meros segundos para agir, o Capitão Chesley “Sully” Sullenberger deslizou sua aeronave avariada sobre as frias águas do Rio Hudson e salvou a vida dos 155 passageiros a bordo. O mundo foi testemunha do “Milagre sobre o Hudson”. Entretanto, mesmo que Sully tenha sido aclamado pelo público e pela mídia por sua proeza antes nunca vista e sua destreza profissional, abriu-se uma investigação para averiguar os fatos, o que se tornou uma ameaça para sua reputação e sua carreira.
Do diretor Clint Eastwood (Sniper Americano, Menina de Ouro), o aguardado drama Sully: O Herói do Rio Hudson conta a comovente história real do experiente piloto cuja bravura frente a uma situação crítica e humildade frente às consequências de sua coragem foram uma inspiração para o mundo inteiro. Tom Hanks (Ponte dos Espiões, Forrest Gump – O Contador de Histórias) interpreta o papel-título, do Capitão Chesley “Sully” Sullenberger, ao lado de Aaron Eckhart (Batman – O Cavaleiro das Trevas) no papel do copiloto de Sully, Jeff Skiles, e de Laura Linney (A Família Savage, Kinsey – Vamos Falar de Sexo) no papel de Lorrie Sullenberger, a esposa de Sully. O filme tem produção de Eastwood, Frank Marshall, Allyn Stewart e Tim Moore, com Kipp Nelson e Bruce Berman na produção executiva.
No best-seller “Highest Duty: My Search for What Really Matters”, co-escrito com Jeffrey Zaslow (no qual o roteiro do filme, de Todd Komarnicki, é baseado), “Sully” Sullenberger revisita os seus pensamentos naqueles fugidios poucos segundos que se seguiram ao ataque das aves: “Eu soube imediatamente o que aquilo representava para nós. Eu sabia que seria o voo mais arriscado, a crise mais desafiadora, o dia mais difícil da minha vida. Mas eu estava confiante de que encontraria uma solução. Estava confiante de que eu poderia usar tudo o que eu sabia e de alguma maneira resolver um problema de cada vez até que finalmente nós tivéssemos resolvido todos eles. Eu só não sabia, no início, exatamente que tipo de problemas seriam”.
Confira aqui 20 fatos fascinantes que celebram a vida e a carreira extraordinárias do homem notável por trás do “Milagre sobre o Hudson”.
- A primeira faísca que deu origem à longeva paixão de Sully por voar foi acesa aos cinco anos, quando ele acompanhava a inspiradora visão da decolagem de jatos da Base da Força Aérea de Perrin, atualmente desativada, próxima à casa em que viveu sua infância, em Denison, no Texas. Muitas décadas depois, ele seria mentor de crianças que compartilham seu amor pela aviação como um dos diretores do programa Jovens Águias, da EEA – Associação Experimental de Aviação.
- O primeiro voo de Sully foi aos 16 anos, e até agora seu amor pela aviação continua no ar. Mesmo depois de se aposentar como piloto comercial, ele continua a voar apenas por prazer. “Eu nunca tive um Plano B, eu não sei o que eu faria se eu não pudesse voar”, admite o piloto-herói.
- Conquistando sempre os primeiros lugares durante toda sua formação, Sully diplomou-se pela Academia da Força Aérea de Colorado Springs, no Estado do Colorado. Mas estava relutante em se apresentar na Academia com seu característico – e arrastado – sotaque texano. Dedicou então horas e horas de sua juventude estudando o recém-lançado programa de notícias da NBC, The Huntley-Brinkley Report. Sully brinca que deve até hoje ao apresentador do programa a cadência de sua fala atual.
- Durante o primeiro ano na Academia da Força Aérea, Sully começou a dar forma a suas habilidades de pouso – que ele iria utilizar quatro décadas depois na aterrisagem forçada no Rio Hudson: ele cursou o Programa Universitário de Cadete Planador, tornando-se piloto instrutor ao final do ano. Após sua graduação em 1973, ele recebeu o Prêmio de Excelência de Cadete em Pilotagem, dado para o melhor piloto de cada classe de graduação.
- Em 1975, Sully completou o tempo de treinamento como piloto de jato, e nos próximos cinco anos serviu a Aeronáutica como piloto de caça, voando jatos F-4 Phantom. Baseado na América do Norte e na Europa, ele passou a líder de voo e oficial de treinamento, chegando ao posto de Capitão.
- Além de ser bacharel em Psicologia pela Academia da Força Aérea, Sully tem ainda outros dois Mestrados – de Psicologia Industrial pela Universidade Purdue, onde também foi reconhecido com o título de Doutor Honorário em Letras; e de Administração Pública pela Universidade da Carolina do Norte.
- Em 1980, Sully foi contratado pela Pacific Southwest Airlines e tornou-se piloto da US Airways quando a empresa comprou a Pacific Southwest, em 1986. Como piloto comercial, ele sempre foi guiado por um profundo comprometimento com a segurança e um contínuo amor por sua profissão. Depois de quatro décadas no ar, ele tinha registrado mais de 20 mil horas de voo quando seus instintos como piloto foram submetidos ao maior teste de todos, em 15 de janeiro de 2009.
- Quando as imagens do “Milagre sobre o Hudson” começaram a circular em todo o mundo, a esposa de Sully, Lorrie Sullenberger, lembra que “milhares de cartas começaram a chegar em nossa casa contando as mais extraordinárias histórias de milhares de pessoas”.
- Ao compartilhar com o mundo um raio de esperança ao final de uma década marcada por notícias internacionais de eventos tão sombrios, o experiente piloto e sua excepcional tripulação – composta pelo copiloto Jeff Skiles e as aeromoças Doreen Welsh, Sheila Dail e Donna Dent – foram celebrados como heróis e ovacionados de pé durante o popular e badalado pré-show do Superbowl XLIII.
- Sully ocupou a segunda posição na prestigiosa lista dos 100 Heróis e Ícones Mais Influentes de 2009, da “Time Magazine, perdendo apenas para a primeira dama Michelle Obama; ele foi convidado para lançar a primeira bola no jogo de abertura da Liga Profissional de Baseball Americana no mesmo ano, pelo San Francisco Giants, e usou uma camisa do uniforme do time com seu agora famoso apelido e o número 155 nas costas; a página do Facebook de Sully recebeu mais de 600 mil “likes”. Mesmo assim, Sully prefere reconhecer os esforços de todos envolvidos no pouso, e não ficar com os confetes apenas para si. “Todos nós, juntos, trouxemos nossas melhores sugestões e fizemos nosso trabalho com excelência, e foi isso que salvou as nossas vidas. Eu acredito que será assim que nós sempre vamos nos lembrar daquele voo e daquele dia. Nós temos muito a agradecer e muito para celebrar”, afirma.
- Nos bastidores da indústria da aviação, Sully foi várias vezes convocado para defender suas ações no pouso no Rio Hudson frente à NTSB – Agência Nacional de Segurança nos Transportes, ao longo de uma investigação de mais de 18 meses visando desconstruir a cadeia de eventos que levou à perda de uma aeronave de mais de US$ 60 milhões – período em que o piloto foi assombrado por pesadelos sobre o que poderia ter acontecido e o que certamente teria acontecido se ele não confiasse em seus instintos. Apesar disso, ele entendeu perfeitamente a gravidade e importância da investigação da NTSB, já que tinha sido, ele próprio, investigador de acidentes para a Força Aérea Americana e para a Associação de Pilotos de Aeronaves.
- Após a conclusão da investigação da Agência Nacional de Segurança nos Transportes, toda a tripulação do Voo 1549, da US Airways, foi honrada com a Grande Medalha, conferida pela Liga de Pilotos Aéreos (The Honourable Company of Air Pilots), que incorpora a Liga de Navegadores do Ar.
- Em fevereiro de 2009, Sully foi convocado ainda para depor frente ao Congresso Americano, e aproveitou a oportunidade para falar de outras questões que afetaram a indústria da aviação naquela década. Sully afirmou: “Na minha experiência pessoal, a decisão de permanecer na profissão que eu amo teve um alto custo financeiro para mim e para minha família. Meu pagamento teve redução de 40%, minha pensão, como a maioria das pensões de pilotos aéreos, foi extinta e substituída por um plano de aposentadoria que vale centavos de um dólar”. O piloto concluiu seu testemunho alertando para o fato de que “a perda de pilotos experientes nas companhias de aviação pode, em última análise, comprometer a segurança dos passageiros”.
- Depois de uma necessária ausência da vida pública, Sully celebrou seu retorno aos voos comerciais ao lado do copiloto Jeff Skiles para honrar a parceria que um especialista em aviação descreveu como “uma peça magnífica do profissionalismo na aviação”. Ele iria voar uma última vez com Skiles, pouco mais de um ano após o famoso incidente, quando a dupla realizou o voo de despedida de Sully antes da aposentadoria, em 2010.
- Os funcionários da Biblioteca da Universidade Estadual da Califórnia, em Fresno, que testemunharam o “Milagre sobre o Hudson”, como o mundo todo, ficaram chocados ao receber um telefonema do próprio Capital Sullenberger referente ao livro “Just Culture: Balancing Safety and Accountability” (Uma Cultura: O Balanço Entre Segurança e Prestação de Contas). O volume, que Sully tinha emprestado por meio de sua biblioteca local, perdeu-se porque estava no avião vítima do acidente aéreo. Comovidos com a preocupação do piloto em saldar as taxas referentes ao atraso da entrega do livro, mesmo nas circunstâncias extraordinárias em que o volume foi perdido, os funcionários da Biblioteca fizeram a sua particular homenagem a Sully: perdoaram a dívida e colocaram uma dedicatória ao Capitão no livro que substituiu o exemplar perdido.
- Um defensor feroz e vitalício da segurança dos voos e do preparo da tripulação, Sully continua seus esforços para proporcionar a evolução e eficiência das práticas e protocolos da indústria, que incluem: o desenvolvimento e a implementação do Curso de Gestão da Tripulação, na US Airways, do qual é professor; a contribuição para o desenvolvimento de protocolos de segurança para a nova gestão do Conselho Consultivo da Administração Federal da Aviação, a FFA; a produção do premiado vídeo do programa de treinamento “Miracle of the Hudson: Prepare for Safety” (O Milagre sobre o Hudson: Preparação para a Segurança), do qual é o protagonista.
- Logo após se aposentar oficialmente como piloto comercial, em março de 2010, Sully fundou a companhia Safety Reliability Methods Inc., consultoria de desempenho e confiabilidade. Ele ampliou sua assessoria para além da indústria da aviação para compartilhar sua paixão, experiência e seu conhecimento com outras áreas de negócios. Sully se tornou um disputado conferencista, e tem dado palestras em variadas instituições em todo o mundo sobre segurança, gestão de crise, liderança e viver com integridade.
- O esforço da juventude de Sully – de aprimorar sua fala para soar como um apresentador de notícias da televisão antes de entrar para a Academia da Força Aérea – lhe garantiu mais uma conquista: em 2011, ele foi contratado pela CBS como o comentarista oficial de aviação e de segurança da rede de televisão.
- Seu livro de memórias, “Highest Duty: My Search for What Really Matters” (O Dever Maior: Minha Procura Pelo que Realmente Importa”), coescrito com Jeffrey Zaslow, tornou-se um best-seller do prestigiado jornal “New York Times” quando publicado, em 2009, seguido pelo igualmente bem-sucedido “Making a Difference: Stories of Vision and Courage from America’s Leaders” (Fazendo a Diferença: Histórias de Visão e Coragem de Líderes da América), publicado em 2012.
- Tantos anos depois, e a paixão de Sully por voar é sempre a mesma. “Foi algo que deu sentindo e propósito para a minha vida, com grande satisfação. Tem sido muito divertido ter me tornado particularmente bom em algo que é muito difícil de se fazer bem”, conclui o Capitão Chesley “Sully” Sullenberger.
Da Warner Bros. Pictures, em associação com a Village Roadshow Pictures, Sully: O Herói do Rio Hudson, de Clint Eastwood, estreia nos cinemas do Brasil no dia 1º de dezembro.