Chegamos na semana do Emmy, considerado prêmio maior da televisão americana, há muita expectativa nesse ano para saber quem vai preencher o vácuo deixado por Breaking Bad com seu término. Será que finalmente chegou a hora de se render a Mad Men? E em comédia, é hora de mudar e ir na moderna Transparent, ou seguir com a cada vez mais quadrada Modern Family? São algumas indagações difíceis de se prever, ao contrário do Oscar, o Emmy não segue tendências de outras premiações, seus votantes tendem a votar se baseando em seus próprios gostos pessoais, deixando de lado muitas vezes a qualidade, além de adorarem premiar uma estrela, seus amigos ou quem eles “vão com a cara”. É complicado, mas o clima introspectivo de uma premiação é irresistível, por mais que não concorde com tudo, como a ausência de Masters of Sex na categorias principais, é gritante a superioridade de Michael Sheen diante de um Jeff Daniels (The Newsroom) fazendo o mais do mesmo. Igualmente perturbador como os americanos não compreenderam o humor refinado de “Grace & Frankie”, contemplando apenas Lily Tomlin com uma nomeação ao prêmio de melhor atriz em comédia, criminoso Jane Fonda não estar concorrendo junto na categoria.
Foi uma surpresa eles terem ovacionado “Unbreakable Kimmy Schmidt”, talvez seja pela criadora Tina Fey, a série é divertidinha, mas bem bobinha, seu ponto maior são os coadjuvantes indicados, num mundo correto Tituss Burgess seria favorito na categoria de ator coadjuvante em comédia. Game of Thrones permanece liderando indicações, teve sua temporada mais irregular de todas, porém com os três episódios finais extremamente marcantes que mudaram o curso da série. Posso me enganar, porém me parece ser o ano do Emmy enfim contemplar a produção da HBO, além de alguns prêmios adicionais como atriz coadjuvante, onde Lena Headey tem tudo para se consagrar graças a seus momentos finais como Cersei, caminhando pelada em meio a humilhação pública (cena que foi gravada com dublê). Tem como resistir? Pois, parece que não. “Better Call Saul” poderia preencher o vazio deixada por seu produto original, mas é coisa mais do Globo de Ouro fazer esse tipo de coisa, no máximo Jonathan Banks leva prêmio de coadjuvante, visto ter tido uma participação marcante.
E a Netflix, sai com alguma coisa? Difícil dizer. Me parece que os americanos não processam “House of Cards”, parecem não aceitar a visão Maquiavélica de si mesmo, pena. Seria ótimo ver Kevin Spacey ou Robin Wright saindo com algum prêmio em mãos… Falando na categoria de atriz, a esnobada em Julianna Marguilles, duas vezes vencedora por “The Good Wife”, é sentida, parece que eles estão se desencantando cada vez mais com a série, que aliás nunca tive saco pra assistir por sua duração longa e gigantesco número de episódios por temporada, sem querer diminuir sua qualidade. Acredito ser possível uma surpresa na categoria. Em ator de drama, não boto fé que Jon Hamm enfim leve seu Emmy, mas nunca se sabe… É bom ver Kyle Chandler e Ben Mendelsohn (ambos de Bloodline) nomeados, em performances difíceis e sensacionais! Um parênteses rápido aqui: amo Downton Abbey, sei que muita gente não gosta, mas meu coração fica tranquilizado vendo a série indicada, fico na torcida por Joanne Froggatt, mesmo sendo remotas as chances.
Na parte de comédia, seria injusto ver Julie Louis-Dreyfus (Veep) ganhar novamente, ela é incrível, porém está na sua temporada mais fraca… Lisa Kudrow encontra-se hipnótica em “The Comeback”, mas tenho a impressão que ninguém deu muita moral pra série e quem deu não embarcou muito. Ator cômico não tem pra ninguém, é Jeffrey Tambor numa atuação singular por sua sensibilidade, merece todos os prêmios existentes. Aliás,“Transparent” merece sair com todos os prêmios a qual foi indicado, é uma das séries mais inventivas dos últimos tempos, um tapa na cara do mais do mesmo (leia-se Modern Family). Nas categorias de minissérie e telefilme, me parece ser barbada a HBO levar depois de um Globo de Ouro frustrante, não vi “Bessie”, mas não parece haver contraponto em telefilme. Já em Minissérie, Olive Kitteridge pode esbarrar com “The American Crime”, uma supresa. Ao menos Frances Mcdormand tem leve favoritismo pra levar melhor atriz, não só digno como necessário. Adoraria ver Richard Jenkins fazendo dobradinha com sua parceira de cena e levando ator, mas não creio. A parte de coadjuvantes de telefilme/minissérie me parece ser de “American Horror Story: Freak Show”, apesar das críticas à temporada, o Emmy já mostrou seu amor pelas criações de Ryan Murphy.
Enfim, tudo pode acontecer, surpresas, barbadas ou simplesmente nada mude, mas fica aqui a torcida para que os votantes acertem. Minhas apostas logo abaixo, lembrando que o Emmy será exibido no próximo domingo, dia 20 de setembro.
Melhor série dramática: Game Of Thrones
Melhor ator dramático: Kevin Spacey, House Of Cards
Melhor atriz dramática: Viola Davis, How to Get Away With Murder
Melhor ator coadjuvante em seria dramática: Jonathan Barks, Better Caul Saul
Melhor atriz coadjuvante em série dramática: Lena Headey, Game Of Thrones
Melhor roteiro em série dramática: David Benioff e D.B. Weiss, Game Of Thrones
Melhor direção em série dramática: David Nutter, Game Of Thrones
Melhor série cômica: Transparent
Melhor ator cômico: Jeffrey tambor, Transparent
Melhor atriz cômica: Julie Louis-Dreyfus, Veep
Melhor ator coadjuvante em série cômica: Ty Burrell, Modern Family
Melhor atriz coadjuvante em série cômica: Anna Chlumsky, Veep
Melhor roteiro série cômica: Jill Soloway, Transparent
Melhor direção série cômica: Jill Soloway, Transparent
Melhor Telefilme: Bessie
Melhor atriz em minissérie ou telefilme: Frances Mcdormand, Olive Kitteridge
Melhor ator em minissérie ou telefilme: David Oyelowo, Nightingale
Melhor atriz coadjuvante em minissérie ou telefilme: Sarah Paulson, American Horror Story: Freak Show
Melhor Ator coadjuvante em minissérie ou telefilme: Finn Wittrock, American Horror Story: Freak Show
Melhor roteiro para telefilme ou minissérie: John Ripley, American Crime
Melhor direção para telefilme ou minissérie: Lisa Cholodenko, Olive Kitteridge
Melhor Minissérie: Olive Kitteridge
1 Comment
Renan Santos
Criminoso é The Affair ter sido completamente esnobado. Acho que ficou entalado na garganta dos votantes do Emmy um affair visto de maneira otimista!
Atris de comédia vai ser uma das Amys, a Schumer por importância social ou a Poehler pelo último ano brilhante de Parks and Recreation. Acho que vai dar Better Call Saul (ou finalmente House of Cards), Transparent (mas não tiraria Silicon Valley da corrida) e minissérie acho que dá American Crime.