Título Original: Olmo & the Seagull

Direção: Petra Costa e Lea Glob

Roteiro: Petra Costa e Lea Glob com colaborações de Martha Kiss Perrone, Mara Pessoni e David Barker

Elenco: Olivia Corsini e Serge Nicolaï

Produção: Charlotte Pedersen, Luís Urbano e Tiago Pavan

Gênero: Drama/Documentário

Estreia no Brasil: 05 de Novembro de 2015

Duração: 87 minutos

Classificação Indicativa: 12 Anos

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Olmo e a Gaivota é um daqueles filmes em que é difícil tentar expressar em palavras o que se sente durante a projeção. Desde sua proposta, até sua execução são oferecidos uma série de subsídios para que o espectador reflita sobre assuntos que vão do existencialismo até a mais simples e comum busca pela felicidade não só pessoal, mas de todos ao seu redor. E o resultado dessas combinações é algo singular.

Na trama acompanhamos a história de Olivia, atriz que se prepara para interpretar A Gaivota, de Tchekov. Quando o espetáculo inicia seu processo de sair do papel para se tornar realidade, a protagonista e o seu companheiro Serge, descobrem que ela está grávida. Passada a euforia e as comemorações, Olívia é forçada a ficar em casa de repouso durante todo o período gestativo por causa de uma hemorragia interna. Assim inicia-se um rito de questionamentos em relação ao seu futuro tanto pessoal, quanto profissional, visto que os seus desejos de liberdade e de sucesso na sua carreira começam a ser limitados pelas atribuições que a gravidez acaba impondo.

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As diretoras Petra Costa e Lea Glob propõem um narrativa ousada, imiscuindo ficção com realidade, visto que, os personagens, de fato estão interpretando eles mesmos, Olívia está grávida, é atriz e precisa abdicar momentaneamente de sua carreira em função da gravidez arriscada. No entanto, a película, até boa parte da projeção, não se apresenta com aspirações documentaristas. Aliás, esse misto de quimera com veracidade é o que faz Olmo e a Gaivota ser tão contemplativo e, principalmente, ser uma jornada que leva o espectador para dentro das reflexões propostas. Não é à toa, portanto, o fato dos protagonistas serem do teatro – profissão que vive em constante conciliação entre a vida real e a vida em cima do palco.

Ademais, o longa explora o universo feminino e suas inquietações, especialmente no processo de gravidez, juntamente com as mudanças que vão ocorrendo inevitavelmente no corpo. Olívia vivia em constante questionamento sobre o que estava fazendo, por que deveria ficar em casa, por que deveria abrir mão de sua carreira, por que ela era tratada como doente, quando, na verdade, ela estava bem. Todavia a questão principal é lidar com as limitações impostas (representada na figura do Olmo e seu crescimento a partir das raízes) e com as liberdades pretendidas (representada na figura da gaivota que é livre para voar para onde quiser). Mas já aviso, a resposta para todas essas perquirições não será explicitamente respondida pela película – e é aí que entra a poesia e a beleza dessa produção.

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Em suma, Olmo e a Gaivota é um filme de múltiplas camadas, instigante e, principalmente, sensorial. É um convite para pensarmos na vida, nos nossos objetivos, nas nossas angústias, nos nossos medos e, por fim, questionarmos o que é realidade, quem faz parte dela e, particularmente, se somos atores interpretando papeis impostos pela sociedade ou se somos criadores e pensadores do próprio caminho trilhado.

TRAILER LEGENDADO

About the author

Editor-Chefe do Cine Eterno. Estudante apaixonado pelo universo da sétima arte. Encontra no cinema uma forma de troca de experiências, tanto pelas obras que são apresentadas, quanto pelas discussões que cada uma traz. Como diria Martin Scorsese "Cinema é a importância do que está dentro do quadro e o que está fora".

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