Direção: Julio Santi
Roteiro: João Segall e Julio Santi
Elenco: Bruno Garcia, Malu Rodrigues, Leopoldo Pacheco, Denise Weinberg, Fabio Takeo
Produção: Rita Buzzar e Vinicio Espinosa
Estreia: 23 de Junho de 2016
Gênero: Terror/Suspensa
Duração: 88 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Desde quando fiquei sabendo da existência de O Caseiro, confesso que fiquei deveras animado. Filme de terror sobrenatural brasileiro chegando aos cinemas, não tem como não ficar orgulhoso, principalmente para um fã aberto do gênero como eu. Eis que a projeção se inicia e, com o passar dos minutos, introdução de personagens, um susto ali, um susto lá, a minha decepção foi aumentando exponencialmente. Com efeito, não criei expectativa alguma, visto que as chances de a fita ser boa ou ruim são sempre iguais, mas nunca vamos assistir algo com a convicção de que não será satisfatório, sempre esperamos o melhor. Infelizmente O Caseiro não merece qualquer voto de confiança.
Davi (Bruno Garcia) é um professor de psicanálise cujo principal objeto de estudo é refutar fenômenos sobrenaturais por meio de explicações psíquicas. Um dia, após uma aula, ele é abordado por Renata (Malu Rodrigues), que pede ajuda para entender os fenômenos estranhos que estão ocorrendo na casa de sua família. Desde objetos sumindo e aparecendo em outros cômodos, até marcas de batidas nos braços da caçula Júlia (Bianca Batista): a vida na casa do pai dela, Rubens (Leopoldo Pacheco), não está nada fácil. Davi, intrigado com a situação, decide atender ao pedido e vai passar um final de semana nesta residência. E, claro, que o capiroto está solto. Todos acham ser um fantasma do caseiro que se suicidara há mais de 40 anos.
Tecnicamente a película é muito bem feita: a direção é inteligente; os efeitos e as trucagens para criar uma atmosfera de medo são eficientes; a direção de arte como um todo é deslumbrante. No entanto, a história é chata, é desinteressante e decepcionante. Tudo começa muito bem, somos apresentados ao caseiro, depois corta para o protagonista, depois vai para família e o fôlego vai caindo lentamente, ao ponto de trinta minutos de filme parecerem duas horas. Isso evidencia uma falha na montagem que, em vez de ir intercalando entre os diferentes núcleos e ir avançando a narrativa, acaba seguindo uma linha reta. E como o roteiro não sustenta muito bem os personagens é claro que as coisas começam a demorar para passar.
Além disso, quando o elenco infantil chega em tela, os arrepios começam (e não é de medo, mas de vergonha mesmo). As crianças parecem estar falando um texto decorado, não há emoção e, muito menos, medo. O mesmo pode ser dito de Leopoldo Pacheco que, sim, é um excelente ator e, aqui, não mostra nenhum diferencial. E isso era essencial principalmente porque seu personagem é apresentando sempre de forma dúbia, então ele precisava ser mais enérgico no seu trabalho. Bruno Garcia, por outro lado, consegue levar praticamente o filme nas costas, mas não consegue fazer muito milagre, por causa do resto de elenco deficitário.
Enfim, se fosse para definir o Caseiro em uma palavra, esta seria decepção. Havia potencial para entrega de um excelente suspense cumulado com terror, com pitadas de sobrenatural e muito susto. Todavia, a produção cai na mesmice, mal e porcamente conseguindo tornar os clichês do gênero eficientes, isso sem falar no final com direito a um plot twist tão previsível como um final de comédia romântica. É uma pena. Em quase todos os sentidos.
TRAILER
https://www.youtube.com/watch?v=u6aBW2VaBh8